terça-feira, abril 29, 2008

Aí um dia você acorda

Aí um dia você acorda de tanta solidão. Com três (TRÊS!) pessoas ao redor.
É certo que é uma que te cativa. É sempre assim.
E é exatamente essa uma que te faz tremer nas bases e não saber onde pisa. É em função dela que se leva as outras. E, em função dela, que acaba se levando, você mesma.
Nossa cabeça dá um giro... dá outro e mais outro. E dá nisso: tonta! A gente vira uma tonta!
Por que a gente nunca sabe o que dizer? Por que a gente nunca sabe o que deve contar, o que deve calar?
Por que tanta vontade de ficar perto? E por que tanto medo?
Eu te digo um oi, aonde, embutido, vai “meu coração está aí na mesa à sua disposição”.
Você responde um oi, e só um oi, pra mim.
O que passa na cabeça do outro é a pergunta central. Quando deveria ser: o que me importa? Por que me importar?
No final, nada funciona.
É certo: eu não sei mesmo ter relacionamentos!
Não sei o que dizer, o que fazer.
Chego em casa e vou tomar banho com a sua imagem na cabeça. Sua voz.
Mas eu não sei o que você quer!
E estas outras duas pessoas? Eu abandono?
Posso gostar delas também. Mas, preciso me dedicar...
Já você... diferente... gostei de cara! Assim: deu! Pronto! Eu gosto!
Mas precisa manter. Não posso te tirar de foco. Ou posso. Mas... devo?
Dar a chance para te esquecer? E lembrar de outro? Todo dia, no meu foco?
Mas a promessa de você é tão boa. Que eu tendo a viver dela...
E eu te conto? Das outras duas?
Eu abandono? As outras duas?
Pra depois você ter sido só uma promessa, de novo...
E eu voltar a dormir

DESEJO


Do osso, a pele grudada.

Da confusão, que se decida!

Quando a noite pergunta, peço-lhe o sol.

Da insegurança, quero que não me faça perguntas.

Da insegurança, que confie em mim.


Da tristeza, preciso do sorriso.

E, quando acordo, o sonho.

No meio do deserto, quero seu oásis.

Na falácia, busco as verdades,

como se houvesse, nas entrelinhas...


Da mudez, quero as palavras,

poesia e melodia.

Da apatia, desejo o ímpeto.

No medo, quero a coragem.

Da ocupação, os seus horários...


Olha para mim sem enxergar nada,

ouça minha voz e não me escute,

atropele enfim os meus caminhos,

pois, quando amo,

desejo nada menos que o seu impossível.

domingo, abril 20, 2008

mania de escrever

Vontade de escrever,
Não sei bem sobre o quê.
Amor, sonho, saudade, ilusão,
Coisas que vem e vão...

Escrever sobre você?
Podes não entender!
Escrever sobre mim?
Posso corromper...

Sigo na vontade
De ter de verdade
Um bom motivo.

Bom motivo?
Apenas estar vivo!
E saber combinar as palavras

Em frases
Por fases
Que trazes
Na língua furada
Na mente pirada!

Domingo chuvoso


Domingo chuvoso, na casa da Me, vendo filme que já vi umas 80 vezes.
A reunião das meninas, que era hoje, melou no fim das contas. Acho que ninguém mais queria comer minha torta de banana, ou tomar vinho entre uma frase e outra denegrindo a imagem masculina... rs! rs!

Na verdade... foram apenas desencontros...

Ontem fui a uma festa chamada "devassa" com uma amiga.
É uma dessas festas organizadas pelas pessoas mais "descoladinhas" destas cidades provincianas que pensam não serem provincianas. Aquelas pessoas que usam óculos quadradinhos de aro vermelho, fazem "design" ou "moda" ou "sociologia" e usam muito xadrez na composição das roupas.

Nesse último item eu as invejo - adoro xadrez.

Mas... na hora em que me olhei no espelho, pronta para a festa... pensei que uma pessoa que eu realmente gostaria que me visse daquele jeito é aquele cara.
E, provavelmente, ele poderia filosofar horas e horas sobre a futilidade das minhas meias 7/8... mas eu queria tanto. Que você me visse assim...

Desejar estas coisas me dá muito medo.

Sei que são apenas um par de meias.
Sei que é apenas um vestido muito curto e um sapato de boneca. Talvez, apenas uma maquiagem exagerada, como se fosse a uma festa à fantasia. Mas essas fantasias... por algum motivo incompreensível pra mim, são importantes.

