quinta-feira, agosto 30, 2007

ESPERA


No começo era o natal.
Depois o aniversário,
As férias, os amiguinhos, a manhã de sol na praia...
Depois o retorno, os colegas, a nova professora, mais um ano!

Mais tarde esperava apenas o fim de semana.
A festa
O flerte
O beijo...
Xiii e depois?

Mais velha esperava o amor.
Esperava tanto, que perdia a vez!
E depois esperava a tristeza passar...

Encontrei o amor e continuo esperando:
Que ele fale,
Que peça,
Que toque,
Que me ame e não espere...

quarta-feira, agosto 29, 2007

Minha bagagem...

Meu coração vive de pulos, entre o mundo que eu criei e você.

Entre o você que eu criei e meu mundo.

Já nem sei mais aquilo que fica no meio desse caminho, que percorro de olhos fechados, de cabeça nas nuvens, descalça, despida, desarmada.

O que carrego comigo é toda minha história, minhas bobagens, meus medos, meu vazio, minhas alegrias, minhas vontades, saudades e esse amor que não sei direito quando chegou ou desde quando carrego, quando dei por mim ele já ocupava boa parte da minha bagagem.

Por quanto tempo irei carregá-lo também não sei, meses, anos, décadas...a vida? Como diz o poeta “que seja infinito enquanto dure”.

Tarde da Noite

de ontem, me deu uma saudade enorme de gostar de você.
Daquele jeito de antes, nada calmo, nada certo. De ficar aflita.
Me deu saudades daquelas noites, em que reconheci em seus olhos, os porquês de tanta vontade de entender os seus porquês.
Nada acontece por acaso:
os seus porquês ficavam estampados nos olhos.
Eu não precisava perguntar,
às vezes basta só o olhar...
Tanta vontade um do outro...
Não tinha como ir muito longe...
Éramos dois brinquedos novos... daqueles que os nosso pais não deixam a gente brincar!
E a vontade tende ao infinito...
Lembro de caminhar à noite na praia e pensar em você demais...
e ser bom demais...
Mas você não sabia que toda hora era a hora certa...
E por isso, te neguei tanto, mas tanto, mas tanto...
que fiz disso uma verdade...
com outro alguém pra se pensar...
como tudo que assumo com enorme convicção.
Um sentimento desses não poderia esperar...
poderia?
porque me deu uma saudade enorme de gostar de você, tarde da noite de ontem.
E... se toda hora é a hora certa...
Me pergunto por onde você anda.
Que não vem aqui pra me beijar...

quinta-feira, agosto 23, 2007

O que eu faço com o que me dás...


Maldita evolução. Maldita capacidade de abstração, imaginação e invenção, que permitem meu cérebro transformar fatos em sonhos e devaneios. Não seria ruim se pudesse recriar apenas os sonhos. Mas você, você me faz criar desejos que nunca sairão das minhas fendas sinápticas. Nunca serão efetivamente ações, quero dizer suas ações. Apesar de saber disso continuo...

Permito que meus neurônios produzam e reproduzam sensações que um dia existiram (de verdade), que um dia o tempo e o vento levaram, junto com a calma da minha mente e a paz do meu coração. Agora vivo fazendo remendos com as coisas que me dás...

De uma brincadeira boba faço um elogio à minha inteligência, de um abraço meio sem jeito, faço um “te quero pra mim”. De um afago nos cabelos faço uma declaração de amor. E quando me mostras a língua como uma criança mal criada leio o desejo de um beijo, ardente como aqueles, de antes, de sempre (na minha mente).

