quarta-feira, junho 27, 2007

Ciúme




Tremam aos lábios as palavras de posse:
meu/teu
(Meu! Meu)
E se não sabia que era meu, que se derrame essa vontade:
Entre intervalos de alto destino
No prelúdio, já conhecia o desfecho
Teu gosto: Meu
Cuspam à fala amarga,
cem mil novos sons
E se não sabia a quem torturava,
que saiba agora,
Como um estandarte dos desejos, um cheiro:
Um cheiro teu: Meu!
Às bocas secas, um rio de saliva
Que implorava um rio no deserto de nossos amores.
À confusão do escuro, se ouvia, se gritava:
No ciúme da palavra, um texto.
Um texto teu: Meu!
À pálida estrutura,
Restava um oco, uma falta,
Uma sua sombra.
Agora anda e acompanha o outro corpo!
No dissabor que me restou:
Um corpo.

Um corpo teu.

terça-feira, junho 26, 2007

Se alguém também quer saber....


Continuava naquela fixação de buscar, incessantemente. Nos reuníamos, os três, em volta de pilhas de livros e abríamos nossos vinhos tintos, somente para ouvir o barulho agradável das quatro primeiras ejaculações das garrafas. E pensar.
Após alguns meses, nos fechamos em nossas conchas de reflexões intermináveis e não havia mais quase nenhuma palavra trocada. Percorríamos caminhos doloridos e diferentes dos demais: não conseguíamos parar.
Nos enrolamos, de tamanha maneira em nossas cruéis redes de sensibilidades e curiosidades e saudades e necessidades e... o medo era inevitável, mas, queríamos saber.
(Um deles, há dois anos, se entregou, completamente à sua esquizofrenia e, finalmente, alcançou seu nirvana: morreu, de infecção generalizada num desses hospícios públicos onde se colocam as pessoas que fazem muitas perguntas para si mesmas.)
(O outro, como eu, está vivo. Seguimos as outras alternativas.)
Meu medo era tamanho que eu dormia debaixo da cama. Não saía mais na rua, não conversava mais com ninguém. Também, não havia motivos – ninguém me responderia nada.
Estavam me perseguindo, era fato. Sabiam exatamente, como colocar uma agulha no meu coração e fazê-lo bater mais forte, até que meu peito estourasse.
Eu ia morrer.
Não. Eu ia ser assassinada.
Não é permitido fazer certas perguntas. E nós já havíamos passado a um outro nível de questionamento. As perguntas proibidas... nós as havíamos formulado em primeiro lugar.
Alguém interveio: fui levada a uma psiquiatra, que estava interessada em meus sonhos. Me obrigaram a tomar pílulas, para que meu comportamento voltasse ao “normal”. Aquilo? Aquilo estava diagnosticado: era loucura.
Os medos eram tantos, que temia as páginas envenenadas das bibliotecas. Parei de ler.
Joguei fora o cigarro, porque era nele que colocavam as agulhas que faziam meu coração bater mais forte. Parei de abrir as garrafas de vinho, porque eles as pegavam primeiro e hipnotizavam seus sons para que me dissessem “não”.
E eu reconheci, então, porque os outros não perguntavam. Não porque não sabiam, não sentiam, não precisavam entender, mas porque sabiam. E a dor e o medo se tornavam insuportáveis.
Então, eu desisti.
Como todos, mergulhei fundo na distração: me importei com rodas de amigos e conversas inúteis. Me importei com as roupas que usava. Me importei com a risada das piadas da televisão. Me importei com a faculdade para terminar. Me importei em ter um bom emprego. Me importei em deixar meus pais felizes. Me importei com a cultura pop, com a fome na África, com a corrupção no senado, com o final da novela, com o futuro da educação, com o porre de sábado à noite, com a busca incessante por orgasmos e outras destas drogas que nos distraem, nos mantêm felizes e com os cérebros ocupados o suficiente para que não façamos mais perguntas.
Agora eu sou normal. Minhas ilusões são a minha realidade. E eu tenho que dizer que elas funcionam: me sinto feliz.
Mas, às vezes, no metrô, ao perceber as estações passando, a velocidade, o tempo...
as dúvidas me espetam novamente, num segundo de reflexão que eu preciso apagar,
com todas as minhas forças.
Eu estava mais perto do quê?

