De vez em quando eu fico assim: falta algo. E daí parece que qualquer coisa serve. Saio por aí a engolir uns mundos. Engulo bife, chocolate, arroz de forno. Começo a engolir meus amigos, sem sal, com sal. E qualquer um que me apareça...
- Peraí, perae!! Que não é qualquer um não!
- Peraí, que salada de rúcula... não senhora! A senhora não engole assim não!
- Também não quis engolir seus vizinhos que te chamaram para festinhas e filminhos...
- Torceu também o nariz pro matemático – e olha que esse queria que você engolisse ele todo, hein?! Hein?! Han!
- Ah! E nem berinjela, você também não engole!
Mas parece até que eu fico escolhendo quando falta... não escolho não! É o que tiver, pra dentro de mim! Saio atrás! Mas não tem nada que cale...
- Mentira deslavada! Passa fome, morre de i-na-ni-ção. Morre de tanto falar não!
- E ainda reclama que falta!
- Chora pelos cantos. Diz que ta faltando, faltando, faltando. Que está tão triste. Nada, nem ninguém que sirva de petisquinho para tapar os buraquinhos da alma...
Juuuuuuuuuuudiação!
Estou aqui morrendo de falta de preenchimento. Virei uma falésia que se projeta para o infinito, e nada de se alimentar, de mar, de céu, de pedra, do que complete e encha até a boca, que transborde, que estoure!
Quero ser criança e brincar de explodir bexiga com mangueira no bico...
Tá vazio e frio. Quero me encher de roupas, um guarda-roupa infinito, e cobertores e cobertores para esquentar, que do calor a gente se ocupa...
- Pfffffffffffffff! E sai à toa de mini-saia no vento, quanto menos roupa melhor! Esquece que até ar ocupa espaço, vai seguindo o passo, ignorando até que respira e enche os pulmões!
- Chega um, outro. E você corre. Corre que, se coubessem aí dentro, você ia ter era de se desocupar de você mesma! Passa tanto tempo nesse seu umbiguinho que não tem lugar pra mais nada...
- E chora com essa cara de abandonada... vai cozinhar almocinhos invisíveis, “para relaxar”, diz. E não convida ninguém para se sentar à sua mesa, que não quer mesmo é dividir... e aí reside... é aí! Que reside o fato: não precisa de nada para preencher entre os dois braços, que andam ocupados de tanto abraçar você mesma...
Não é nada disso! Estou morrendo vazia devagarzinho. Murchando toda aqui no peito. Louca de amor pra doar, de carinho, afeto. Queria de volta um pouco também. Ando precisando! Alguém para diminuir a distância do meu abraço... vazio, vazio... aí vai uma feijoada no sábado. Quase um porco inteiro! E tou comendo! E mais uns livros, que são para encher a cabeça! Músicas para as orelhas, imagens para os olhos. Muita televisão, filmes. Cigarros para os pulmões. Tudo vazio. Tudo vazio. Um buraco, só a casquinha. Eu tou que sou só a casquinha...
- Que casquinha que nada. Tá é cheia! De si! Espantando tudo que chega perto! Ainda se fossem só as moscas... mas são elas, os cachorros, os gatos, os garotos, os velhos, as saladas de rúcula, os parentes, os músicos, os escritores, os professores. Inventou uma perfeição inatingível, do tipo filet mignon francês do melhor cozinheiro do mundo, ou vinho francês de uvas já extintas, músicas que o Bach só pensou a respeito, mas não escreveu. Quer é que ninguém nem nada se aproximem e ainda diz que está sentindo o vazio. Tá é cheia de rodeios! Inventando desculpa para ser distante...
Conheci um garoto na sexta-feira. Parecia um garotinho mesmo – mas não era. Só conheci – não o beijei, nem nada. Amei essa pessoa. Adoro essas pessoas que adoro assim, de graça. Queria passar horas e horas. Engoli-lo todo. A mão dele na minha, para que quando eu fechasse, não estivesse vazia. Ele junto de noite, preenchendo a noite! Só conversando, perto. Queria pedir a ele que fosse meu irmão, talvez seja isso que falta: irmão. Mas ele ia me achar louca...
- Olha, faça-me o favor de tentar enganar outro. Não quis agarrar o cara porque ele não cabe na mega-idealização-impossível que você, senhora “vazia”, inventou para continuar como está: trepando com você mesma, de tanto medo de dar a cara para bater na vida, de tanto medo de olhares desaprovadores, de tanto medo sei lá de quê que inventou, essa mania de perseguição do mundo! Tá aí: encha-se de medo e de mania de perseguição e seja feliz. Mas pára de me encher o saco agora! Ta vazia? Aceite o que tem. Só um pouquinho: um exercício de humildade, um exerciciozinho de contentamento, só para ver no que dá... vamos lá.
Mas... qualquer coisa? O que vier?
- Peraí, perae!! Que não é qualquer um não!
- Peraí, que salada de rúcula... não senhora! A senhora não engole assim não!
- Também não quis engolir seus vizinhos que te chamaram para festinhas e filminhos...
