Eu estava num bar, ontem. E, fazia tanto tempo, que nem me lembrava mais dele. Só em momentos de extrema nostalgia.
Mas nossos olhares se cruzaram.
Depois de tanto tempo, nossos caminhos se cruzarem assim, de novo...
Sabe um amor esquecido? Eu tinha esquecido dele!!
Ele sorriu pra mim. Eu fiz que não o reconheci, desembacei os olhos.
Quando ele veio, eu fingi que o reconheci.
O que ele tinha se tornado? Nossa. Fazia tanto tempo...
Os dois olhos verdes estavam ainda maiores e mais brilhantes, me fitando, reconhecendo aquele antigo território seu – meu corpo.
O cabelo dele não ia mais até a cintura, mas ainda cobria seus ombros.
E em dez minutos de conversa, percebi que ele havia se tornado mais um cara dos meus sonhos... (eu digo que eles estão por todas as esquinas!)
Ele desenhava casas (talento para desenho desde os nossos tempos no colégio). Um arquiteto. Que falava de blues enquanto pedia mais um uísque. E, ao mesmo tempo, não parava de lembrar da época vaga (fazia dez anos!) em que estivemos juntos, num mundo meio paralelo.
E, quando ele falava, parecia esboçar um gesto de felicidade.
Pensar que tanto tempo passou... E aquele frio na barriga que sentia quando o via entrando na sala de aula estava alojado em mim ainda. A cada palavra.
Ele me contou das suas viagens pelo mundo. De ter largado tudo por um tempo, pra conhecer outras coisas. E eu babava, cada vez mais, percorrendo com a narrativa os seus desvios.
Até que meu estômago deu um nó. E eu lembrei de coisas ruins. Lembrei do desfecho. Da mágoa. De porque eu o havia esquecido.
Acho que ele também lembrou, porque houve um silêncio.
Mas ele tinha que subir no palco, era sua vez de cantar.
Salvos pelas obrigações dele. Assim não precisamos falar sobre o que aconteceu.
Ele pediu que eu o esperasse. E foi assim.
Quando ele voltou, o clima ruim tinha se desfeito. Só de olhá-lo cantando...
E ele ainda resolveu cantar a nossa música! E dedicar ela pra mim, na frente de todos: “essa é para uma pessoa muito especial, que eu não via há dez anos. Mas que nunca saiu da minha cabeça”.
Eu quase morri nessa hora... (mulher afetada por músicos rockeiros que presenteiam com músicas)
No final da noite, eu ainda não sentia cansaço. Foi muito tempo suspenso até eu encontrar de novo aquele beijo.
Nós não conseguimos mais conversar direito. Era tanto fogo, tanto tesão acumulado... tanta, mas tanta, saudade...
A gente não sabia se ficava só se olhando, se transava, ou se parava tudo pra tentar conversar e entender o que estava acontecendo...
Então decidimos seguir nossos instintos. E eles nos guiaram pelo corpo um do outro, no mesmo quarto da casa dele onde nos encontrávamos há dez anos.
Mas ontem... foi muito melhor do que antes... (o que dez anos de prática não fazem com as pessoas!)
Ele me deixou em casa agora.
E eu, meio que flutuando, fico lembrando de todos os detalhes, sem ter certeza de que isso realmente tenha acontecido (será que foi outro sonho?) ...
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