segunda-feira, outubro 30, 2006

Paciência

Eu espero você chegar novamente.

Meu coração está aberto?

Eu espero, mas não sei o que esperar...

Espero que você me olhe

Mas não me julgue.

Espero um sorriso há dias.

Espero não haver mágoa nos seus lábios.

Espero sua pele.

Mas não sentir um toque de dor.

Não sei mesmo o que esperar.

Espero sentir seus pelos

Que eles se arrepiem pra mim

Mas não de medo.

Espero uma mordida cravada em meu pescoço

Por me desejar tanto, querer me engolir

Não por não conseguir dizer que fiz algo errado e que doeu.

Espero sua sombra em cima do meu corpo

Reflexo da luz da lua entrando pela janela do quarto

Mas não a sombra da sua ausência.

Estou aqui paciente

sei que não vai ser como antes.

Mas que seja um novo começo.

Meu coração está entreaberto: feliz e temeroso.

A paciência é esta luta contra as expectativas.

Gostaria de ter a paciência de abrí-lo por inteiro.

E aceitar seu julgamento, sua mágoa, sua dor, seu medo, sua desaprovação

Mas nunca,

A sua falta

segunda-feira, outubro 23, 2006

A desilusão da festa à fantasia


A FANTASIA QUE EU PEGUEI ERA TUDO. O PROBLEMA ERA O CARA QUE VEIO JUNTO...

Eu fui a uma festa à fantasia nesse fim-de-semana. E estava muito legal. Tinha piratas, batmans, encanadores, príncipes encantados, vampiros... enfim, todo tipo de fantasia que sua mente feminina pervertida possa imaginar – e desejar.

Já flertando com um marujo, lá pelas tantas, uma das minhas taras mais fortes materializa-se na minha frente: “deus te abençoe, minha filha”. Um padre.

Puta merda! Um padre! De batina e terço! Jesus! Bem ali, na minha frente...

É óbvio que era o padre mais cambaleante e tosco que poderia existir: bêbado, de óculos de sol, girando o terço no ar e batizando todo mundo que aparecia na sua frente com a vodka que estava entornando enquanto andava.

Mas, tudo bem. Era um padre. Estava ali, facinho, facinho.

E eu, aluninha de colégio de freiras, sainha de pregas, mochilinha de bichinho e lacinhos vermelhos... precisava me confessar.

“Padre, preciso me confessar, porque pequei. Estou tendo pensamentos impuros. Preciso de absolvição”.

O legal de festas à fantasia é que, depois de uma garrafa de saquê, você assume sua fantasia. E o padre resolveu me levar pro canto e me ajudar a conter os desejos insanos que passam na cabeça de uma adolescente virginal que chupa pirulito vermelho em forma de coraçãozinho.

Acontece que a tal adolescente estava possuída. E tascou um beijaço na boca do padre que durou uma meia-hora.

E o padre começou a falar umas coisas bem sacanas pra tal adolescente possuída que ficou mais endemoniada ainda. Baixaria total. Mas, quem liga? É uma festa à fantasia!

Só sei que, depois de algum tempo, de alguma forma, estávamos quase nos comendo em cima do balcão do bar.

E na minha cabeça estávamos no altar da igreja, com fiéis olhando chocados por todos os lados. Dois filhos do capeta que iam direto pro inferno. É. Tudo estava inacreditavelmente bom...

Até que o cara resolve me convidar pra ir pro banheiro da festa. E a minha fantasia começou a desabar.

PUTA QUE PARIU! Banheiro podre de festa em bar? Fala sério! Qual o problema dos homens? Que saco.

Falei que não e já desencantei. Descobri que tinha perdido meu brinco no meio da pegação. PUTA QUE PARIU! O brinco que eu mais gostava! Resolvi começar a procurar.

Quando voltei, sem sucesso e sem brinco, o padre tinha tirado a batina. PUTA QUE PARIU! Era só um cara normal de calça jeans e camiseta branca!

Minha amiga resolveu convidar o padre pra nos acompanhar no lanchinho de fim de night. PUTA QUE PARIU! Eu quero que esse cara vá pra casa! Dele! Sem mim!

Saímos pra rua, pra pegar o carro, com o ex-padre que insistia em continuar me agarrando. PUTA QUE PARIU! Já tava de dia! Eu odeio voltar pra casa de dia!

Paramos no mc donalds e eu quis ficar no carro porque tava cansada, frustrada, de porre passado, chata pra caralho e só queria ir embora. O ex-padre entendeu isso como “vamos transar no estacionamento do mc donalds à luz do dia, dentro do carro?’ e começou a me atacar novamente! PUTA QUE PARIU!

Caro padre falso: eu não vou dar pra você aqui. É de dia. É estacionamento. É carro. Eu tou cansada. Vai lá comer batata com seus amigos, vai...

Finalmente, ele se foi. E eu dormi no carro, feliz.

Depois, minha amiga me perguntou qual foi o problema. Porque eu estava tão feliz com o cara lá na festa...

