domingo, agosto 31, 2008

Macho prá caralho!


O papo foi imenso! Do tamanho da revolta!!!!

Eu, Janis e a Mel. 3 cachorras em debate, fazendo o balanço dominical da semana, e aproveitando também assim,usar o tempo prá se evitar pálas...E que balanço, esses últimos dias foram foda!

A Mel parecia a mais feliz! ...O único problema dela, parece ser que o cachorro do vizinho é muito baixinho...

Eu surtava, a Janis dava seus gritos de Mari-taca , e a Mel olhava assustada...ela deve ter pensado" nunca mais entro no cio..."

Mas o que pegou mesmo foi o COMPLÔ que parece ter se formado em nossa volta...Resumindo pra não encompridar, tivemos que ouvir por diversas vezes que temos um jeito "macho" de ser...

Claro que isso incomoda, mulher bem resolvida só é bom pra ela...

Veja bem as pérolas:

"Você não me deixa ser romântico, gentil..."

"Você não me deixa ser homem"

"você não me deixa te tratar como mulher"

"Não precisa ter comportamento masculino pra ser independente"

" hoje em dia não se pode mais cortejar"


Quer dizer que pra ser homem agora precisa de permissão????

Será que macho que é macho, precisa de autorização da mulher pra tratá-la com gentileza?

Será que somos nós que temos comportamento masculino, ou eles que viraram bucetudos???

Alguém já tentou me trazer flores pra ver minha reação? Quem disse que eu não gosto?

O que acontece é que eles têm medo, e não nós que perdemos a feminilidade.

Será que ser feminina pra eles é se mostrar frágil, débil-mental?? É isso que eles querem? Retrocesso? Alguém que limpe o chão , olhando pro chão, e só faz sexo pra procriar, e que só o que faz da vida depois disso é cuidar das crias? Volta ao passado...

Acho mesmo que o que tá acontecendo é que estamos encontrando os caras errados pelo caminho,

Agora decidi: quero um HOMEM!!!, ou melhor, de gente que se diz homem o mundo tá cheio! O que falta é macho!Eu quero um macho! Pensando bem, melhor ainda! eu quero um trator(homem de verdade)!Um trator que tenha sensibilidade suficiente pra entender que somos todos seres humanos hoje em dia, com seus lados femininos e masculinos, com sua força e sua fragilidade, e que não é guerra como se pensa...

Quem sabe esse me chame de mulher, me trate como mulher, me mande flores, e tudo aquilo que nós continuamos gostando...
ou então vou ter que concordar com a Mel..."Vida de cão é bem melhor"...


Masculina, eu?


Olha, é muita coisa, então não sei se vai dar pra botar tudo aqui, viu? Resultados de minhas conversas com Rê, conhecida aqui do blog. O fato é que ta todo mundo louco... mulheres, homens, seres humanos em geral. Na verdade, acho que animais em geral, pois a minha cadelinha também está no meio de uma crise de identidade.

Tem uma galera dizendo por aí que eu e a Rê somos muito masculinas. Obviamente, esta galera é, em sua maioria, composta por indivíduos meninos. E por que somos masculinas? Em suas palavras:

- Ah, vocês não deixam os homens serem homens. Vocês não deixam a gente seduzir vocês, conquistar. Quando estamos com vocês, temos medo de comprar flores e recebe-las de volta jogadas na cara! Ou ver caixas de bombons atiradas na rua. A gente não pode mais nem pagar a conta! Vocês vêm pra cima com tudo. Não dá nem pra gente tentar nada...

E... Blá, blá blá!
E... Nhé, nhé, nhé.

Meu, querem saber do que mais? Vocês estão é precisando dar a bunda, caras!
Eu vou narrar as minhas duas últimas semanas, e quero saber quem são as pessoas que não estão agindo coerentemente nessa história...

Vou a uma festinha na sexta. E tem um moço bem bonito lá. Eu olho pra ele. Ele olha pra mim. A festa passa. A festa é na casa dele. Ele vem falar comigo?
NÃO!
Ele vem perguntar meu nome?
NÃO!
Ele vem me dar um beijo na boca, me tirar para dançar, qualquer coisa?
NÃO!

