segunda-feira, setembro 29, 2008

QUERO UM OGRO!!

Quero um homem.
Não,melhor, quero um macho.
De homem o mundo tá cheio,
o que falta é macho!
Pensando bem, não quero um macho,
quero um trator!
Alguém que me trate como lixo
e me passe por cima
feito rolo compressor!
E me tire a responsabilidade
de ter que pensar, agir,
fazer.
Quero alguém que faça por mim
que pense e aja por mim.
Tô com preguiça da vida!
Qeuro um camioneiro,
que passe por cima de mim
e dê ré.
Que me largue na estrada
e faça eu ir a pé.
Quero um cavalo,
que segure minhas rédeas
e me chame de mulher,
de vaca, de égua, sei lá
do que quiser...
pois quem manda é ele.
Quantos homens hoje em dia
nos fazem nos sentir mulher?
Temos que nos sentir mulher sozinhas...
Quero um animal,
selvagem,
que me domine
e faça perder a coragem.
Quero um domador de circo,
que venha com chicote na mão
que dome a fera só no grito.
Essa fera, esse monstro que me habita,
que me dá tanto trabalho manter,
com o qual brigo o dia inteiro
prá me sustentar em pé.
Tô com preguiça de mim...
Não quero mais briga,
mais conflito
quero que alguém me coloque na jaula.
Quero um estuprador,
que não me espere querer,
que não me dê chances de opção
nem tempo de escolha,
que quando ver já foi.
Quero um ogro,
que me mande
e me mande calar a boca.
Pra eu poder ser princesa sossegada....

Rúcula!




De vez em quando eu fico assim: falta algo. E daí parece que qualquer coisa serve. Saio por aí a engolir uns mundos. Engulo bife, chocolate, arroz de forno. Começo a engolir meus amigos, sem sal, com sal. E qualquer um que me apareça...

- Peraí, perae!! Que não é qualquer um não!
- Peraí, que salada de rúcula... não senhora! A senhora não engole assim não!
- Também não quis engolir seus vizinhos que te chamaram para festinhas e filminhos...
- Torceu também o nariz pro matemático – e olha que esse queria que você engolisse ele todo, hein?! Hein?! Han!
- Ah! E nem berinjela, você também não engole!

Mas parece até que eu fico escolhendo quando falta... não escolho não! É o que tiver, pra dentro de mim! Saio atrás! Mas não tem nada que cale...

- Mentira deslavada! Passa fome, morre de i-na-ni-ção. Morre de tanto falar não!
- E ainda reclama que falta!
- Chora pelos cantos. Diz que ta faltando, faltando, faltando. Que está tão triste. Nada, nem ninguém que sirva de petisquinho para tapar os buraquinhos da alma...
Juuuuuuuuuuudiação!

Estou aqui morrendo de falta de preenchimento. Virei uma falésia que se projeta para o infinito, e nada de se alimentar, de mar, de céu, de pedra, do que complete e encha até a boca, que transborde, que estoure!
Quero ser criança e brincar de explodir bexiga com mangueira no bico...
Tá vazio e frio. Quero me encher de roupas, um guarda-roupa infinito, e cobertores e cobertores para esquentar, que do calor a gente se ocupa...

- Pfffffffffffffff! E sai à toa de mini-saia no vento, quanto menos roupa melhor! Esquece que até ar ocupa espaço, vai seguindo o passo, ignorando até que respira e enche os pulmões!
- Chega um, outro. E você corre. Corre que, se coubessem aí dentro, você ia ter era de se desocupar de você mesma! Passa tanto tempo nesse seu umbiguinho que não tem lugar pra mais nada...
- E chora com essa cara de abandonada... vai cozinhar almocinhos invisíveis, “para relaxar”, diz. E não convida ninguém para se sentar à sua mesa, que não quer mesmo é dividir... e aí reside... é aí! Que reside o fato: não precisa de nada para preencher entre os dois braços, que andam ocupados de tanto abraçar você mesma...

Não é nada disso! Estou morrendo vazia devagarzinho. Murchando toda aqui no peito. Louca de amor pra doar, de carinho, afeto. Queria de volta um pouco também. Ando precisando! Alguém para diminuir a distância do meu abraço... vazio, vazio... aí vai uma feijoada no sábado. Quase um porco inteiro! E tou comendo! E mais uns livros, que são para encher a cabeça! Músicas para as orelhas, imagens para os olhos. Muita televisão, filmes. Cigarros para os pulmões. Tudo vazio. Tudo vazio. Um buraco, só a casquinha. Eu tou que sou só a casquinha...