quarta-feira, agosto 22, 2007

Aconteceu


de um belo dia eu cruzar o seu caminho e você me assassinar. Assim, como quem ferve uma água para passar um café, passou então, na sua orelha, uma idéia esquisita que apontava o meu falecimento como porta de entrada a alguma dimensão nova, daquelas que se fica imaginando quando se pode relaxar, sabe?
E não é que você me dá quatro tiros e sai andando, como se nada fosse, me largando ali na rua de baixo, enquanto eu ainda ensaiava o meu “bom dia” educado?
Fechei os olhos, enquanto me esparramava na borda da calçada e levava as mãos ao peito. Era sangue?
Era sangue! E era preto e gosmento e com um gosto de ferro que deus me perdoe!
Nessa hora derradeira, ao invés de constatar a dor, a morte, de juntar forças para gritar, pra ver se alguém me ouvia (e me ajudava e me salvava), o meu cérebro e o meu corpo se concentraram na configuração de uma teoria sobre a razão do meu homicídio.
Nenhum sinal de ambulâncias.
Será que eu tinha ofendido esse rapaz? De alguma forma? Xinguei tua formosa progenitora, sem perceber? Desdenhei da tua brilhante genialidade? Fiz pouco caso do teu penteado novo? Do teu emprego novo? Dessa tua (do mundo) sensação dicotômica de amargura/expectativa perante a vida?
Nenhum sinal de médicos.
Haveria você enlouquecido? Perdido a razão durante a guerra interna que travou? Estaria machucado, como um bicho que escapou de mais armadilhas do que possa se lembrar e agora se ressabia de tudo que o cerca? Estaria sob o efeito de drogas alucinógenas e me viu como inimigo? Ou... apenas me viu como um inimigo? Ou... será que sou o inimigo? E, se sou o inimigo, por que sou o inimigo?
Nenhum sinal de pessoas vindo em meu socorro.
Teríamos acordado, cada um em lado oposto da cama, sem nos reconhecer enquanto irmãos? Ou nos reconhecendo enquanto irmãos, como Caim e Abel, disputando o mesmo saco de farinha do qual são feitos os sonhos?
Nenhum sinal de sirenes.
E nada, nada anunciando a minha morte. A não ser essa dor e o gosto de ferro.
Mas... será que não me vêem? Estou ali, jogada na calçada, agonizante!
Na verdade estava longe de agonizar. Tão concentrada na resolução do meu quebra-cabeça inventado, obcecada eu diria, que não emitia som que fosse...
E nem pra você voltar e me dar uma explicação! Ou para se arrepender, recobrar os sentidos e se desculpar pelo imprevisto ato de insanidade.
Nem um médico passando! Nada. Nada!
Ocupada demais para me ocupar do meu próprio resgate, continuei confabulando até que... senti meu bolso vibrar e ouvi a musiquinha ridícula do celular tocando. Era um amigo, perguntando se eu ia ao bar. Respondi que não, pois estava ocupada e desliguei.
Adentrei novamente as minhas neuroses, investigando as razões. Passei mais algumas horas tentando compreender o que havia acontecido. E quando a febre foi se formando uma nuvem de pensamentos desconexos sem relações causais que os suprissem, avaliei que era hora de tomar alguma providência...
Levantei da calçada e tropecei até o ponto de táxi da rua de cima. Dei instruções ao mocinho simpático e preocupado para me levar a um hospital.
No caminho, cheguei à conclusão de que nunca ia compreender o que acontecera. O modo como estruturamos nossos pensares pertence a um lugar sobre o qual não temos nenhum controle, apesar de termos, sempre, essa vontade de controlar tudo o que nos cerca. Inclusive os pensares e os pesares do outro.
Agora, na mesa de cirurgia, as lâmpadas estão se apagando. Dois últimos desejos: que as balas se desalojem do meu peito, para que novamente eu possa estufá-lo e voltar a caminhar, sem medo, pela rua de baixo. E que eu ocupe minha mente com outras coisas quando fizer isso.

quinta-feira, agosto 16, 2007

Dia do solteiro: liberdade ou solidão?