Beleza. No final da festa, eu, na porta, indo embora: ele vem. O que ele me diz?
“Ah gata, você já está cansada? (o detalhe é que são seis da manhã) Fica aqui. Não vai não. Fica aqui comigo.”

Cara, eu não sei nem o nome do sujeito. Eu não o beijei na boca, para saber se rola aquele “choquinho” que permite, ou não, aos indivíduos uma boa trepada. Eu nem tinha ouvido a voz dele, até aquele momento... eu iria ficar na casa de um cara, sem carona, na PQP, sem ter nenhum indício de que seria legal ficar ali??

CARALHO! Eu não sou boneca inflável!
E olha que eu não sou careta, mas assim também não dá!

Na quinta retrasada, saio para um bar com amigos. E chegam os amigos dos amigos. Um bem bonitinho, na verdade. Após o bar, eles nos convidam para irmos a casa deles. Nós vamos. O cara bonitinho até me olha, mas não passa disso. Não puxa papo, não conversa, nada. Quando estamos na porta, indo embora, ele me chama de canto e diz “se eu fosse você ficava aqui”.

CARALHO! Eu não sou boneca inflável!
O cara não lembrava nem meu nome! E já vem com essas de ficar na casa dele! Que saco isso! É não haver nenhum interesse, em absoluto na minha pessoa, apenas na minha boceta! Que saco! E como é que eles podem se interessar tanto por uma “provável boceta”? Porque não fazem nem idéia de como ela é, na real! É uma tara por um buraco qualquer! Comprem uma boneca inflável! Um pote de maionese, copinhos de plástico, qualquer coisa...

Vejam que é bastante diferente de uma outra situação, também estranha: um ex-caso que veio aqui em casa, dizendo que queria ser meu amigo... não passou da primeira noite, trepada na certa. Tudo bem! Eu não esperava menos do que isso... até tentei manter a postura de amiga, o quanto deu. Acontece que eu já conhecia aquele pau e já conhecia aquela cabeça. Mas aí... são outros 500!! Como eu já disse, eu não me incomodo de ser apenas sexo. Especialmente quando eu conheço o sexo e sei que vai ser bom!

Mas... percebam a falta de coerência... esse cara, que eu já conhecia, que eu já sabia que era apenas então somente uma trepada... vem me dizer, alguns dias depois que “não quer me magoar de novo e que é para eu não criar idéias sobre ele”.

Cara! Fala sério!!!! Ainda se ele tivesse dito que queria se casar, me mandado flores, poemas, me apresentado aos pais... aí sim, dava para se criar algum tipo de expectativa, mas... por causa de uma trepada! Se tem uma pessoa no mundo sobre quem eu não pensaria em nada, seria um cara que foi um completo babaca comigo numa história antiga e que apareceu outro dia pra dar uma! ESSE CARA não precisava me dar satisfações! E ainda assim, ELE deu! O mundo ta louco mesmo! Como é que a gente entende alguma coisa?

Para coroar minha quinzena, nessa quinta, encontramos o camarada da quinta retrasada novamente. E, novamente, acabamos indo para a casa dele após a baladinha. Não se enganem, eu achei esse cara interessante. Eu estava olhando para ele. Ele percebeu isso. E, ao invés de vir conversar comigo, passou a noite toda no meio da galera, sem me dar trela. Ok. Quando estou saindo da casa do ser, ele me puxa de canto de novo e... adivinhem!

- Volta aí depois.

NÃO DÁ!!!! Depois ainda vêm me dizer que são as mulheres que não permitem mais a sedução, que, por causa delas, tudo está completamente escrachado! Porra, eu ainda dei a chance de o maluco entender que, daquele jeito não ia rolar! E o cara faz a mesma coisa, duas vezes? O que ele pensou? Que, na semana passada eu tava menstruada? Que era só fazer a mesmíssima coisa, do mesmo jeito, sem tirar nem por, para rolar?