terça-feira, junho 19, 2007

não chorei ainda

Desculpa não ter ido sábado.
Eu entrei no carro, arrumada. Liguei a chave e guardei o carro de volta na garagem. Tava aborrecida.
Fiquei vendo boxe feminino na tv.
É que as poesias andaram me enlouquecendo.
Bah! Desculpa mesmo, mas eu nem tava tão louca pra conhecer alguém assim...
(Isso é raro).
Fala pro seu amigo que ele vai ter que esperar passar essa crise.
(Mas, estou gostando).
Ué! Porque não tenho que provar nada pra ninguém, muito menos pra mim mesma.
Quando eu melhorar volto pra noite. Assim, ó!
(plec!)
Obrigada, mamãe também acha.
Não, não. A poesia não deu sinal de vida.
Sei lá.
Porque não deu, oras!
Se eu soubesse o porquê era porque ela teria dado algum, né?
(Professor mais tanso que eu arrumei...)
Ah! Nem vem! Você nem tem porque chorar!
Eu? Eu tenho sim...
Mas, não choro!
Não chorei ainda!
Meu deus, homem reclama de tão pouco...
Unha encravada...
Doendo tava era a lagartixa que a minha gata tava mastigando e engolindo viva, junto com o meu bom-humor de segundas-feiras.
Não sei se eu salvava ou deixava minha gata brincar mais um pouco, pra matar logo.
Salvei! Lógico!
Ah meu, eu odeio esse meu coraçãozinho mole. Tenho vergonha dele!
Por que? Porque ele me deixa fraca perto dos outros!
É ruim sim, porque os outros se aproveitam.
Olha ela aí em cima de novo: a vítima.
Também!
Porque eu odeio me sentir vítima. E me sinto, sempre: completamente injustiçada...
Como, “por quem”? Pela vida, oras.
Pela vida, pelo destino, por deus, você escolhe. Pelos acasos e pelos casos.
Não é que eu seja, é que não consigo evitar o sentimento!
Se sentir vítima é se sentir culpada, entende?
O ritmo? É pra compensar meu descompasso na contradança da vida.
Então! E aquela esperança mórbida que a gente sente por não se conformar com um belo "não, obrigada, eu não te desejo" fica fazendo círculos em volta da minha cabeça como as mosquinhas das quintas-feiras do outro texto!
É que... é que...
quando eu assumo e escrevo no papel, do exato tamanho que elas são... não mais do que dez palavras... pequeninas, cruas...
Eu vou ficando cada vez mais... anestesiada.
Então boa noite, porque amanhã tenho que levantar cedo.
Tá bom, é mentira, mas estou com sono assim mesmo.

