Algo entrou a galope
troteando no meu peito sem me deixar respirar. Não sei como controlar as
palavras que lutam por sair, de ódio, de raiva, mais do que isso, de desconsolo.
Estar certa de algo que aconteceu, essa intuição que brigava para se fazer
revelar, hoje é ato. Mais uma vez, outro golpe. Por que minha vida gira assim
em círculos? Se não é ódio, nem mais amor, de onde vem o desespero? Ah e seu
não fosse assim tão orgulhosa! Mas o meu caminho de novo se fecha, é tudo
encruzilhada. Nessa roda do destino minha vida se enleia. Quantos amores
inventados, quantas paixões que nem nasceram. O sino toca de novo me chamando à
realidade. E os capetinhas de plantão zombam de mim: “eu te disse que não seria
fácil”. E nunca foi! Desde o primeiro olhar. Essa vontade de esquecimento quase
se faz real, estava quase lá... Sentada em minha cadeira assistindo ao jogo. Mas
nesse jogo serei eu que perco? O que perco? “Que nada, deixa de ser ridícula,
agradece”. Difícil compreender o que é feito para ser sentido. E, se no fundo,
admitir que ainda amo. E se ele soubesse que ainda rogo a Deus para que ele
seja feliz, sem perceber que rogo por mim. E se por vingança eu no fundo ache
graça de ver na sua desgraça a única graça que encontro ao contemplá-lo. Mas já
estivemos tão próximos e eu enrijecida por dentro, paralisada mediante sua
presença, fingindo estar completamente tudo resolvido. Uma década não será
ainda suficiente para aplacar a dor da porta se fechando, de não ouvir mais
seus passos subindo a escada, a porta se abrindo e seu cheiro entrando pela
casa. Tenho ainda esses devaneios, ouço os passos, a chave girando na
fechadura... E se ele soubesse que nunca esteve tudo bem? Que peguei o telefone
mil vezes, que escrevi mil cartas, gritei seu nome pela casa. Não, eu não sou
forte assim. E neste momento estou quase desabando. Não por ele, só por ele,
mas porque venho desabando aos poucos, tentando provar que eu sou diferente. Em
que poderia ser? Ou em que fiquei diferente? Bobagem!
Antes da grande “nouvelle” sonhei que nos beijávamos. Uma fúria de paixão como
nos primeiros tempos. O encontro esperado, quando nos diremos: "Deixa para lá,
está perdoado"!
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Um comentário:
Adorei o texto.
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