O que a garota sensível aqui faz? Ela tenta dar uma chance de deixar acontecer algo... sai da casa do cara e manda uma mensagem para ele, dizendo o seguinte: “eu volto, se você quiser conversar”.
O cara responde? Não!
É tipo assim: “olha, ou você vem aqui me dar essa boceta, ou eu vou dormir porque não tou com saco de te conhecer ou algo do gênero”.

Ah meu, fala sério. Me desculpem, mas não somos nós as incoerentes... não somos masculinas. Eu curto flores, bombons, whatever. Não me importo, mas, se esse é o problema, se é a dúvida dos homens: eu gosto! Aliás, quem não gosta, pô? É legal! Mas, também, como é que podemos agir diante de caras que nos vêem como buracos? Nós temos que vê-los como paus! Senão... poxa, a gente se chateia, né?

E, tudo bem, que essas duas semanas foram de experimentação... mas a conclusão foi a seguinte: o que a gente ganha quando tenta enxergar os caras de outra maneira, além de paus?

Nada! Nem mesmo, uma boa trepada...

E se isso é ser masculina, eu só lamento, mas bato o pau na mesa e não vou mais deixar de ser!

terça-feira, agosto 26, 2008

CONVERSA DE BOTEQUIM (1)


Comprei uma bota de Julia Roberts em "Pretty woman", aquela de prostituta ir prá esquina mesmo , que tem o cano alto além do joelho e falei pras minhas amigas: "hoje tenho que ir a algum lugar sofisticado, nada de buteco de quinta categoria.Minha superbota não vai pisar em qualquer chão. Lá fomos nós a um bar prá lá de chique, atendendo às minhas solicitações e quem estava lá?...Coincidência ou agrado do destino: o Richard Gere, em pessoa!!! Tá bom, vai, era um clone, mas um clone, melhorado, atualizado, sem aquele topete ridículo, tinha o mesmo cabelo grisalho,mas mais raspado, com um look mais moderno. Enfim, um arraso! E era tudo o que a "Julia Roberts" aqui precisava aquela noite... O cara pagou um pau a noite inteira e eu , é lógico correspondi...Minhas amigas todas falaram: "Mas ele não é teu tipo!" E vadia lá tem tipo??? Quer dizer até tenho. É sempre o homem mais bonito do bar, isso até a terceira ou quarta dose...De onde elas tiraram essa idéia? Bom, deixa elas pensarem isso, pelo menos mudam um pouco de assunto, que é sempre e indefectivelmente tamanho de pau.Bem, acho que estou sendo injusta, tem outros assuntos também sim: cor, espessura, formato e beleza.Ah, elas falam também de outra coisa... homens... Geralmente, a vítima em questão é o último infeliz que foi traçado. Aí, elas entregam tudo... Fazem as coitadinhas de "Sex and the city" parecerem freiras virgens.Mas de qualquer forma, é uma turma homogênea, pois todas se identificam com a Samantha da série, não sei porquê... Quando o assunto é tamanho, não gosto muito de comentar, pois não gosto de fazer propaganda dos meus gatos...Se for grande, tem alguém ( que não posso falar quem) que pira; se for pequeno tem outro alguém ( que também não posso falar quem) que pira também, e médio, todas caem matando...Prefiro me fazer de paisagem e dar uma de desligada: "Sabe que esse dia eu tava muito bêbada?" ou " Sabe que tava tão bom que não deu tempo de reparar?" E sabe, de verdade, que essas coisas não são tão mentiras assim.... Francamente, tipo de pau.... E vadia lá tem tipo??? E o coitado ( de qualquer outro sexo que não seja mulher) que tem a infelicidade de, por algum motivo, sentar-se à nossa mesa! Dá dó!!! Sem excessão,eles começam a passar mal, pedem prá ir ao banheiro , só que pra vomitar,e somem...sempre...e prá sempre... Às vezes o cara tenta mudar de assunto: "O que vocês acham de filmes cult?" O assunto se mantém por 10 segundos, quando alguém já se lembra do tamanho do pau de Bruce Willis em "A cor da noite", e esse filme nem é cult,e o papo volta à velha ladainha... ou um comentário do tipo: "Vocês curtem rock?" ... mais 10 segundos e já estão falando do tamanho da boca do Steven Tyler e do Mick Jagger, e da possível relação do tamanho boca/pau.... não tem jeito, eu desisto, isso já é tara coletiva...Só sei que bebemos tanto aquela noite, que só o que eu me lembro é que tive amnésia alcoólica, e quando vi terminei a noite com o Richard Gere ao meu lado(não sei se isso tem alguma relação com o filme Pretty woman) em cima do piano do piano bar do bar (legal essa frase, hein?) com o garçom me perguntando:" Qual o tipo de sopa a senhora vai querer?" "E vadia lá tem tipo????"