segunda-feira, junho 18, 2007

Coisas da minha vida que eu não te conto


Eu jogo futebol muito mal. Prefiro chutar as canelas do que as bolas. Na verdade, não prefiro, só chuto. Não dá pra evitar com essa coordenação de pata.
Quando era adolescente, cheirei 3 papelotes de bicarbonato de sódio, achando que era cocaína. E fingi que fiquei alucinada pra impressionar a tchurma. É claro que eles ficaram impressionados com a minha estupidez, porque sabiam que era bicarbonato. Foram eles que arranjaram...
Na verdade, eu acho que até poderia ser possível casar e ter filhos.
Meu sonho era ser uma rock star. Ou uma executiva de uma multinacional.
Quando era criança, meu bisavô me abusou sexualmente. Ele não me fodeu, mas não foi nada agradável crescer e compreender porque eu achava estranhos aqueles carinhos tão secretos.
Eu gosto de banana, abacate e cereja. As outras frutas foram feitas para fazer suco. Ou para os passarinhos.
Tenho medo de engordar, como qualquer outra mulher noiada do mundo. Só finjo que não. Aliás, finjo me amar incondicionalmente muito bem.
Quando eu luto boxe, tenho medo de bater forte e machucar o outro. Mas tenho medo de apanhar também... muito! E, pior: tenho medo de apanhar e chorar...
Apesar de dizer o contrário, no sexo, eu gosto de ser dominada.
Eu só gosto de sopa no inverno. E só de algumas sopas.
E amo andar no mato, apesar de amar mais ainda reclamar de andar. E dos mosquitos.
Amo água. Sinto falta do mar. E de cachoeiras. Mas ando me virando com banheiras.
Sinto uma paixão platônica por um cara de longe. Mas escolhi deixá-la platônica. Nunca ia dar certo mesmo. Ele virou um amigo. Mas eu gosto de pensar nele, às vezes. De diferentes maneiras, antes de dormir: ele me acalma...
Eu amo fumar e odeio fumar. De qualquer forma, queria parar. Mas sinto que cigarro já faz parte de mim, da minha personalidade. Mas, o fôlego, a tosse... não quero que façam parte da minha personalidade também.
Acho um saco cortar as unhas. E gosto, às vezes, de ir ao salão pintá-las de branco ou vermelho.
Assisto TV demais. E só coisas bem bestas e inúteis mesmo. Discussões filosóficas são só fachadas na minha vida - elas me enlouquecem quando eu as levo à sério. E eu odeio a TV Cultura - é chata pra caralho.
Eu leio horóscopo. Leio o seu também.
Sempre tem uma música tocando na minha cabeça e eu não falo qual é.
Todo dia eu me pergunto o que estou fazendo com a minha vida. E ainda não sei.
Acho a Academia uma piada de mau gosto necessária.
Eu nunca estou satisfeita comigo mesma. A culpa é da minha mãe. Ela também nunca está.
Dormi com o melhor amigo de um dos amores mais fortes da minha vida. Só para me vingar. É uma das coisas que mais me arrependi de fazer.
Eu tenho chulé.
Sábado eu não saí pra pegar uma foda certa. Entrei no carro, bem arrumada, dei meia-volta e o guardei na garagem. Fui assistir boxe feminino na TV. Me sinto uma idiota por isso. Mas também me sinto aliviada.
Eu sou extremamente arrogante em algumas coisas. E extremamente insegura em todas as outras... e não entendo o porquê de nenhuma delas.
Tenho vergonha de ter voltado a morar com meus pais.
Sinto muita inveja. E me sinto culpada.
Sinto muita saudade de tudo.
Eu odeio amarelo e laranja. E rosa.
Não entendo por que as pessoas usam boné. É feio demais.
E sinto sua falta.

quarta-feira, junho 13, 2007

Dia do Pois É!!