Passei algum tempo querendo ser solteira outra vez.
Queria passar horas com as amigas me arrumando antes da balada e outras tantas depois, recapitulando cada estratégia e fazendo o balanço da noite!
Queria mais espaço na cama, no armário. Queria decidir o sabor da pizza sozinha! Queria ler na cama até adormecer, sem incomodar alguém com a luz do abajur... Queria passar mais tempo no banho e ter apenas uma toalha no banheiro, para não pegar sempre a molhada!
Queria sair sem hora para voltar, sem destino, sem cobranças, sem limites.
Não queria ver futebol todas as quartas.
Não queria disputar a coberta nem juntar as roupas espalhadas.
Não queria me sentir insegura enquanto ele não voltava!
Não queria sentir ciúmes das amigas do trabalho que eu nem mesmo conhecia!
Não queria ter que estar bonita cheirosa e disposta sempre...

Hoje no dia do solteiro estou sozinha... Estava num bar com umas amigas e desejando outras coisas...

Hoje eu queria dividir a cama, a toalha, o banho!
Queria um pezinho quentinho esquentando o meu.
Eu até assistiria futebol! Comentando e torcendo junto (pro mesmo time claro)!
Ah como eu queria! Queria cozinhar alguma coisa, por a mesa, mesmo sabendo que ele iria comer em frente a TV.
Queria alguém me ligando: “que horas você chega?”, “vem logo, tô te esperando...”
Queria alguém pra me buscar. Alguém pra dizer “quem sabe a outra blusa”.
Queria alguém para escolher o filme e apagar a luz.
Alguém pra me fazer carinho, pra eu contar meu dia e ouvir o seu.
Queria dormir de mãos dadas e ser incomodada no meio da madrugada com beijinhos na nuca... E acordar atrasada, deliciosamente feliz, por ter alguém!

quarta-feira, agosto 08, 2007

Sonhar e ser sonhado


Geralmente sou eu quem sonho com as pessoas em situações inusitadas. São sonhos tão cheios de detalhes que às vezes acordo cansada! Ah sim, sereias também dormem! Mas hoje eu fui parte de um sonho. Que surpresa! Fui objeto de desejo de uma moréia... Ela narrou uns poucos detalhes enquanto censurava outros.
Estranhamente fui tomada por um misto de sentimentos entre o prazer de ser desejada e o medo da expectativa criada. Que teria feito eu neste sonho?
A sensação de ser recriada nas fantasias do outro me assustou simplesmente pelo fato do outro não ser exatamente aquele outro que eu desejava que fosse! Ainda assim em senti bela!
Depois do breve encontro pus-me a pensar o que são de fato os sonhos?
Será que perdemos o controle ou induzimos nossas mentes?
Seriam os sonhos lugares mágicos, onde as vontades do outro não importam, por ser uma realidade individual?
Ah como eu queria que aquele peixe-espada sonhasse comigo... Como eu queria que me desejasse ardentemente e me possuísse com a agressividade de uma moréia que na espreita não perde a oportunidade, ainda que em sonhos!
Ah como eu queria controlar os meus! Sonharia com ele todas as noites! Viveria com ele todas as emoções que a racionalidade da vigília não permite. Levá-lo-ia ao êxtase de tal forma que jamais desejaria acordar!
Porque os sonhos são apenas de quem sonha. E tudo pode! Vou dormir.

Eu mereço?? EU NÃO MEREÇOOOO!!!


