quinta-feira, agosto 02, 2007

Remoto Controle


Separa essa solidão em dois fragmentos: um sem graça, sem cheiro, sem textura, sem vontades. Outro, dourado nos sonhos mais sórdidos de uma freira que nunca se entregou.
Movendo para trás os anseios, para frente os medos, me aparece, de manhã, aquela vida sem graça, da qual se respira o frio da mesma madrugada que atravessa as linhas que atravessam o ser que atravessam... não ser mais.
Corre subir as escadas para o carinho do destino e permanece quieta de manhã. Cala a boca. Calabooooooooocaaaa!
Libera o controle para as mãos que o merecem – aquelas que pendem dos braços das mães que amamentam com dor os rebentos. Aquelas que te protegem ou te curam... ou... te estrangulam, sem saber.
Admita, então, a perda do controle! Admita perder o passo, o fôlego, a ilusão de seguridade. Tem coragem?
Deixa que se esvaia sozinha e devagar a juventude e não te inquietes mais:
No fim, nunca era você, nem ele, nem eu. Nunca foi nada, além de imagens projetadas na grande tela dos olhos dos outros.
E lá, refletidos, já não mais nos reconhecemos e nos regozijamos pelas convicções de que estarão certos apenas os insanos.
Então deixe! Deixe, que no fim do dia muda-se de idéia e agrega-se de novo ao rebanho dos novos hospícios, fingindo ser normal, como eles. Espalhando por aí essas novíssimas idéias de paz, amor e prosperidade, como se fosse natal de novo, como se quisesse, de novo, entrar naquela neurose de fim de ano e controlar e controlar e controlar a sua vida.
Ou... deixa ao acaso então! Isso mesmo:
Cala a boca!

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