Chega dia 12 de junho e ninguém mais tem paz. Desde a hora que a gente acorda a questão é: “e o namorado”?
Liga a tia de não sei onde, que eu não vejo há 20 anos e o papo não é saber se eu ganhei a bolsa que estava pleiteando, nem se minha pesquisa de doutorado vai salvar a humanidade, nem se eu tou com gripe, nem porra nenhuma. Do outro lado da linha, a vozinha esganiçada só quer a resposta para: “cadê o namorado?”.
Pois é...
Encontro a vizinha na rua, a caminho para a depilação e, como se eu já não estivesse atrasada para uma sessão de tortura de uma hora, a desgraça resolve me parar pra conversar. E qual é o tema?
Pois é...
“Mas você não estava com um namorado? Um que veio de não sei onde e fazia não sei quê? Lembra?”
Não! Não lembro, porra!
(Ex-namorado foi feito exatamente pra gente esquecer... se possível, pra gente afogar, mas, se não der, no mínimo, pra esquecer...)
(perguntinha idiota...)
Mas ela não se conteve e teve que dar uma alfinetadinha:
“Mas olha menina, já ta quase trintando, hein? Vê se arruma um logo! Senão vai virar tia!”
(Uhhhhhhhhhhhhhh!! Que meda!)
Acho que tá escrito na minha testa: “mulher bonita, inteligente e batalhadora que necessita, desesperadamente, de um marido para ser feliz, porque o resto não serve pra nada se você não virar Amélia em algum momento da sua vida”.
(Vou mandar bordar numa camiseta: “ninguém é feliz até lavar cuecas”)
Minha tia também veio me perguntar do meu namorado e...
Pois é...
Ela achava que eu estava namorando um cara que... meu deus, eu namorei há uns 7 anos. Será que ela realmente achava que eu ainda estava com ele, apesar de almoçar todo fim de semana na casa dela e não mencionar o sujeito? Ou só queria puxar o assunto?
Pois é...
Mas a melhor parte foi a mulher do banco, amiga da minha mãe. Depois de uma fila de uma hora, chego no caixa pra pagar a bosta da conta. Eu só queria ir logo, tou com gripe, quero cama...
“E o namorado?”
“Pois é...” – sorriso amarelo nos lábios.
“Não tá mais com ele?”
“Ele quem?”
“Com aquele... engenheiro, acho.”
“Engenheiro?”
“É! Você não namorava um engenheiro do ITA? De casamento marcado?”
“Acho que você está me confundindo com alguém...”
“Não! Você não é filha da Helô? É você mesma! Como ele chamava? Roberto, acho.”
... Ah, vida!
Me arrumaram um engenheiro para casar chamado Roberto. Milico ainda. Eu mereço...
“Não, não, acho que você está me confundindo mesmo, não tem nenhum engenheiro. E eu só queria pagar esse boleto, porque venceu e...”
“Mas eu tenho certeza que era você!”
“De qualquer forma, eu só vim acertar essa conta e...”
“Bom, mas se não tem engenheiro, tem o que agora? Um médico?”
Eu mereço...
(por que as pessoas só enumeram as profissões que eu acho menos atraentes na vida? Só faltava ela dizer advogado...)
“Ou um advogado?”
“Não, não, sem namorados desse tipo. Mas a conta...”
(Cu!)
Finalmente consegui pagar a conta. Depois as pessoas não entendem os motivos das filas nos bancos...
Cara! Que saco, parece obrigação! O que responder pra "e o namorado"?
"Então, na real eu acho esse papo muito careta e só tou pegando quem eu tou a fim aí"...
Pra uma tiazinha da idade da minha mãe? Pra minha avó? Não dá!
E um amigo já me disse pra responder “vai bem” e colocar um ponto final na história. Mas não dá, porque aí é que o bicho pega: vão querer saber o sexo, cor, altura, largura, se é de família boa e quantos pentelhos tem no saco...
Decidi então que hoje é o dia de se falar “pois é”, que é bem como eu reajo quando acho que não tenho nada pra explicar...
Pois é...
mas a real é que tou explicando demais.