E, não, eu não tava no bar. Pelo contrário: acordei mordida, puta da vida, do avesso mesmo. Tava mal-humorada, chata pra caralho! Tudo dando errado, tudo caindo por terra. Beleza. Quando eu tou assim, preciso de endorfinas. É, não há cerveja que dê conta, preciso de relaxante na veia mesmo, direto no meu cérebro!
Resolvi então, fazer o que sempre funciona: correr. Mas correr pra caralho mesmo. Uma hora seguida, ritmo forte... o quê, pra uma fumante inveterada, é o máximo que se pode atingir...
Botei minha roupinha meiga de boxe thai e fui pra pista. E me dirigi, alegre e contente, pra um parque que tem aqui perto de casa.
Chegando lá, me alonguei, enchi meu peito de coragem, acertei o cronômetro e comecei.
Lá pela terceira volta, passa um sujeito ao meu lado, correndo. Ele dá uma diminuída no ritmo dele e começa a me acompanhar, já puxando um papinho furado:
- Muay thai?
- É.
- Treina onde?
- Aqui perto, na rua blábláblá.
- Hum... eu treino jiu jitsu.
E o quico? Perguntei alguma coisa?
- Ah é? Interessante...
- Treina há quanto tempo?
- Uns cinco anos.
- Vem sempre correr aqui?
Eu mereço? Até na pista de corrida os caras não têm outro papinho?
- Não, é a primeira vez. Nem sabia se tinha pista, vim ver qual era.
- Ah tá. Eu corro aqui sempre.
Caralho. Eu não vim aqui pra jogar conversa fora. Quando eu quero jogar conversa fora, vou pro bar!
Tudo bem! Tudo bem! Sendo paciente, sendo social... você consegue! Afinal, já ia escurecer, e o tal parque não era exatamente o que se pode chamar de “bem freqüentado”, à noite. Se o cara continuar correndo comigo, tá beleza. E fui eu, correndo e engolindo o papo furadíssimo do mané. Conversamos aquelas coisinhas básicas: faz o que, quantos anos você tem, mora com a mãe, casada, enfim, aquelas baboseiras de sempre.
Acelerei o passo e cortei o papo. Não dava pra conversar naquele ritmo.
Corremos pra caralho. E, pelo visto, o cara corria mesmo, senão não agüentava. Fui diminuindo, pra fazer umas flexões, me alongar, etc.
E o papinho continuava. Tudo bem, pensei, não faz mal jogar conversa fora. Fui fazer uns abdominais...
E não é que o sem-noção vem botar a mão dele na minha barriga, com a desculpinha vagabunda de que queria ver se eu tava usando os músculos certos?
Fala sério porra! Eu não preciso de instrução! Faço esta merda há mais de cinco anos!
Afastei delicadamente a mão da ameba da minha barriga e continuei. Mas tava foda. O cara não dava sossego! Tudo que eu ia fazer, ele queria dar palpite. E os palpites dele sempre envolviam encostar em mim! E eu odeio que me toquem quando eu não quero, quando eu não conheço, quando eu não tou a fim!
Não me entendam mal... o cara até era gato. Mas era um boçal também! E eu não tava a fim de paquera porra! Tava a fim de correr! De suar! De não pensar em nada!
Mas, beleza, eu preciso aprender a ser educada, como minhas amigas têm me falado. A não mandar os caras pro inferno, porque nem todos eles tão a fim de mim e blábláblá. Ok.
Me enchi o saco. Fui indo pra saída. O cara tava de moto e me ofereceu uma carona. Sobre a carona:
1. Tenho pavor de andar de carona de moto. Se eu dirigir, menos mal, mas de carona, morro de medo;
2. O cara não tinha um capacete extra pra mim;
3. Era óbvio que o cara queria me pegar. E eu não!
- Olha, eu vou agradecer, mas vou andando. Tenho medo e blábláblá. Vou fazer o seguinte: vou pegar teu telefone e, quando vier correr de novo, te dou um toque, que tal?
- Tá, então arruma uma caneta.
- Beleza.
E... toca parar todo mundo que passa na rua atrás de uma caneta. Finalmente consegui. (eu sou boazinha demais e ninguém me dá crédito! Eu deveria ser canonizada pelo exercício freqüente da paciência em momentos abomináveis).
Quando estou anotando o telefone do tanso, aconteceu! Foi o auge do meu azedume! Eu não mereço isso!
- Aê gata, vamos dar uns beijos?
Bah... não! Não! Não!
Porraaaaaa!!!!!!
O cara tem 32 anos nas costas! Sabe que eu tenho quase 30! Meu deus! Isso é coisa que se diga pra uma mina de quase 30 anos? Eu não ouvi isso nem com 15! De moleques de 15!
“Vamos dar uns beijos?”!!!! Caralhoooooooo! O que esse animal tem no cérebro? Uma balinha de iogurte? Um coágulo que impede o raciocínio e a convivência pessoal?
Olha, eu acho que devo estar virando careta, ou que devo ser mesmo muito romântica, porque, honestamente... cara, que feio! Sabe feio? Foi feio!
Onde esse cara aprendeu isso? Numa letra de funk? Aposto que na próxima ele vai dizer “ae gata, eu vou morder o seu grelinho”...
Mas, o pior é que eu, nessas de tentar ser educada e não magoar a pessoa em questão, deixei de lado minha posição de educadora e dei uma de falsa moralista:
- Olha, você é legal, mas eu não sou assim... eu não curto sair beijando as pessoas que acabei de encontrar. Eu curto conhecer o cara antes, saca? (mentiraaaa)
- Mas a gente tá se conhecendo há duas horas, a gente se conhece pô, a gente correu junto!
- Não, mas isso nem é conhecer... eu não sou assim (mentiraaaa! e... deslavadaaa!)... faz assim: eu te ligo, a gente vem correr um outro dia e, quem sabe, a gente se conhece melhor (mentira! Esse telefone vai direto pro lixo! Melhor, vai pro inferno, que deve ser de onde você veio também, sua desgraça!).
- Ah gata, que é isso? A gente se conhece melhor beijando. Vamos dar uns beijos, vai?
- Cara, por que eu te daria uns beijos? Que que a gente ganha com isso? Eu nem te conheço, não tou a fim, deixa quieto. Outro dia eu te ligo, beleza? Até mais.
- Tá bom gata. Me liga, hein?
Claro... nos seus sonhos. Nos teus sonhos, ligar-te-ei!
Eu deveria ter feito um favor à humanidade e descascado aquela pessoa! Olha aqui meu filho, tu tens 30 anos nas costas e espera ficar com uma mulher dizendo pra ela “vamos dar uns beijos gata”? Você é bobo ou comeu merda? Isso é jeito? Antes tentasse me beijar na boca de uma vez!
Sabe o que é pior? Eu não dei mole pro cara! Mas, parece que, se a gente pára pra conversar com alguém, pra alguém te acompanhar numa corrida, isso significa “quero te dar”. Não! Não! Melhor: significa “quero te dar muuuuuito”! Fala sério!
Olha, tudo bem que eu não estivesse nem um milésimo de milímetro interessada por aquele cara. Ele não me atraía em absolutamente nada, é bem verdade. Mas, porra, se o Brad Pitt tivesse um papo tão besta e me dissesse “vamos dar uns beijos gata”, eu mandava ele ir pro inferno também! Eu acho o Brad Pitt tudo, mas, assim mesmo, EU NÃO MEREÇO!!!!