E eu expliquei: lá na festa, eu estava pegando uma fantasia. No final, quando o porre passou, a fantasia desmontou e a luz do dia deixou tudo mais claro, eu percebi que tinha um cara junto da fantasia. Aliás, a fantasia tinha era sumido. Só sobrou o cara. E, caras, tem em qualquer canto. E eu queria era o padre! PUTA QUE PARIU!

domingo, outubro 08, 2006

Ascensão e Queda de uma Paixonite Aguda - parte I

Está diagnosticado: foi uma paixonite. E paixonite, quando aguda, é grave. Trata-se de inflamação do cérebro e do tecido cardíaco. Causa falta de ar, batimentos cardíacos acelerados, frio na barriga, entre outros. Mas o pior mesmo são os efeitos psicológicos: euforia exacerbada, alternada com estágios de profunda depressão e confusão mental. Muitas vezes, há percepção alterada da realidade, culminando em alucinações que podem ser fatais - para os seus próximos relacionamentos...

Devemos ser honestas. Em primeiro lugar, se você fizer tudo errado, provavelmente sua paixonite vai acabar mal. Se você fizer tudo certo, provavelmente também vai acabar mal. Então aperte a tecla foda-se e entregue-se. Durante a paixonite, tudo vai ficar bem.

Depois de passados os efeitos alucinógenos, é como um porre. No dia seguinte – ou, depois da paixonite – você vai ver que fez um monte de merdas. Não necessariamente relacionadas à paixonite, mas a como vai ser sua vida daqui pra frente – sem a paixonite.

Das merdas que tendemos a fazer, a pior delas é não ficar com os ficantes usuais. Ou com aqueles que aparecem durante a paixonite. Porque você está lá, achando que encontrou seu príncipe encantado... e, não quer ficar com outros caras... aí... quando eles ligam, você corta. Quando eles aparecem na balada querendo ficar com você, você dá um jeito de se esquivar. Muitas vezes, comete o pecado de dar um fora fenomenal... e nem se liga (alterações cerebrais da paixonite. Você vive num mundo paralelo, onde tudo é lindo. Até o toco inacreditável que você deu no sujeito parecia delicado no momento).

E tudo vai muito bem com você, obrigada. Até que a paixonite acaba. Às vezes nem é a sua paixonite que acaba, mas é a do dito cujo, razão do seu afeto. E... quando um não quer...

De repente, seu mundo lindo voltou ao normal. E, devo dizer, o mundo normal não é lindo. É legalzinho e olhe lá!

Passados os momentos de dor-de-cotovelo, tristezinha, fossa, você volta a ser gente e a ter necessidades humanas básicas – como transar, beijar na boca, encher a cara com os amigos, etc. É nesse momento que percebemos um dos efeitos do porre: a ressaca da paixonite.

A dor de cabeça começa quando você liga pro primeiro ficante. E ele te diz que não esqueceu o fora fenomenal que você deu nele naquele dia. E que não quer nada com você.

O problema é que você nem sabe do que ele tá falando... porque, no seu mundo paixonitizado, você não deu nenhum fora fenomenal. Só disse que estava perdidamente apaixonada por outro e que não queria nada com ele. Nem um beijo. Nem conversar. Nem sair. Nem dançar. Nem porra nenhuma. E vai se fud... e sai fora!

É. E olha que esse é o primeiro da lista. Isso com um mês sem transar pós-paixonite.

Quando o negócio aperta, você começa a ligar desesperadamente pra todos os nomes da sua agenda telefônica. Isso porque, quando você estava apaixonada, tinha uns 15 caras querendo te comer desesperadamente. E você, num estado de graça estúpido, disse não a todos eles. Assustadoramente, nenhum deles quer te comer agora.

O que isso prova? Que homem sente de longe o cheiro de mulher que não tem vida sexual ativa há muito tempo. É biológico. Quando você está transando todo dia, os caras percebem. E correm atrás feito loucos. Quando você está beirando o desespero, eles também percebem. E não te querem nem pagando. Mesmo você estando linda maravilhosa, etc, etc, etc...

O que fazer neste momento? Pagar suas dívidas para com a sociedade, é claro! Tirar a zica! Desfazer a macumba! Ou... renovar o cheirinho de mulher que transa!

É hora de fazer um feio feliz. Ou um bonito, sei lá. Depende do que aparecer. O importante é ter em mente que... nessa hora, não dá pra escolher!

Então minha filha: mãos à obra! Saia para a balada, linda, maravilhosa, cheirosa e... fatal! E agarre o primeiro troço estranho que aparecer! Leve ele pra casa e faça ele muito, mas muito feliz mesmo (isso com certeza acontecerá, principalmente depois de 2 meses sem sexo. Você não vai precisar nem se esforçar, vai ser natural). E se faça feliz também!

