E ele simplesmente disse que não
sentia minha falta. Depois do sexo. “Mas, o sexo foi bom”. Eu entendi que
poderia ser uma boa prostituta, ao invés de uma boa “namorada” ou a “mulher
amada”. Não sei se deveria representar algum papel. Depois de um final de
semana maravilhoso na praia, em uma cabana com banheira, muitos carinhos e
risos, ele fica “ausente” uma semana e diz depois que não entendia porque não
sentia vontade de me ligar, talvez não gostasse mesmo de mim. Queria um tempo
para pensar. Eu fiquei lá, me revoltei, falei. Cansada de ser boazinha. Ah esse
papel da boazinha me cansou. Nessa hora eu vi que esse desejo de ser boa, essa
ideia de amor tranquilo, amigo, preocupado, é balela. Então eu quis gritar,
sair correndo. Diante da dúvida, fiquei. Poderia ter ido embora. Deveria? Não
sei. Fomos comer uma carne assada, engoli minha raiva junto com a farofa, a
carne e a maionese. E pra descer bem direitinho, tomei uns quatro copos de
cerveja. E desceu. Mas é óbvio que desceu rasgando. Depois, durante os outros
dias fizemos amor, saímos, namoramos e não falamos mais disso. Deu a entender
que as palavras antes ditas haviam desaparecido. Na última noite, num bar
mexicano, falamos coisas banais. E falamos de nós. Deu a entender que a
história continuaria apesar do que foi dito. Fiquei pensando no meu modo de ser
e na necessidade de mudar meu modo de agir com ele. Não por ele, mas por mim. E
pensei, sobretudo, na necessidade de mudar meu modo de agir comigo. “Não, sua
boba. Ele não vai te amar mais se você for boazinha e estiver sempre lá”.
Então, melhor ser a praga que eu sei ser. Melhor deixar que ele pense o que
quiser e que fique se assim o quiser. E também que parta, pelas razões que
quiser.
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