O medo é de, por alguma razão, imaginar que vc possa compreender essa minha incompreensão...

e de tudo que pode acontecer a partir disso...

segunda-feira, abril 14, 2008


Fechado para balanço, dizia a placa na porta. E em letras bem miúdas: por tempo indeterminado. Há tempo esperava esta hora, embora não quisesse. Passara muitos anos fornecendo flores, ora triste, ora feliz.

Guardava num canto especial da floricultura uma pedra de cristal. Sabia que seus poderes estavam além do amuleto. Ainda assim conservava-o como ente de contemplação. Como se pudesse vislumbrar os ciclos, repetidos por milhares de anos, fitava a rocha como às pessoas. Podia apreender os detalhes. E até então, usara seus poderes para vender as flores.

Desejava que todos pudessem apreender a beleza flores, que pudessem sentir o perfume das rosas, que gastassem um tempo com a simetria das compostas, ou que pudessem admirar a majestosa masculinidade nas anteras dos lírios. Queria que deixassem seduzir-se pelas Nymphaeas. Sentia profundo prazer em contar sobre as flores, mas não conseguia lidar bem com o desinteresse alheio.

Gostava mesmo das pessoas que não sabiam o que procuravam. Sentia um imenso prazer ao saber das histórias e sugerir flores, às vezes folhas. Certa vez chegou um senhor docemente triste. Buscava lírios brancos. E não foi difícil saber pra quem. As perdas são sempre compartilháveis. Mas havia tanto amor em seu coração. Ela então sugeriu rosas. Vermelhas e amarelas. Mas no cemitério? Por que não? Todos acabavam por se render aos sinceros olhos, tão verdes quanto às folhas de um filodrendron. Havia um poder estranho naquele jeito de olhar. Parecia penetrar na alma como raízes em busca de água.

Tinha uma paciência invejável. Recebia a todos com alegria, até mesmo aqueles que buscavam nas flores alternativas para a falta de tempo ou de criatividade. Então fazia do presente o seu presente. Nessas horas emergia um sentimento estranho... Sentia-se triste diante da pressa, do descuido, da loucura do mundo moderno... Recusava-se a fornecer flores para grandes eventos. Sabia que terminariam todas esquecidas num salão às escuras. E ela tinha demasiado apreço por suas flores.

Certo dia, do outro lado da rua, sua morte fora anunciada. Inauguraram uma loja de artigos de decoração especializada em vasos e plantas artificiais. Queria acreditar que as pessoas não se deixariam levar por tamanha futilidade. Queria crer que o romantismo das rosas, a alegria das margaridas, a elegância dos lírios e o aroma dos jasmins eram insubstituíveis... Estava errada.

Certa noite, debaixo de um céu estrelado, a senhora pensou em todas as coisas que vivera até aquele dia. Pensou nas pessoas, em seus sentimentos e suas intenções. Pensou nos contra censos. Lembrou alguns dias especiais. Calculou todo seu esforço e com algumas lágrimas nos olhos tomou sua decisão. Embora já soubesse, custou-lhe muito. Calmamente desenhou a placa. Queria ainda acreditar que não seria para sempre. Escreveu, portanto, por tempo indeterminado. O balanço, na verdade, estava feito. Mas não podia abandonar completamente seus sonhos, suas plantas, seu ponto, sua história, sua luta e sua vida... Igualmente não podia abandonar sua alma.

Porém, o mundo novo e suas exigências eram insustentáveis diante daquele jeito simples e meigo de encarar a vida. E com a noite ainda escura, despediu-se de cada plantinha, apanhou alguns copos-de-leite, pegou a pedra... Pendurou a placa na porta e se foi.

quinta-feira, abril 10, 2008

Domingo Chato Pra Caralho!

Hoje eu passei um domingo desses assim: que a gente gostaria mesmo é de estar com alguém que te deixe embriagado de carinho, embaixo das cobertas, ficando “de preguiça”. O problema é que não tem ninguém assim comigo agora! E eu aqui, tendo que fazer um trabalho loser, querendo uma paixão de fim de semana, que fosse, pra acalmar um pouco esse meu “excesso de carinho por falta de irradiação por contato”.
Nessas, a gente começa a inventar paixões de faz-de-conta, como esse menino que mora lá longe e eu não sei o que sente por mim, ou o que sinto por ele, porque já faz um tempo e foi tão pouco tempo que passamos juntos! E eu queria acreditar, mas é complicado...
Ou, todos os ex que foram marcantes se transformam no Freddy Krugger e fazem dos meus sonhos pesadelos, porque vêm conversar comigo aquelas conversas que eu desejei tanto há um tempo atrás, encostando a pele na minha e me deixando numa dormência cerebral de “volta pra mim”. E eu volto no sonho, e tudo é tão lindo até que eu acordo: e não tem ninguém do meu lado na cama! Só o meu ursinho!
É! Eu tenho um ursinho! E daí?
E o pior é que a gente toma cada rasteira, que mesmo conhecendo pessoas novas na semana passada, nem se dá ao trabalho de pegar um telefone, ou de passar o seu e-mail, porque parece que não vale a pena. A gente sabe que a pessoa não vai ligar, não vai atender, não vai querer, enfim, começar uma história junto da sua.
Tudo (tudo!) só piora no domingo lento e frio que vai passando como se fosse você, lenta e fria, meio desistente de tentar tudo de novo.
E a minha amiga me diz pra eu parar um pouco e pedir pro universo que amanhã cruze o meu caminho uma pessoa massa que seja muito companheira e que queira desfrutar um outro tipo de domingo comigo! Ou que aquele menino de longe de repente diga alguma coisa... que faça perder o medo de gostar dele, mesmo assim, à distância, promessa de próximos domingos...
Mais difícil do que começar de novo, é acreditar que se possa começar de novo. Que, de repente alguma coisa possa dar certo. Que esse pedido ao universo dure mais que algumas horas...

quarta-feira, abril 09, 2008

Dois em Um





Duas cidades
Uma história
Duas noites
Um sentimento
Dois pares de meses
Uma saudade

Duas bocas
Um beijo
Duas cabeças
Um travesseiro
Dois mundos
Um desejo

Par de Ases


Muitas e muitas vezes já me percebi contraditória. O tempo todo, para ser mais sincera. Tento conciliar os sentidos opostos que aqui têm morada e surge: este serzinho que não sabe se dá mais atenção às aulas de técnica vocal de heavy metal, ou ao doutorado em ensino de ciências da Terra. Se, na quinta-feira à noite, vai para o treino de basquete, se matar de correr, ou para o bar, fumar, beber e arrumar uma vítima para comer o cérebro. E se, na hora de ir ao banheiro, leva um gibi da turma da Mônica, ou Crime e Castigo...
gato ou cachorro...
preto ou branco...
Já é difícil quando as contradições são minhas: características malucas e opostas que ficam jogando pingue-pongue com a minha vida. Pior ainda é quando dois lados opostos escolhem dois caras opostos para a tansa aqui se interessar...
É que eu andava me curando de amores marcantes, sonhando com amores distantes, enfim, sozinha aqui, apenas com as minhas contradições... e elas, de repente, me dão um encontrão na semana passada, materializadas em prováveis “homens da minha vida”...
Sou eu, estampada no motoqueiro doidíssimo, que dorme muito tarde, toma muita cerveja e fala muita abobrinha com os amigos no bar. Uma jaqueta de couro e caveiras, pra assustar o vento quando sonha com estradas sem objetivos, a não ser o de seguir. E, se não houver amanhã, pouco importa. Porque hoje, eu vou beber e dançar e trepar até me esbaldar, voando em duas rodas, até onde der. E amando o caminho.
Um desespero calmo.
E sou eu, no professor que quer mudar o mundo, impregnado de uma ideologia cristã bobinha de paz, igualdade e... Paulo Freire, lindo, questionando regras sociais tão injustas. Buscando explicações filosóficas pra esse vazio aqui dentro, que dói e, por isso mesmo, leva a gente adiante. Quero entender o prazer que sinto, ao ver que o Marx já achava isso que eu acho! E que Garcia Márquez não deve ser lido, mas que tenho que transar com as suas histórias.
Uma calma desesperada.
Quando um ouve blues, entende que cada toque é numa parte do corpo diferente. Fecha os olhos e sente.
E, quando o outro ouve hard rock, sabe que cada batida é um motivo para se balançar descontroladamente e desabar ao fim da música.
Uma boca é tão larga e carnuda e macia e... eu quero ela por todo meu corpo!
E um olhar quase obsceno, que só me faz pensar em sexo, mesmo nos momentos mais sérios.
Jeitos de amar tão diferentes e bons que... não dá!
Não dá, meu!
São duas vidas lindíssimas e atrativas de formas tão completamente diferentes que fica difícil escolher. É como negar um pedaço meu...
Por que eles não se encostam e viram um só?

terça-feira, abril 01, 2008

tempestades


Um raio, um risco, um relâmpago violento
Meio segundo e uma tempestade...
Descarga de todos os meus sentimentos.

Uma tormenta numa porção de bits
Que se materializa em interpretações solitárias
E incertezas de um lugar que não existe.

Só meus pensamentos criam a ilusão de fazer parte.
Ilusão conhecida. Recusada. Re-querida.
Coração tolo!
Ainda sabendo que a tempestade passa, padece.