terça-feira, agosto 07, 2007

Sobre um outro amor...

Não há momento mais oportuno para me apresentar...
Enquanto Pandora sofre com o medo da entrega eu me afogo numa entrega absoluta.
Como uma bela sereia, tenho o poder da sedução. Minha voz é meu encanto, ainda que meu canto seja apenas palavras recitadas numa retórica métrica que não é minha. Que é reconstruída a partir do discurso dos que me rodeiam, dos que me apaixonam... Mas o poder, esse sim é meu.
E o amor é para mim uma prisão. Fui condenada a amar demasiadamente, indiscriminadamente, como num feitiço... Feitiço que me cala e me aniquila por uma chance de conquistar um amor...
Aos meus olhos nada parece desprezível, nada é descartável, fantasio encontrar o lado bom de todas as coisas, de todas as pessoas como se meu encanto pudesse despertá-los...
Entrego-me ao amor e ao outro para não ceder às minhas próprias exigências.
Falta-me coragem para impor os limites. Não me autorizo a reprimi-los ainda que isso custe a minha sanidade... É como se Netuno me impusesse certa sujeição. Mas minha submissão é meu domínio, e isso eles não percebem. Num jogo velado faço de conta que perco, mas ganho e ainda assim não me satisfaço, porque eu quero a totalidade. Ora como uma sereia vampira, desejo tê-los inteiramente. Mas isso não é possível porque os pobres mortais não são completos. Vivem uma dicotomia insana entre a razão e emoção. Eu pelo menos opciono pelos meus sentimentos!

segunda-feira, agosto 06, 2007

Escutando minhas amigas....