- Torceu também o nariz pro matemático – e olha que esse queria que você engolisse ele todo, hein?! Hein?! Han!
- Ah! E nem berinjela, você também não engole!
Mas parece até que eu fico escolhendo quando falta... não escolho não! É o que tiver, pra dentro de mim! Saio atrás! Mas não tem nada que cale...
- Mentira deslavada! Passa fome, morre de i-na-ni-ção. Morre de tanto falar não!
- E ainda reclama que falta!
- Chora pelos cantos. Diz que ta faltando, faltando, faltando. Que está tão triste. Nada, nem ninguém que sirva de petisquinho para tapar os buraquinhos da alma...
Juuuuuuuuuuudiação!
Estou aqui morrendo de falta de preenchimento. Virei uma falésia que se projeta para o infinito, e nada de se alimentar, de mar, de céu, de pedra, do que complete e encha até a boca, que transborde, que estoure!
Quero ser criança e brincar de explodir bexiga com mangueira no bico...
Tá vazio e frio. Quero me encher de roupas, um guarda-roupa infinito, e cobertores e cobertores para esquentar, que do calor a gente se ocupa...
- Pfffffffffffffff! E sai à toa de mini-saia no vento, quanto menos roupa melhor! Esquece que até ar ocupa espaço, vai seguindo o passo, ignorando até que respira e enche os pulmões!
- Chega um, outro. E você corre. Corre que, se coubessem aí dentro, você ia ter era de se desocupar de você mesma! Passa tanto tempo nesse seu umbiguinho que não tem lugar pra mais nada...
- E chora com essa cara de abandonada... vai cozinhar almocinhos invisíveis, “para relaxar”, diz. E não convida ninguém para se sentar à sua mesa, que não quer mesmo é dividir... e aí reside... é aí! Que reside o fato: não precisa de nada para preencher entre os dois braços, que andam ocupados de tanto abraçar você mesma...
Não é nada disso! Estou morrendo vazia devagarzinho. Murchando toda aqui no peito. Louca de amor pra doar, de carinho, afeto. Queria de volta um pouco também. Ando precisando! Alguém para diminuir a distância do meu abraço... vazio, vazio... aí vai uma feijoada no sábado. Quase um porco inteiro! E tou comendo! E mais uns livros, que são para encher a cabeça! Músicas para as orelhas, imagens para os olhos. Muita televisão, filmes. Cigarros para os pulmões. Tudo vazio. Tudo vazio. Um buraco, só a casquinha. Eu tou que sou só a casquinha...
- Que casquinha que nada. Tá é cheia! De si! Espantando tudo que chega perto! Ainda se fossem só as moscas... mas são elas, os cachorros, os gatos, os garotos, os velhos, as saladas de rúcula, os parentes, os músicos, os escritores, os professores. Inventou uma perfeição inatingível, do tipo filet mignon francês do melhor cozinheiro do mundo, ou vinho francês de uvas já extintas, músicas que o Bach só pensou a respeito, mas não escreveu. Quer é que ninguém nem nada se aproximem e ainda diz que está sentindo o vazio. Tá é cheia de rodeios! Inventando desculpa para ser distante...
Conheci um garoto na sexta-feira. Parecia um garotinho mesmo – mas não era. Só conheci – não o beijei, nem nada. Amei essa pessoa. Adoro essas pessoas que adoro assim, de graça. Queria passar horas e horas. Engoli-lo todo. A mão dele na minha, para que quando eu fechasse, não estivesse vazia. Ele junto de noite, preenchendo a noite! Só conversando, perto. Queria pedir a ele que fosse meu irmão, talvez seja isso que falta: irmão. Mas ele ia me achar louca...
- Olha, faça-me o favor de tentar enganar outro. Não quis agarrar o cara porque ele não cabe na mega-idealização-impossível que você, senhora “vazia”, inventou para continuar como está: trepando com você mesma, de tanto medo de dar a cara para bater na vida, de tanto medo de olhares desaprovadores, de tanto medo sei lá de quê que inventou, essa mania de perseguição do mundo! Tá aí: encha-se de medo e de mania de perseguição e seja feliz. Mas pára de me encher o saco agora! Ta vazia? Aceite o que tem. Só um pouquinho: um exercício de humildade, um exerciciozinho de contentamento, só para ver no que dá... vamos lá.
Mas... qualquer coisa? O que vier?
Não dá! Rúcula não dá!
- Precisamente...
- Precisamente...
6 comentários:
menina, você precisa aprender a comer verdura! já cansei de falar!!!!
mas é muito saudável!!!! não dá!!! huauhahuahuauhahu!!! deixa eu e a minha esquizofrenia comendo feijoada, vai! e sem couve!
huauhauhahuauhuh!
acho q tem que traçar de tudo! tudoooooooooooo! é bem melhor pra saúde, inclusive mental huehue
é... a Medusa tem razão: tu come até alface! ahuuauauhahuauhahu!
OPA!!!!!!!!!
Pandora...tô montando um espetáculo sobre isso, mesmo tema do seu texto!!!Vou mandar os atores lerem o blog hehehe
não seja tão severa com você lindaaaaaa
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