No dia seguinte, não se assuste. Apenas olhe pro outro lado e diga a ele que o seu ônibus deve passar daqui a cinco minutos. Ele vai embora feliz e a sua dívida por estar alucinada e partir o coração de vários caras durante o fatídico período estará paga. Pode ter certeza que sua vida voltará ao normal, como era... antes da paixonite. E, o mais importante: você irá parar de subir pelas paredes e eliminar os calos dos dedos...

Que lição tiramos disso? NÃO PODE DESPACHAR OS CARAS QUE APARECEM DURANTE A PAIXONITE! Simplesmente, não pode. Dê um jeito: invente uma desculpa. Mande flores. Dê uns beijinhos sem-vergonha... mas, acima de tudo, mantenha-os por perto, sempre. Sabe-se lá quando você vai precisar deles... carência é foda. Mas falta de foda é pior ainda.

domingo, outubro 01, 2006


Naquele momento

Tanta paixão em mim

E estava tão imensa

Que estava com medo,



De te oferecer

De me oferecer

E de que você não aceitasse

Ou aproveitasse

Sem me entender


Sem que me aceitasse

Em conjunto com a paixão

Levasse meu corpo embora

E não a minha ação


Meu salto para o alto

Meu pulo do gato

E um resto de coisas que não sei o que são

E estavam escritas.


O desfecho

Eu me ofereci e você aceitou,

Eu acho que você não me entendeu.

Como eu já imaginava.


Meus saltos para o alto...

Você levou meu corpo

Me deixou sem ação


Meu pulo do gato...

Era importante você saber que não era o único.

Mas que era o escolhido.


Este era o resto de coisas que eu não sabia o que eram

Mas que estavam escritas

Que pena que você não pôde ler...

Houve um momento...

Eu estava num bar, ontem. E, fazia tanto tempo, que nem me lembrava mais dele. Só em momentos de extrema nostalgia.

Mas nossos olhares se cruzaram.

Depois de tanto tempo, nossos caminhos se cruzarem assim, de novo...

Sabe um amor esquecido? Eu tinha esquecido dele!!

Ele sorriu pra mim. Eu fiz que não o reconheci, desembacei os olhos.

Quando ele veio, eu fingi que o reconheci.

O que ele tinha se tornado? Nossa. Fazia tanto tempo...

Os dois olhos verdes estavam ainda maiores e mais brilhantes, me fitando, reconhecendo aquele antigo território seu – meu corpo.

O cabelo dele não ia mais até a cintura, mas ainda cobria seus ombros.

E em dez minutos de conversa, percebi que ele havia se tornado mais um cara dos meus sonhos... (eu digo que eles estão por todas as esquinas!)

Ele desenhava casas (talento para desenho desde os nossos tempos no colégio). Um arquiteto. Que falava de blues enquanto pedia mais um uísque. E, ao mesmo tempo, não parava de lembrar da época vaga (fazia dez anos!) em que estivemos juntos, num mundo meio paralelo.

E, quando ele falava, parecia esboçar um gesto de felicidade.

Pensar que tanto tempo passou... E aquele frio na barriga que sentia quando o via entrando na sala de aula estava alojado em mim ainda. A cada palavra.

Ele me contou das suas viagens pelo mundo. De ter largado tudo por um tempo, pra conhecer outras coisas. E eu babava, cada vez mais, percorrendo com a narrativa os seus desvios.

Até que meu estômago deu um nó. E eu lembrei de coisas ruins. Lembrei do desfecho. Da mágoa. De porque eu o havia esquecido.

Acho que ele também lembrou, porque houve um silêncio.

Mas ele tinha que subir no palco, era sua vez de cantar.

Salvos pelas obrigações dele. Assim não precisamos falar sobre o que aconteceu.

Ele pediu que eu o esperasse. E foi assim.

Quando ele voltou, o clima ruim tinha se desfeito. Só de olhá-lo cantando...

E ele ainda resolveu cantar a nossa música! E dedicar ela pra mim, na frente de todos: “essa é para uma pessoa muito especial, que eu não via há dez anos. Mas que nunca saiu da minha cabeça”.

Eu quase morri nessa hora... (mulher afetada por músicos rockeiros que presenteiam com músicas)

No final da noite, eu ainda não sentia cansaço. Foi muito tempo suspenso até eu encontrar de novo aquele beijo.

Nós não conseguimos mais conversar direito. Era tanto fogo, tanto tesão acumulado... tanta, mas tanta, saudade...

A gente não sabia se ficava só se olhando, se transava, ou se parava tudo pra tentar conversar e entender o que estava acontecendo...

Então decidimos seguir nossos instintos. E eles nos guiaram pelo corpo um do outro, no mesmo quarto da casa dele onde nos encontrávamos há dez anos.

Mas ontem... foi muito melhor do que antes... (o que dez anos de prática não fazem com as pessoas!)

Ele me deixou em casa agora.

E eu, meio que flutuando, fico lembrando de todos os detalhes, sem ter certeza de que isso realmente tenha acontecido (será que foi outro sonho?) ...