- Que casquinha que nada. Tá é cheia! De si! Espantando tudo que chega perto! Ainda se fossem só as moscas... mas são elas, os cachorros, os gatos, os garotos, os velhos, as saladas de rúcula, os parentes, os músicos, os escritores, os professores. Inventou uma perfeição inatingível, do tipo filet mignon francês do melhor cozinheiro do mundo, ou vinho francês de uvas já extintas, músicas que o Bach só pensou a respeito, mas não escreveu. Quer é que ninguém nem nada se aproximem e ainda diz que está sentindo o vazio. Tá é cheia de rodeios! Inventando desculpa para ser distante...

Conheci um garoto na sexta-feira. Parecia um garotinho mesmo – mas não era. Só conheci – não o beijei, nem nada. Amei essa pessoa. Adoro essas pessoas que adoro assim, de graça. Queria passar horas e horas. Engoli-lo todo. A mão dele na minha, para que quando eu fechasse, não estivesse vazia. Ele junto de noite, preenchendo a noite! Só conversando, perto. Queria pedir a ele que fosse meu irmão, talvez seja isso que falta: irmão. Mas ele ia me achar louca...

- Olha, faça-me o favor de tentar enganar outro. Não quis agarrar o cara porque ele não cabe na mega-idealização-impossível que você, senhora “vazia”, inventou para continuar como está: trepando com você mesma, de tanto medo de dar a cara para bater na vida, de tanto medo de olhares desaprovadores, de tanto medo sei lá de quê que inventou, essa mania de perseguição do mundo! Tá aí: encha-se de medo e de mania de perseguição e seja feliz. Mas pára de me encher o saco agora! Ta vazia? Aceite o que tem. Só um pouquinho: um exercício de humildade, um exerciciozinho de contentamento, só para ver no que dá... vamos lá.

Mas... qualquer coisa? O que vier?
Não dá! Rúcula não dá!

- Precisamente...

quarta-feira, setembro 17, 2008

A GATA

A gata,
de vestido de gato,
de blusa de Chat Noir,
de pesinho de porta de gato preto.
A gata, ousada,
iluminada, por luz própria.
De ser bruxa quando ficar velhinha,
morar na floresta,
rodeada de gatos.
A gata,
de gatos em volta,
em forma de mensagens
de telefonemas,
campainhas...
A gata que se faz amada,
que deixa a gente preocupada,
quando faz coisa errada.
Bom, o que é errado prá mim,
prá ela pode ser nada...
A gata,
de gato tatuado nas costas,
de grito de maritaca.
A gata que tem uma cachorra que é uma gata.
Como nos sonhos de Jung,
a gata não caça,
chega de manso e se faz notada.
A gata que precisa estudar, trabalhar,
mas, às vezes, prefere não pensar em nada...
Ela é A GATA.
gata mulher, menina,
gata meiga, felina,
gata querida,
essa bichana
chamada Mariana.

quarta-feira, setembro 10, 2008

NAMORADO AO FORNO

Fui fazer aulas de culinária para dispersar minha cabeça de......homens.
Sim, porque ultimamente tenho sido chamada injustamente e com frequência de ninfomaníaca, pintomaníaca, tarada... de tudo isso fui chamada, porque será?
Bom, achando que meus amigos poderiam ter um pouquinho de razão, pois ouvi dizer que quem avisa amigo é, resolvi ir prás tais aulas .
Chegando lá, o dono da academia de culinária se apresentou( que bom, ele é horrível!) e chamou a turma, composta de 9 mulheres e um homem, que não faz meu tipo ( que bom de novo!)
Puxa!Respirei aliviada! Que maravilha! Estava finalmente no lugar certo, onde nem tem cheiro de macho, só de alho e cebola!
Tudo ia indo muito bem até aparecer..... o PROFESSOR!
F-o-d-e-u!
Um metro e noventa de homem, mais aquele chapéuzinho ridículo de maitre, ( que nele fica lindo!), perfazem 2 metros e vinte!!!
E além de tudo tem um jeito de mexer com a colher...
No início da aula ele perguntou quem cortaria as cebolas.Eu prontamente respondi:
-EU! isso porque eu já tava com vontade de chorar imaginando aquele homem me comendo em cima do fogão industrial, no canto da pia, pendurada na coifa, com o feijão no fogo e a saladinha gelando...E cortando cebolas eu teria pelo menos um disfarce;podia chorar à vontade.
Aí cortei as cebolas e chorei, chorei muito....
Ele me perguntou se não segui as regras que ele havia ensinado para cortar cebolas sem chorar.Eu respondi que prometia aprender na segunda aula. Preferi passar por burra a ele perceber que tava morrendo por causa dele.
Pensei em passar-lhe uma cantada:
-se eu cozinho, você come?
-se eu lavo eu não cozinho, se eu cozinho eu não lavo!
-vai comer ou quer que embrulha?
Melhor não, pensei.Prefiri ficar quieta, mas na hora que ele foi preparar a salada , aí quase gozei:
Higieniza-se e lava-se a rúcula.Distribui-se a rúcula pela travessa,puxando-a com movimentos para fora,de modo que desenrosquem os cabinhos uns dos outros.Em cima, no meio, somente folhinhas sem cabinhos para decorar. Pega-se o molho já preparado com um copo de yogurte natural,meio limão, pimentas pretas moídas e sal. Divide-se esse molho em 3 partes: a primeira joga-se sobre a rúcula, ficando assim o molhinho branco sobre a verdura.À segunda parte, mistura-se geléia de frutas vermelhas e joga-se o molhinho "cor de rosa" sobre a salada. Na terceira parte, mistura-se muuuuita geléia e joga-se o molhinho vermelho.A decoração ficou meiga. Aí, ele jogou geléia pura, Num guentei e eu disse em tom provocativo:
-Que abusado! a hora que eu vi já tinha falado.
Ele me olhou com um olhar de quem queria me comer e deu um sorrisinho safado de canto de lábio e me perguntou:
-Então eu sou abusado?
Agora não vejo a hora de chegar quinta-feira , pra segunda aula. Vamos fazer "namorado no forno". Já imaginaram o que eu pensei né?
Será que vai dar um bom assado?
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domingo, setembro 07, 2008