segunda-feira, agosto 25, 2008

Caralho...


Tenho aqui um nariz trancado e queixas. E o umbigo do mundo no centro. Queixas bobinhas e um espírito que não cabe dentro delas.
- Quer um cigarro?
- Eu tenho.
- Vamos pra sua casa?
- Acho que não.
- Por quê?
- A lua ainda não encheu.
- E...?
- Ah, vai à merda.
O irmão dela nunca mais falou comigo. Talvez tenha entendido que não sou dada a amores certinhos, a visitas à casa da mãe, a flores, essas coisas.
Ele sabe das coisas.
Eu não.
- Você sabe que eu vou te maltratar de no...
- Eu gosto que você me maltrate. – não deixei que terminasse, dando um sorriso malicioso e quase babando no canto da boca.
Vira-latas, SRD, baldia.
Eu o mandaria à merda, mas sou viciada em caras que me fodem bem. Especialmente os que me maltratam. Muito mais, nos que não me tratam. Aqueles que me dedicam completa indiferença...
Mas, acabei, eventualmente, mandando-o à merda.
- Estou indo praí, pra Sampa.
- E está me avisando por quê?
- Nada, só queria compartilhar.
- Bem, eu sei que não é só isso. Quando quiser me falar o verdadeiro motivo do aviso, a gente conversa.
Naquele sábado, de madrugada, ele, bêbado, me mandou uma mensagem, dizendo algo do tipo que queria me chupar toda, ou coisa assim.
Gosto de gente que assume a merda toda... mas não fui encontrá-lo. Perdi meu celular. E a melhor chupada do mundo.
Paciência. O show foi bom, mesmo assim...
- Vamos ao cinema, então?
- Ah meu, não dá. Tenho coisa pra fazer essa noite.
- Então, amanhã, tomar umas no bar tal, tal hora?
- Posso ser sincera?
- Pode, claro.
- Eu tou com preguiça...
- Preguiça? Ué, se você quiser a gente pode ir num lugar mais perto então.
- Não, você não entendeu. Eu tou com preguiça... de você.
Ah, mas demorou a pensar nisso, não garota? Aquela má vontade toda, querendo ficar no micro, jogando paciência, sair para uma balada só (de sozinha mesmo!). Não poderia ser outra coisa. Quando ele diz algo, minha mente boceja...
- Vem tomar uma aqui no bar.
- Vou.
- Mas amanhã preciso acordar cedo.
- Olha, o negócio é o seguinte: eu pego meu carro, vou até a sua casa, trepo com você, disk-sexo, delivery mesmo, e não posso nem dormir até tarde depois de passar a madrugada? Desculpa, mas meu sono tá precioso demais pra isso... se cuida, hein?
É, eu ando preguiçosa...
- Gata, eu vou ficar louca. Não dá, preciso desse cara. Como assim, ele ta namorando outra? Como assim, ele gosta de outra? Preciso fazer alguma coisa. Me ajuda!
- Não dá meu, não tem o que fazer, dessa vez foi pro saco mesmo. Ele realmente tá feliz, tá de boa. Desencana. Pára de ser mimada, porra.
- Mas que inferno! Odeio quando me tiram o doce e eu ainda não disse chega.
- Compra um chocolate pô!
- E o que você acha que eu tou comendo?
Deu. Desliguei e fui dormir, que não há nada a fazer a não ser ouvir duas músicas e chorar um pouquinho, esperar o dia seguinte e lembrar do que realmente importa.
Às vezes, eu simplesmente amo as segundas-feiras...

sábado, agosto 23, 2008

DESABANDO-DESABAFO-DESANDANDO-DES... DES... DES...

