Está diagnosticado: foi uma paixonite. E paixonite, quando aguda, é grave. Trata-se de inflamação do cérebro e do tecido cardíaco. Causa falta de ar, batimentos cardíacos acelerados, frio na barriga, entre outros. Mas o pior mesmo são os efeitos psicológicos: euforia exacerbada, alternada com estágios de profunda depressão e confusão mental. Muitas vezes, há percepção alterada da realidade, culminando em alucinações que podem ser fatais - para os seus próximos relacionamentos...
Devemos ser honestas. Em primeiro lugar, se você fizer tudo errado, provavelmente sua paixonite vai acabar mal. Se você fizer tudo certo, provavelmente também vai acabar mal. Então aperte a tecla foda-se e entregue-se. Durante a paixonite, tudo vai ficar bem.
Depois de passados os efeitos alucinógenos, é como um porre. No dia seguinte – ou, depois da paixonite – você vai ver que fez um monte de merdas. Não necessariamente relacionadas à paixonite, mas a como vai ser sua vida daqui pra frente – sem a paixonite.
Das merdas que tendemos a fazer, a pior delas é não ficar com os ficantes usuais. Ou com aqueles que aparecem durante a paixonite. Porque você está lá, achando que encontrou seu príncipe encantado... e, não quer ficar com outros caras... aí... quando eles ligam, você corta. Quando eles aparecem na balada querendo ficar com você, você dá um jeito de se esquivar. Muitas vezes, comete o pecado de dar um fora fenomenal... e nem se liga (alterações cerebrais da paixonite. Você vive num mundo paralelo, onde tudo é lindo. Até o toco inacreditável que você deu no sujeito parecia delicado no momento).
E tudo vai muito bem com você, obrigada. Até que a paixonite acaba. Às vezes nem é a sua paixonite que acaba, mas é a do dito cujo, razão do seu afeto. E... quando um não quer...
De repente, seu mundo lindo voltou ao normal. E, devo dizer, o mundo normal não é lindo. É legalzinho e olhe lá!
Passados os momentos de dor-de-cotovelo, tristezinha, fossa, você volta a ser gente e a ter necessidades humanas básicas – como transar, beijar na boca, encher a cara com os amigos, etc. É nesse momento que percebemos um dos efeitos do porre: a ressaca da paixonite.
A dor de cabeça começa quando você liga pro primeiro ficante. E ele te diz que não esqueceu o fora fenomenal que você deu nele naquele dia. E que não quer nada com você.
O problema é que você nem sabe do que ele tá falando... porque, no seu mundo paixonitizado, você não deu nenhum fora fenomenal. Só disse que estava perdidamente apaixonada por outro e que não queria nada com ele. Nem um beijo. Nem conversar. Nem sair. Nem dançar. Nem porra nenhuma. E vai se fud... e sai fora!
É. E olha que esse é o primeiro da lista. Isso com um mês sem transar pós-paixonite.
Quando o negócio aperta, você começa a ligar desesperadamente pra todos os nomes da sua agenda telefônica. Isso porque, quando você estava apaixonada, tinha uns 15 caras querendo te comer desesperadamente. E você, num estado de graça estúpido, disse não a todos eles. Assustadoramente, nenhum deles quer te comer agora.
O que isso prova? Que homem sente de longe o cheiro de mulher que não tem vida sexual ativa há muito tempo. É biológico. Quando você está transando todo dia, os caras percebem. E correm atrás feito loucos. Quando você está beirando o desespero, eles também percebem. E não te querem nem pagando. Mesmo você estando linda maravilhosa, etc, etc, etc...
O que fazer neste momento? Pagar suas dívidas para com a sociedade, é claro! Tirar a zica! Desfazer a macumba! Ou... renovar o cheirinho de mulher que transa!
É hora de fazer um feio feliz. Ou um bonito, sei lá. Depende do que aparecer. O importante é ter em mente que... nessa hora, não dá pra escolher!
Então minha filha: mãos à obra! Saia para a balada, linda, maravilhosa, cheirosa e... fatal! E agarre o primeiro troço estranho que aparecer! Leve ele pra casa e faça ele muito, mas muito feliz mesmo (isso com certeza acontecerá, principalmente depois de 2 meses sem sexo. Você não vai precisar nem se esforçar, vai ser natural). E se faça feliz também!
No dia seguinte, não se assuste. Apenas olhe pro outro lado e diga a ele que o seu ônibus deve passar daqui a cinco minutos. Ele vai embora feliz e a sua dívida por estar alucinada e partir o coração de vários caras durante o fatídico período estará paga. Pode ter certeza que sua vida voltará ao normal, como era... antes da paixonite. E, o mais importante: você irá parar de subir pelas paredes e eliminar os calos dos dedos...
Que lição tiramos disso? NÃO PODE DESPACHAR OS CARAS QUE APARECEM DURANTE A PAIXONITE! Simplesmente, não pode. Dê um jeito: invente uma desculpa. Mande flores. Dê uns beijinhos sem-vergonha... mas, acima de tudo, mantenha-os por perto, sempre. Sabe-se lá quando você vai precisar deles... carência é foda. Mas falta de foda é pior ainda.