segunda-feira, junho 12, 2006

A Saga do OB - parte II - AS INSTRUÇÕES

Mamãe me levou ao ginecologista. Tudo bem lá embaixo. Com hímen complacente. Posso usar o tal OB. Foi aí que apareceu o próximo imprevisto: colocar aquele troço. Naquela época não tinha aplicador. Era na raça mesmo. Dedão lá dentro. Comprei, morrendo de vergonha, escondido. Imaginem se o cara do caixa sabia o preço? Deu um puta berro lá no meio da farmácia. Sorte que eu já previ isso e comprei bem longe de casa. E fui pra casa, alegre e contente com meu novo melhor amigo. Mal sabia eu.
Comecei, como uma boa futura cientista, mulher moderna, independente: lendo as instruções. Ninguém imagina mas, tudo, tudo mesmo, pode funcionar se você ler as malditas instruções. Menos OB. “Tire somente a parte de baixo do plástico que envolve o OB”. Ok, saiu tudo. Vamos tentar com o outro. Três OBs depois, consegui tirar só a parte de baixo. “Abra a parte de baixo, coloque o dedo indicador na parte inferior e o polegar para segurar o corpo do OB” – não entendi nada. “Retire o resto plástico”. É brincadeira, né? Joguei três troços daqueles no lixo e era pra tirar todo o plástico! Eu odeio instruções.
“Posicione o absorvente na entrada da vagina”. Ok, isso deve ser fácil. Deixe-me ver, entrada da vagina… deve ser por aqui. Ah meu deus! Eu não tenho entrada da vagina! Não! O médico disse que estava tudo bem, então eu tenho que ter. Mexi, mexi, mexi. E só sentia aquele monte de carne, e nada de entrada. Achei outra entrada, mas não era aquela. Aquela era muito longe e saía outra coisa de lá. Até pensei que aquele seria um troço bom para disenterias, mas, no momento estava a fim de tapar outro vazamento. Cheguei à conclusão de que eu precisava ver a tal entrada, já que, tateando não estava dando certo. Deixei pra amanhã. Antes de ir pra escola.
Acordei uma hora mais cedo (eu não tinha idéia de que ia precisar de pelo menos duas), tirei o espelho gigante da parede do quarto e coloquei-o em cima da cama. Cinco almofadas para me encostar, o espelho no meio das pernas, os pés na cabeceira da cama. Tudo pronto. Menos o OB que eu tinha deixado no banheiro. Corri pro banheiro, peguei a caixinha e me posicionei novamente. Coloquei o OB na mão direitinho, só com o plástico de cima e comecei a procurar a tal “entrada da vagina”, entre os lábios grandes e pequenos. Tudo o que eu via era um monte de carne bem esquisito e uns pelos no meio do caminho atrapalhando e mais nada. Resolvi pegar uma lanterna.
Entrei no quarto dos meus pais com as calças arriadas, bem quietinha. Êxito enfim. Lanterna e OB na mão. Resolvi largar o OB, porque não dava pra eu mexer lá com as duas mãos ocupadas. E foi. Mexi, mexi. Aquele monte de carne cor-de rosa, indistinguível ia de um lado pro outro, pra cima, pra baixo e nada. De repente, vi alguma coisa que poderia ser um buraco. Tentei o dedo. Wow! Entrava o dedo. E era bem bom (coisas que se aprende ao tentar usar OB pela primeira vez). Aposto que era ali. Fui correndo pegar o OB, com um dedo lá na tal entrada, as calças arriadas e a lanterna sei lá aonde. Cadê o OB? Tá aqui, na beira da cama. Eu alcanço sem ter que tirar o dedo daqui! Quase lá. Quase. Quase mesmo. Aquele bastãozinho de algodão caiu e rolou para baixo da cama. Eu desacreditei. Queria botar fogo naquela coisa desgraçada. Aposto que não tinha ido tão longe. Me estico toda pra pegar o troço embaixo da cama. Como já era de se esperar, caio eu!


Um comentário:

Marcos Freitas disse...

AHAHAHAHAHAHAHAHAHA

...que delícia de história!!!

beijos
m.