Hoje, aos 28, acordei cansada da festa da madrugada anterior, às duas da tarde, de ressaca. Um mau-humor dos infernos. Parecia que havia levado uma surra.
Mais uma destas e acordo pensando no concurso para o qual devo estudar, e toda essa vida pra levar do que escolhi fazer com a minha vida.
Eu andava morando na ilha da fantasia, desde os dezoito, quando fui expulsa, sem avisos, pra terra do nunca.
Mas é uma terra do nunca mesmo, tudo pára, de repente, quanto mais você estuda e entende o que que ta pegando de verdade, mais você quer mesmo enlouquecer, saber mais só por saber e torcer para não chegar aos trinta.
Aqui tem uma miséria, um cheiro podre no ar, daqueles que a gente pensa que só passa na tv, se tv passasse cheiro.
Tudo muito simples: dar a boceta aleatoriamente de vez em quando, ver a grana virando pó bem debaixo do seu nariz, embriagar-se, embriagar-se e... embriagar-se.
E livros. Livros dos outros, livros seus e a sensação de que a vida anda passando só nas páginas e que a sua continua em branco.
Mais uma manchete de jornal: fulana vai se casar com um puto que pariu.
Ninguém entende o foda de ser mulher nessas horas...
É um lado do cérebro dizendo “trouxa, vai lavar cuecas”. E outro que lembra de novelas e coça a bunda e se pergunta, se esse vazio aqui não é solidão e se, de repente, eu levasse fé nessa vidinha, se decidisse acreditar...
Mas, não dá. É lavar cuecas.
Uma cachorra me adotou e me leva a passear no final da tarde. Mas, se até ela anda exigente, chora para ficar dormindo embaixo das minhas pernas enquanto eu digito, imagina um outro eu. Num guento.
Queria que o governo implementasse uma nova classe trabalhadora, a das donas de casa sem casa e sem marido, que ganhariam uma boa grana pra passar o dia fazendo rango, lendo coisas muito boas, escrevendo, cantando, ouvindo música e sendo passeadas pela cachorra.
A parada é que todo mundo ta muito ocupado cuidando da própria vida. E eu até queria cuidar da minha, tirando o fato de que não sei bem o que fazer com ela.
Genial. Todo mundo me dizendo que sou genial. E eu só vejo da falta de decisão, escolhas adiadas, planos frustrados, homens - para não se pensar em outras coisas -, um mundo caindo aos pedaços.
E olha que sempre foi uma esperança brega de fazer alguma coisa que valesse a pena, mas ela anda cada vez mais corroída de vergonha, de auto-piedade, de preguiça, sei lá.
Anteontem um moleque ranhento veio me pedir uma grana no farol.
E, todas as vezes que isso acontece, vem uma culpa, pelo fato de eu não ser ranhenta, estar dentro do carro, esperando o farol abrir. Eu e minha carteira de habilitação, e o meu dinheiro porco, e a minha saia curta comprada no shopping, e o meu cérebrozinho pouco-desenvolvido que vale mais, sabe-se lá por quê.
Ah. Se eu ficasse contando tudo que passa na cabeça, escreveria um livro sobre o moleque do farol. Talvez dê uma grana.
Perguntei outro dia pra Maria, antes de ela vazar, se era isso aí mesmo: a vida.
Ela disse: “sinto ser eu a informar, mas... é. É isso aí mesmo”.
Nessa noite eu chorei na cama, antes de dormir.
É sábado. Daqui a pouco vou atrás de uma boa trepada. O conforto de um orgasmo, de não se pensar, sentir, lembrar, de nada, além daquela explosãozinha que se experimenta ali, naquela hora. Reconfortante. Nascer de novo. E ainda, de quebra, a possibilidade de se apagar, agarrado em algum outro ser, como, se naquela hora, estivesse à tona, naquele corpo, todas as nossas esperanças e convicções.
Pelo menos até o dia seguinte.
Mari Brasil

