sexta-feira, dezembro 21, 2007

Cerejas de Quinta-Feira


Entre uma e outra abocanhada, elas se partem, esguichando um suquinho vermelho que escorre pela barra do vestido. Está manchado.
Escorre um fio no canto da boca, da mordida suculenta.
Lambo os dedos e penso em desprezar as outras, ali, na caixinha de plástico que agora, enfeita a mesa com sua cor... cereja? – brilhante e sensual.
O sexo, explícito num amontoado de frutinhas.

Basta um olhar para que ele feche sobre si mesmo e se volte para dentro: o lugar dos sonhos.
Nos sonhos, uma tina de cerejas, onde se deite.
[Deito]
E a pele se arrepie do contato com a casca, quase um bilhão de corpos (de cereja) acariciando esse corpo.

Um gesto para o lado e pequenas bolinhas macias pela nuca até os pés...
Cheiros, sucos e paixões.

Volta-se novamente o olhar para o fora: estão lá, no potinho.
Quem sabe só mais uma.
Inteira, estrala.

Mastiga uma e entende a minha saudade...
É d’um carinho do toque das cerejas explodindo no céu da boca.

Nenhum comentário: