Chegamos a
ter um blog no qual escrevíamos textos, poesias, coisas meio sem sentido. Nele,
usávamos codinomes. O meu era Lady Di. Não lembro porque escolhi esse.
Há pouco
desliguei a televisão. Assistia a um documentário de um álbum da Lady Gaga. Interessante
como não sei o verdadeiro nome dela. E ela falava sobre a necessidade de não
mais se esconder por trás de perucas e maquiagens e ser ela mesma. Ela dizia
que parecia impossível conciliar a vida amorosa dela (já tinha terminado três
relacionamentos) com o sucesso em sua profissão.
As duas
Ladys, apesar de conhece-las tão pouco, me afetaram de alguma forma. Talvez a
solidão delas, apesar de estarem sempre cercadas de gente, me tocava, me toca.
As imagens
que projetamos para o exterior e com as quais as outras pessoas lidam e também
se projetam nem sempre (quase nunca) correspondem ao nosso sentimento interior.
Ao passar a
imagem de uma mulher segura, independente, bem realizada sexualmente, que já
conquistou muito profissionalmente, que é uma boa mãe muitas vezes faz com que os
outros projetem nessa imagem as suas fraquezas e os seus medos.
Não é por
acaso que mulheres com esse perfil “espantam” os homens.
Olhar para o
outro é sempre um exercício doloroso porque acabamos olhando para nós mesmos.
Reconhecer a força do outro é, muitas das vezes, reconhecer a nossa própria
fraqueza.
O problema
geralmente está em nos escondermos por trás dessa vulnerabilidade e não darmos
a oportunidade do outro também ver nossos pontos fracos. Não queremos nos expor.
Não podemos admitir para o outro nossos medos.
Pessoas
entraram e saíram da minha vida exatamente por causa disso. A questão é que
antes eu não entendia muito bem. Achava que estavam sendo imaturos e
mulherengos. (Embora, estivessem algumas vezes.)
Daí agora eu
parei e percebi que não se trata de um querer intencional. Quase nunca temos
controle sobre o que projetamos e o que projetam sobre nós. O ponto é que
podemos tentar nos conhecer, e é esse auto conhecimento que propiciará não mais
olhar para o outro através de nossas próprias expectativas.
Não se trata
de forjar uma vulnerabilidade inexistente porque somos fortes. Mas talvez sair
da defensiva, se abrir para o outro, deixar que ele te veja por inteiro.
Dá medo?
Muito. É sempre um risco.
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