Eu tinha várias dúvidas, sobre o que diferenciava essas pessoas por quem a gente se apaixona dos nossos amigos queridos. Eu tentava entender as diferenças, o que deixava a gente tão louco e tão ansioso pra encontrar de novo, pra ouvir essa voz, pra sentir o toque das mãos no nosso rosto...
Porque... a gente não ama esses nossos amigos demais? Não quer estar com eles pra sempre? Não sente saudades, não anseia por ouvir suas risadas?
Eu achava que isso tinha a ver com as certezas e incertezas. Temos certeza que nossos amigos estarão lá... mesmo depois que a gente os dispensar naquele sábado à noite pra sair com a nova paixão... aquela sobre a qual a gente não tem certeza nenhuma...
Mas e os namoros longos? A gente pensa que sim, mas não tem certeza de nada assim mesmo! Mesmo depois de conhecer o namorado, de saber dos seus defeitos e vícios, de suas qualidades.
E, outra coisa: que certeza é essa de que teremos esses amigos pra sempre? Mesmo que não façamos nada de ruim pra eles... as amizades também se desgastam, também enfraquecem, também acabam...
A conclusão a que cheguei é que... no dia em que descobrir isso, eu escrevo um livro e fico milionária! Desculpem, mas é isso aí mesmo. Vai entender o que faz algumas pessoas serem especiais pra gente! Não dá! É uma coisa doida! Parece um vício!
Às vezes por anos, elas estiveram ali, do nosso lado... e, num dia que acordamos, do nada, elas simplesmente estão contornadas por uma esfera de maravilhas! E a gente se pergunta: “meu deus! De onde é que isso veio? Como eu não percebi isso antes?”
Às vezes a gente ainda está triste, pensando numa outra pessoa e, de repente, alguém cruza o nosso caminho. E basta um olhar, uma conversa boba... um sorriso diferente.... e fodeu!
Todas as nossas certezas não servem pra nada nessas horas. E eu tenho a péssima mania de racionalizar tudo! E eu fico muito brava quando não consigo!
É cheiro? É feromônio? Mas se fosse isso, como pode-se explicar aquelas paixões por pessoas próximas, que sempre estiveram ali, mas nunca notamos nesse sentido?
E como é que acaba? Como é que todas as pessoas têm essa coisa? E como é que a gente só se encanta por algumas...
E por que é tão difícil de isso acontecer e, quando acontece, acontece nas piores horas, nas piores situações? Nas mais difíceis! Eu pergunto isso, porque os malditos psicólogos dizem que coisas boas só acontecem quando a gente está bem. E eu acho bom me apaixonar. Vocês não? Mesmo que ferre tudo...?
Quem controla essas coisas? Se for um deus... ele tem um senso de humor bizarro...
E o mais louco... quando acaba. Se acaba... a gente perde o chão! E por isso dá um medo tão grande de começar! Mas, mesmo assim, a gente não consegue controlar! A gente quer! Isso é seleção natural? É pra garantir o sucesso reprodutivo da espécie? Mas a gente quer ficar junto de qualquer jeito, mesmo sem se reproduzir! Que coisa de gente louca!
E, se acaba... a gente fica desesperado, tentando ter de volta aquela sensação. E a gente se pergunta, desesperado, onde vai encontrar outra pessoa como aquela? Porque é tão difícil!
E a resposta vem... e a gente percebe, depois de algumas tentativas... que não vamos encontrar outra pessoa como aquela. Mas outra pessoa que nos encante, com outro lindo conjunto de características que podem ser tão diferentes... e que nos deixe, de novo, deslumbradas do mesmo jeito... ou pior...
E os nossos amigos simplesmente terão que aguentar outros surtos psicóticos, outros canos, outras choradeiras, etc, etc, etc... o papel deles nessa brincadeira é outro. Ainda não sei o que diferencia a amizade e a paixão. Mas sei que elas se diferenciam muito bem.
Então... chega de tentar escrever teses sobre isso. Eu me conformo com o fato de me apaixonar de novo, sem saber explicar o porquê, de onde veio, o que aconteceu, se vai durar, se vai dar certo e o diabo. Afinal, é tão bom... e é tão possível! Acho melhor ser mais calma...