quinta-feira, junho 07, 2007

É véspera de feriado


E eu estou aqui em casa, puta da vida, me coçando pra pegar meu carrinho e me mandar pra um bar. A vida sem “auto-afirmação enquanto fêmea alfa” parece ser extremamente complexa. Só consigo pensar em correr pela noite e beijar várias bocas, só pra ter certeza de que posso – e posso -, satisfazer meu ego de caçadora sem-vergonha e voltar pra casa feliz às oito horas da manhã.
Estou com uma estranha saudade de um moleque sem-vergonha que me abandonou no feriado pra ir à Bahia. Não bastasse abandonar no feriado, ainda para viajar, ainda pra Bahia.
Vai se foder.
Descobri que saudade não tem a ver com o tempo, mas com a idéia de distância que imaginamos cinco segundos depois de a pessoa sumir da nossa vista prometendo ir pra longe.
O pior é que uma saudade desencadeia todas as outras: a última paixão me dá saudades e me confunde. Agora já não sei mais se sinto saudades só do moleque, ou só da última paixão, ou dos dois mesmo, ou se só estou com raiva do moleque por ele ter ido ver o quê que a porra da baiana tem. Mas acho que é tudo junto – meu coração é grande e profundamente mal-resolvido.
Gosto de vinho tem o gosto dele. Mas esse vinho tá velho: um porre de vinagre e a vida vai ficando mais feliz. Ficaria mais ainda com sexo, mas parece que hoje nada vai pegar porque eu queria mesmo era ser pega por aquele moleque filho da puta que deve estar pegando uma penca de baianas bananas.
Quando falta sexo eu fico mais azeda que esse vinho.
E eu estou mesmo é fodida, porque o moleque usa palavras como “ontologia” e “hirsuto”, no meio de poesias que me manda. E eu leio no dicionário o que é ontologia e, ainda assim, não entendo; e ainda acho que, apesar de tudo, “hirsuto” deve ser pornografia ou palavrão.
O pior é que, mesmo lendo o significado das palavras no dicionário, eu sei que estou totalmente longe de entender o que se passa naquela cabeça de poeta maldito. Mas o pior mesmo é que eu queria entender e isso eu não entendo...
Talvez eu goste dele.
Vou pro bar e só vou sair de lá quando ele voltar.
Ou talvez um dia depois, pra fazer charme...

segunda-feira, junho 04, 2007

Inocentes...


Nem ouvir a tua voz... nem saber dos teus amores, nem lembrar do seu rosto, ver a sua imagem ao meu lado, ou conversar bobagens nesses entremeios de vida... nada, nada, me afeta mais tanto.
Mas suas músicas, estas me afetam para sempre. Mesmo as alegres, as bobas, algumas tristes, que me doem cada centímetro de unhas enfiadas nas minhas próprias mãos.
Quando ouço aqueles gritos ritmados, também em mim reside a vontade de me transfigurar em um único, forte, agudo que percorra todas as distâncias.
Se músicas fossem inocentes, elas não me machucariam mais do que as suas palavras. Suas palavras não me machucam mais...

me desarma com um sorriso e eu ouço...
as músicas, feridas deliciosas, auto-torturas que eu me inflijo, sem parar, sangrando, rodando aqueles cds, sem parar. Cantando, assobiando, ou apenas escutando mentalmente uma seleção automática dos meus desejos mais profundos.
Elas me trazem uma saudade cruel, que não é nem de você, nem de um tempo, nem de um lugar nem de nada que existe de verdade, nenhuma categoria física, mas de tudo que me cerca e eu não conheço, mas amo e sinto falta. Falta, falta!
Falta sempre um refrão, falta uma estrofe, um acorde, um arrepio de um gato que passa correndo por trás do muro, que eu procuro sentir enquanto passo as faixas para frente e para trás, repito algumas, pulo outras.
As melodias me tocam, ora suave, ora forte, ora nunca. Sempre, como um vício.
Em que lugar do céu as músicas tocadas vão repousar depois de tangenciar meu conforto, me tornando tão desconfortavelmente confortada? Elas se perdem, em ondas, para serem ouvidas pra sempre por ouvidos de outras dimensões?
Não...
Ecoam pelo universo e voltam a me incomodar, vez ou outra, cravadas que estão, na verdade, num lugar muito mais difícil, escondido, no labirinto que sou eu mesma...
Será que é a sua memória que ainda me afeta ou elas não são, de forma alguma, inocentes?
(talvez você esteja gravado na memória delas)
Amantes extraordinárias e fugidias: por isso a saudade. Nasceram, sem que seus compositores percebessem, para nos deixar momentaneamente perplexos e assombrados, entretidos e detidos, perdidos para sempre na suspensão daquelas notas.
Não há nada de inocente nos inocentes arranjos que agora me acariciam. Provocam tantas mudanças e inquietações que deveriam estar presos.
E estão...
Em mim. Em você.
Estamos, para sempre, atados,

apaixonados...

pelas nossas músicas.