quarta-feira, novembro 26, 2008

E quando você percebe?


E quando você percebe?
Quando observa mesmo, passando...
imóvel, freada, quieta, parada?
Como se houvesse alguma força invisível, te segurando ali?
Como se não houvesse meios de sair?
De se levantar, andar, brigar, chutar?

E se a bola viesse direto na sua cara?
Enquanto acompanha a cena, quase câmera lenta,
sem poder fazer nada?
Um coma consciente,
observando as pessoas tocarem teu corpo,
Te dizerem tudo, tudo, como se você não estivesse ali?

E se você mesma te dissesse?
Como uma mãe de si mesma,
que faz nada além de repreensão?
E de outro lado, escutando, a cabeça baixa,
nada, nenhuma ação.
Numa esquizofrenia de enxergar os minutos ruírem...

Ao seu lado, uma sombra se arrolando,
a poeira sim, acumulando!
E você vendo! Porque ela não faz nem o favor de te cegar!
Se alcançasse a faca,
furaria os dois olhos?
Se alcançasse, cortaria os pulsos?

Mas nem isso é possível:
um levantar as mãos para o destino.
Antes fosse um beco sem saída,
e, dali, não percebesse o fluxo...
E quando você percebe,
que é você que está na linha?
E não consegue fazer nada?

10 comentários:

antes que a natureza morra disse...

Olha, guriazinha...o termo que eu enconto para definir este texto é : PUNGENTE !!!
Beijo

JP

Medusa disse...

Olha, nesse caso, de estar na linha, acho que só resta rezar para o trem freiar ou algo assim, e se bola bater direto na cara, vc pega ela e joga em quem bateu na tua cara. E se vc n tiver saída, nenhuma mesmo, vai pro bar e pede um SKOL, pq essa sim desce redonda hehehhehe Mas tem outras alternativas, é preciso pensar. Sempre tem né? Pq como eu disse, a dor do luto passa. Rasga, deixa fissuras, mas passa. O texto é lindo, mas a mulher no trem coitada hahahahha, dá até um arrepio. Essa acho que tomou baga ou tá mto desesperada. Dá para escrever um livro, faça isso, pensado que teria acontecido para essa louca estar nessa situação, e pelada. Bom devia fazer calor, ou ela foi assaltada, estuprada e jogada lá, ou ela mesmo resolveu se jogar kkkkkkkkkkkkkk A imagem nesse caso, me pegou mais forte.

Anônimo disse...

não meus caros

que bom se o poema
tivesse o cheiro do bife a cavalo com batata frita e arroz

[com feijão


que bom se o poema
fosse amargo como uma paixão não correspondida

que bom se o poema
tivesse a textura do chopp gelado

que bom se o poema
fosse doce lambido como um pirulito

que bom se o poema
bomba: explodisse na cara do leitor

no entanto,

um poema é um poema
mera construção linguística cuja matéria prima
as palavras [e as palavras] que não possuem sentimentos ou punho cerrado revolta no peito ou cheiro de pólvora

são inúteis como qualquer idéia
revolucionária de estômago invisível

inútil tentar homem com cérebro
inútil tentar qualquer resolução

o poema é símbolo e aparência
não alimenta a boca faminta
dos meninos abandonados
tampouco faz a reforma agrária

o poeta em seu gabinete
come amendoim descasca banana coça o saco
boceja enorme o tédio o bafo de álcool
o poeta é um homem qualquer um grande sacana de um

[mentiroso


debruçado em sua janela
como conter a guerra a fome a morte a injustiça social
o tráfico de crack na rua saldanha marinho atrás da sua casa?

de que lhe vale pensar nisto tudo se daqui a pouco
guloso o poeta estará comendo uma batata suiça num bairro nobre de sua cidade
com a barriga bebida de vinho?

que indignação pode ter em suas palavras?
que sono pode conter o seu corpo?

por hora,
bem, por hora
já não está mais aqui
o autor do escrito -
sem convicção


(noturno citadino)

Pandora disse...

Dói, sim, pungente, sim. Era pra ser.
O que a fez ficar assim?
Medo... preguiça, sei lá.

O poeta é um mentiroso mesmo. Sempre disse isso. Aliás, a linguagem é uma mentirosa... as palavras são mentiras para tornar possível co-viver... ou, impossível...

Ela precisa é de aprovação para o cinismo...
Alguém aprova o seu cinismo?

E, por mais que mentiras, no poema-comentário, belas, belas mentiras!

Fina flor disse...

do mundo, suas problemáticas e suas soluções, não sei.
So sei que as vezes , se não fosse recorrer a escrita e a tentativa de riscar poemas, pararia como a moça da foto, embaixo do trem...

antes que a natureza morra disse...

A literatura assim - usada como catarse - nos momentos de crise, dor, luto e perda, tem sentido de evacuação emocional.
A dor tem de ser transformada
- com requinte de deboche -
num grande peido cósmico.
Em lá maior.
Um "big bang" que vem das tripas.Mas que alivia o coração.
E faz a sobrevivência ! Porque te tira dos trilhos. E decepcionada, a assassina máquina passa sozinha. Sem te esmagar.

Bj

James

Fina flor disse...

meu Deus, percebem como este texto e o de baixo sem título da Medusa se entrelaçam?

Rê Bordosa disse...

boiola sao as pessoas q se escondem atras do anonimato pra atacar os outros, mostra a cara se for MACHO ou se for FEMEA senhor(a) anonimo

Miguel disse...

Olá Pandora

Sobre seus textos, ambos me comovem muito.
Todos temos dentro da alma a intenção primária de sermos
felizes e imortais, seria de tudo, a solução de nossas existências.
Mas temos "inside" também o vazio do "seilaoque",
a vontade do "nãoseionde", o seguir e nunca saber onde se irá chegar.
Cansa, viver de desengano em desengano acreditando e sempre tropeçando.
Desacreditar, desesperançar são as piores sentenças por nós mesmo impostas.
A felicidade esta em deixar em qualquer canto da mobilia empilhada, a companheira dos dias infelizes...a expectativa.
Quando ..ou melhor... Se um dia conseguirmos nos livrar de todas as expectativas em relação ao outro , nesse dia será dado o primeiro passo ao encontro da liberdade de amar.
O amor existe Pandora, mas não como gostarimos que fosse, não do nosso jeito de querer. O amor é maior que todos nós reunidos e ainda mais .
A tua, a minha , assim como a alma de todos , implora para que haja esperança de algo maior e melhor, e ai possamos um dia deitar-mo-nos num colo macio, sentindo a mão macia do amor sincero em nossos cabelos.
Há sempre uma saida no Universo, neste, não há becos porque não existem cantos.

Carinhoso Beijo

Medusa disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk esse blog tá virando divã hahahahha e estádio de futebol (ficar xingando os outros n vale). Respeito aí caros leitores ou vamos ter colocar os pingos nos iiiiiiiiiiiiiiiiissssssssssssss. Eu Medusa estou ficando brava, vou fazer os anônimos virarem pedra. Tudo bem que é preciso respeitar o anonimato mas eeeeeeeeeeeeeppppppppppaaaaaaaaaaaaaa sem palavras hostis aos nossos nobres leitores , que tem nome e sobrenome.