ZERO! PERFEITO!


Saímos do quarto do motel.Ele é do tipo que não fode, faz amor.Ele me beija ao descer as escadas,na garagem,no carro, no curto caminho até a cabine,enquanto esperamos a moça da cabine perguntar se foi bom...Espera aí.Estamos entrando ou saindo?

Pegamos a estrada e contabilizo os créditos e os estragos dessa noite.Mas isso não seria prá eu fazer mais tarde?Agora não seria a hora de eu começar a exorcizar o cara? Não enquanto ele não parar de me beijar.Seria cruel, comigo e com ele.Nesta hora não era a hora de ele ficar quietinho no banco dele, e eu no meu, pensativos?Bom, paulista gosta mesmo de aproveitar o tempo...E é gostoso uma pessoa carinhosa prá variar...

-Prá onde você vai? perguntei.

-Pro centro.

Caralho! Centro? Esse cara não podia pegar um ônibus, um metrô, um barco, um navio? sei lá...

Ela me diz que o mínimo que se pode fazer depois de uma boa foda é dar uma carona. Cacete! Lá vou eu pro centro! Ela tá certa. Pela foda nem sei, mas de que outro forma eu iria pagar por tantos beijos?

O Ben Harper no rádio, e também quase ao meu lado no banco de acompanhantes, a continuar....me encher de beijos. Minha pele de ítalo-descendente branquela já tá toda ralada.Amanhã vai descascar.Ela também fala que o melhor esfoliante é barba mal feita.Espero que ela esteja certa de novo! Minha amiga Janis sabe das coisas e confio nela!

O Ben Harper dá lugar a Lenny Kravitz . Essa rádio tá de zueira comigo.Agora quem parece estar do meu lado é ele, o Lenny. Esqueci de contar a ela que o apelido dele é Lenny. Ela iria rir...

O centro ainda tá longe...Lembrei que marquei com alguém prá almoçar.Bom, é só atrasar, não tenho opção.

O sol de quase primavera, ao meio-dia, queima meu rosto.Esfoliação + sol hoje = dermatologista amanhã.

Trânsito de pessoas voltando do trabalho, trocando de turno, indo almoçar,indo pro shopping perdidas sem saber o que fazer com o tempo de ócio de sábado a tarde.Há que gastá-lo prá não enlouquecer.Ninguém está acostumado com tempo de ócio. Que imbecis!

Acabo a contabilidade no exato momento que ele diz:

-Aqui tá ótimo!

Créditos menos estragos = zero. Que bom!

-Obrigado pela carona!

-Magina, seria o mínimo não?

Que bom que tenho quem me ensina ser bem educada!

Penso em ficar sem beijar por uma semana. Sei que amanhã vou mudar de idéia!

Desço, tomo um café com pastel. Não resisto a café com pastel de bar de centro, principalmente quando acordo. O sol agora me torra.Vou pro shopping, onde não tem sol, e onde alguém me espera pra almoçar e também pra gastar meu tempo de ócio de sábado a tarde, antes que não saiba o que fazer com ele, tenho que gastá-lo prá não enlouquecer.Não estou acostumada com tempo de ócio, e não quero correr o risco de parar prá pensar ...
Zero! Que bom! Esse é meu número preferido!