Uma amiga pediu pra eu postar meus rascunhos,

mas achei melhor escrever algo relacionado ao

que anda acontecendo neste momento da minha vida....



Ando naquela busca incessante de me conhecer, me respeitar, me amar.... e lógico, um emprego.....
Engraçado que acontecem algumas coisas na vida da gente TOTALMENTE inesperadas....
Um dia.... mensagem no celular.... pensei: "amigas, né, quem mais?"

Vou olhar e
SURPRESAAAAAAAAAA!!!!!!!!!!!

a 1ª paixão da minha vida me viu na rua e mandou mensagem.... perguntando se podíamos nos encontrar....
Pra encurtar... ta maravilhosooooooo!!!

Não sei o que vai acontecer, mas pelo menos (depois de tanto tempo) é um homem que me valoriza.....
Quanto tempo vai durar? Não sei... só sei que quando tenho oportunidade de estar ao lado dele, esqueço completamente do mundo.....

Bem.... por falar em escutar as amigas.....
Tô aprendendo a deixar meu lado "PSICOPATA" trancado num cofre.... (lógico que nenhum cofre é totalmente seguro...)

Sobre o meu amor

Tenho tentado, devo dizer, quando me entrego a amar os outros e desejo satisfazê-los em suas condições. Porém, logo me torno arredia e com medo de me perder nessas outras pessoas e fujo, desesperada, me trancando novamente em minha tão estimada solidão.
Sento no quarto, acendo um cigarro na cama, antes de dormir e me ponho a imaginar tantas diversas cenas de amor quanto se possa criar em tão pouco tempo dessa existência.
Choro sozinha e, ainda assim, não poderia estar mais satisfeita.
Declaro-me, então, uma amante. Assumo a impossibilidade de me tornar esta mulher que todos proclamam como necessária à felicidade habitual do ser feminino.
Meus desejos de amor são ideais, mas não maternais no sentido da freqüência permanente.
Imagino retratos de horas curtas, porém metafisicamente intermináveis, de cumplicidades e carinhos que não se concede a qualquer um, mas apenas a poucos escolhidos pelas minhas vaidades. Nestes momentos, estou plenamente entregue e amando em absoluto todas as feições daquele ser com quem os compartilho: os olhos brilhantes de quem conta um segredo doloroso, o sorriso de prazer sexual, o silêncio que precede as partidas, ou uma conversa boba sobre o que quer que seja. Nestes momentos reside a minha fidelidade mais extremada, minha total devoção! Mas eles devem permanecer esparsos (...)
Idealizo estas relações como uma crua dama que se apresenta de tempos em tempos, dirigindo todos os esforços para proclamar estas horas de afeto. E aí se mostra a minha especialidade: eu não devo ficar, ou os momentos se tornam banais. E esta banalização do meu amor significa a minha própria morte.
Ficando, prova-se da minha humanidade, das minhas fraquezas e feiúras. Vou largando meu corpo em sua companhia, mas professo, alto e bom som: sou uma promessa de adeus; sou uma saudade que já se sente.
É um desejo de irradiar tanta luz das estrelas que se escape pelas mãos, que não se possa contê-la, que se lance para todo o infinito. O desejo do encantamento sobrenatural do outro, de tanto amor e paixão que me afoguem e me embruteçam, a ponto de me fazer partir sem olhar para trás. Amo assim, como uma gueixa.
Meu desejo é tornar-me mito: tão belo, tão forte, tão sensual e desejado, quanto inacessível. Não posso, de maneira alguma, ser possuída.
Algumas vezes, porém, sinto um estranhamento perante alguns outros seres: desejo ficar, precisamente quando mais deveria desejar ir embora. Desejo ficar nos momentos mais perigosos, aqueles em que eu me perderia, esparramada pelas entranhas psicológicas de algum outro ser... algum destes que me arrebatam e me arrepiam os pelos do pescoço...
Mas, o destino então me protege, cumpre seu papel: ele me assombra! Lembra-me de responsabilidades e comprometimentos que me assustam, me dão medo. Como criança que ainda sou, não tenho coragem de me dedicar a um outro, se esta dedicação tomar por demais o meu tempo e meus pensamentos, que ainda estão, em demasia, voltados para mim.
Então me exponho inacessível! Mostro toda a impossibilidade de me manter ao redor: a estrela, esta devo ser eu. E aos outros pobres mortais, estes sim, que me rodeiem, como belos planetas me orbitando!
Eu firo os outros seres, como uma torturadora. E eles me mandam embora! Mal sabem que sou eu quem os conduz, através de leves espetadas em locais estratégicos, formando feridas que nunca se fecham, jorrando sangue aos poucos, até que se esvaia toda a paciência ali contida, toda a possibilidade de suportar a difícil tarefa de me amar.
pois, se alguém suportasse...

Mantenho-me, pois, na fantasia, na efemeridade. Prefiro devorar estes amores. Alimento-me destas histórias de amor e não consigo, ainda que deseje, aprofundar-me na alma do outro, por mais que, muitas vezes, seja isso que deseje! Perder-me em absoluto, me dedicar em absoluto, apagar um pouco que seja deste “brilho de dama da luz das estrelas”.
Parece-me que perdê-lo, apagá-lo, torna-me escrava. Torna-me menos amável, menos encantadora e, por isso mesmo, mais vulnerável. E, nesta hora em que meu brilho se apaga, não mais me amarão, pois este amor é exatamente fruto desse brilho. E eu estarei tão entregue, que não terei forças para voltar a brilhar... faço, portanto, esse serviço: antes que me entregue e meu brilho se apague, apago-o, eu mesma, e parto.
Mas, pensando no que às vezes desejo de mim, nesta curiosidade de me perder inteiramente num outro, vejo que talvez não possa me oferecer. Não imagino amarras ao meu tão grande amor pelas coisas e pessoas. Esse meu amor é por demais livre e, por isso mesmo, muitas vezes me sufoca e me afoga e me desvia dos caminhos mais retos... este amor é, antes de tudo, pela minha própria existência, pelos meus prazeres. Meu amor é um poço de egoísmo.
Talvez compreender a sua natureza e amansá-lo como a um cavalo selvagem...
mas destituí-lo de sua condição rebelde pode significar, também, despi-lo de sua beleza tão singular.

quinta-feira, agosto 02, 2007

Remoto Controle


Separa essa solidão em dois fragmentos: um sem graça, sem cheiro, sem textura, sem vontades. Outro, dourado nos sonhos mais sórdidos de uma freira que nunca se entregou.
Movendo para trás os anseios, para frente os medos, me aparece, de manhã, aquela vida sem graça, da qual se respira o frio da mesma madrugada que atravessa as linhas que atravessam o ser que atravessam... não ser mais.
Corre subir as escadas para o carinho do destino e permanece quieta de manhã. Cala a boca. Calabooooooooocaaaa!
Libera o controle para as mãos que o merecem – aquelas que pendem dos braços das mães que amamentam com dor os rebentos. Aquelas que te protegem ou te curam... ou... te estrangulam, sem saber.
Admita, então, a perda do controle! Admita perder o passo, o fôlego, a ilusão de seguridade. Tem coragem?
Deixa que se esvaia sozinha e devagar a juventude e não te inquietes mais:
No fim, nunca era você, nem ele, nem eu. Nunca foi nada, além de imagens projetadas na grande tela dos olhos dos outros.
E lá, refletidos, já não mais nos reconhecemos e nos regozijamos pelas convicções de que estarão certos apenas os insanos.
Então deixe! Deixe, que no fim do dia muda-se de idéia e agrega-se de novo ao rebanho dos novos hospícios, fingindo ser normal, como eles. Espalhando por aí essas novíssimas idéias de paz, amor e prosperidade, como se fosse natal de novo, como se quisesse, de novo, entrar naquela neurose de fim de ano e controlar e controlar e controlar a sua vida.
Ou... deixa ao acaso então! Isso mesmo:
Cala a boca!