sexta-feira, agosto 22, 2008

O GAROTO DO CAFÉ


Porque você existe?Porque é tão lindo?
Porque cruzou o meu caminho?
Porque homens existem prá gente encanar?
Porque você botou seus olhos de jabuticaba em cima de mim?
Porque você toma café?
Porque EU tomo café?
Porque eu fui tomar café aquela tarde?
Porque não fui outra hora?
Porque você insistiu com as jabuticabas?
Porque tua mãe te pariu?
Porque eu te odeio?
Porque eu odeio sua existência?
Porque eu te amaria se eu soubesse teu nome, teu telefone?
Porque eu volto ao café e você não está lá?
Porque você não estava de costas aquele dia?
Porque eu não te passei despescebida?
Porque eu não passei por você absorta?
Porque você nem sabe que estou escrevendo isso prá você?
Porque nunca vai saber?
Porque você foi tomar café aquele dia?
Porque não quebrou a perna no caminho?
Porque pessoas tomam café?
Porque pessoas servem café?
Prá que serve café?
Prá que se serve café?
Porque estabelecimentos vendem café?
Porque existe aquele café na esquina?
Porque eu não fui tomar café em outro café?
Porque você não tomou café na sua casa?
Porque eu vou ficar apaixonada por você até o final da semana?
Porque eu não vou tirar você da cabeça até o final da semana?
Porque eu vou lembrar de você até o fim da vida?
Porque se planta café?
Porque se colhe café?
Porque o governo permite a venda de café?
Porque você existe? Porque é tão lindo?
Porque tava lá aquele dia?
Porque pôs as jabuticabas sobre mim?
Agora não há mais o que fazer, a não ser nunca mais tomar café...
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quarta-feira, agosto 20, 2008

Escrita


Ontem, ele ia me dizendo que, músico, palavras não bastam.
É que teria uma incompletude entre elas que não o permite dizer o que é, de verdade, que assovia em seu dentro.
Porque pensamento de músico assovia...
E aí, que ele fica correndo atrás das palavras, do jeito certo de elas encaixarem, como se fosse montar aquela fila de dominós gigante, para, no final, todas despencarem direitinho o caminho e formarem o que significa que significavam antes, no que sentia.
Mas que a pilha caída nunca forma certo o assovio, nem as palavras, nem bater foto, ou desenhar.
O assovio só significaria quando assoviado, tocado no piano, no banjo, essas coisas...
Foi que eu vi: essa mania de gente que escreve, de correr atrás de rearranjar palavras na pauta, sem pausa, com pausa, uma frase abaixo, outra acima, volta pra mesma linha, apaga, amassa a folha, começa de novo, sem pausa, com ponto.
Vicia tentar explicar os nossos assovios, de forma diferente do que eles vêm, assovios, dores, prazeres, calafrios, fomes, e todas essas coisas que a gente dá nome, mas não são o nome porque são outra coisa, porque são pra mim e não pra você, ou pra ela.
E até os acordes, as notas, quando chegaram no piano eram outra coisa, do que antes.
Mas ele insistiu nas palavras, e eu, em que pé de poeta, nas músicas, que também não diziam tudo, deixando ao léu o que significavam em “ex-sência”. Porque não há um único ser que interfira na essência, porque essência não existe, é “ex”: já foi, já era.
Essência é sonho pobre de escritor, que precisa de plano pra seguir vivendo e não encontra mais nada, além de parcas 26 letras e horas e horas para dispô-las de maneiras diferentes.
Palavras não bastam... mas eu tenho muito tempo.
Enquanto não busco nada, brinco de rearranjos. Não é pela essência, é que acho bonito fazer fogueira dos significados e ver as labaredas tomando todas as formas possíveis...



Mari Brasil

terça-feira, agosto 19, 2008

hora



Quando ele lhe colou na bunda, estremeceu toda, respirou alto e suou, mas suou mesmo, gelada, nervoso, uma vontade louca de apertar os dentes até quebrar e, ao mesmo tempo, de morder-lhe os dois olhos, trepada no peito dele, subindo, descendo e subindo e descendo, sem parar, um gesto frouxo: até tentou negar-lhe a carne, negar-lhe o osso, fugir daquela situação que chamava um passado de que tinha raiva, raiva subindo pelo pescoço, dando um nó na barriga e mais e mais e mais e mais tesão. Disse não, uma, duas três vezes, das lembranças roedoras de egos, do pretérito imperfeito, medos, se afastou, (medos) e ele lhe tocou um braço, (medos) e um frio na espinha que foi subindo e descendo ao mesmo tempo, até as têmporas, dando tontura, até seu sexo, que esquentou, ficou azul e não quis mais saber: foi junto, se mexeu, rebolou, provocou, mas nem precisava, que isso já vinha anunciado de noites e noites que pensava que um reencontro tinha que ser assim: de costas. Quando ele meteu, sabia que não deveria olhar os olhos que, sabia, não queriam olhar os olhos, desviados, dois na nuca, dois no sofá, escalando a parede, tentando, pra variar, escrever, dentro da cabeça o que pensava, sentia, o que acontecia (o que que acontecia?), mil notas de rodapé, adendos, desculpas, pra estar ali, fodendo como uma puta apaixonada, cachorra em cio, sabe lá, desculpas, justificativas, além da pura vontade, de há um século, de simplesmente dar. Dar a boceta, mas dar-se toda, dar-se além, porque ali era hora, ali era lugar, ali era corpo, um jeito de lhe segurar os punhos, um jeito de ser impessoal e de se enfiar, inteiro, dentro dela, inteira. Um resto de sede, um copo d’água, um resto de gente e saiu porta afora, não deixando ao menos um cigarro, dez reais que fossem, pra que ela soubesse, claramente, quem fazia quem, quando era de manhã.
Mari Brasil

sábado, agosto 09, 2008

MENINAS MIMADAS

As rimas bregas foram propositais, mas sairam meio que automaticamente, porque meninas mimadas SÃO bregas.Essa vai pro Cazuza, pra Pandora e pra mim mesma...Pan,tenta não se identificar, que também farei esse esforço...

MENINAS MIMADAS

Meninas Mimadas,
bem-nascidas
mal-criadas.
Será que alguém as estragou
ou nasceram estragadas?

Filhas-únicas, caçulas, adotadas,
criadas pela empregada,
são o xodó da irmã muito mais velha,
moraram com a avó em apartamento
e se tornaram esse tormento.

Onde vão,
chamam a atenção
não pensam ser o centro do mundo
elas SÃO.

Patricinhas,às avessas
se comportam de viés
esbravejam, esperneiam,
querem tudo aos seus pés.

Gritam com o garçom, e o beijam,
sobem na mesa , derrubam a cerveja.
Chutam, esculacham
brigam e se acham...

Meninas Mimadas,
elas sempre têm razão,
não pensam ser o centro do mundo,
elas SÃO.

Têm ciúmes da amiga,
da amiga da amiga,
da amiga da amiga com a amiga.
Se o cara não dá bola,
é certeza,ele é boiola.

Arianas, leoninas, escorpianas,
mandam, imperam.
Princesas, soberanas.
Querem todos do seu jeito,
e ai de quem não seja.
Elas são perfeitas,
e ai de quem não o veja.

Meninas Mimadas,
muito bem cortejadas
mantêm a auto-estima
sempre lá em cima
e nada lhes abaixa.

Meninas Mimadas,
não pensam ser o centro do mundo,
elas SÃO.

Elas são lindas,
e ditam sua própria moda,
e vivem reclamando,
NÓS SOMOS FODA!!!
(inclusive de aguentar!)


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