domingo, março 11, 2007

O Chaveirinho Colombiano


Pra variar, eu estava num bar (às vezes eu me pergunto por que as coisas interessantes sempre acontecem no bar). Bom, mas lá estava eu, toda me querendo, num bar de rock, cheio de cabeludos, com um casal de amigos meus.
De repente, ele passou: lindo, com cabelos até o meio das costas, calça jeans rasgada e jaqueta de couro (apesar do calor infernal que fazia naquele lugar). A “maria xampu” aqui quase caiu do salto, devido ao atiçamento da sua tricofilia (a minha é só por cabeludos e não peludos, que isso fique claro).
Alvo identificado, começo a olhar. E olho... olhar fatal, 43. E olho mais um pouco. E mais um pouco. E o cara... maldito! Nem me vê! Saco.
Passada uma meia-hora de olhares nem mesmo percebidos... chega uma figurinha... figurinha mesmo.
Eu demorei a perceber porque não o enxerguei. Mesmo. Ele teve que pular na minha frente e abanar os braços. Aí eu o vi...
Ele batia nos meus peitos...
Era uma figurinha, em todos os sentidos. Dava vontade de empacotar e levar pra casa pra enfeitar minha cama, junto com outros bichinhos de pelúcia.
Parecia o Rick Martin, com uns 30 cm a menos de altura. Todo playboyzinho: calça jeans toda larga, tênis de marca e blusa meio aberta... cabelinho loirinho, com gel, arrepiado. Totalmente não o meu tipo... e, além de tudo: baixinho. Mas bem baixinho. E eu ainda estava de salto, bem alto. Ele realmente devia bater nos meus peitos. Era um chaveirinho.
O chaveirinho pulou bastante e chamou a minha atenção. Eu me abaixei, pra ouvir o que ele dizia.
Fodeu. Era gringo. E eu não entendo uma palavra de gringuês.
Não me entendam mal. Eu compreendo inglês e francês, mas portunhol ou castelhano... pra mim é pior que russo.
E o chaveirinho dizia “és muy linda”. E mais um monte de coisas que podem ter significado desde “eu quero te foder”, até “eu gosto muito de beterraba”, porque eu não entendi nada.
E eu queria era aquele cabeludo lindo... então tentei ignorar o hobbit que saltitava pra tentar falar comigo, mas não dava... ele pegava na barra da minha saia e puxava, que nem criança que chama os pais quando está com pressa de ser atendida. E gritava: “yo! Yo! Yo!”. E eu dizia, “sim, você...?”. E ele dizia: “Yo soy Tierre”, batendo no peito vigorosamente, como um King Kong anão. E perguntava meu nome. E eu contava meu nome. E ele repetia: “és muy linda” e mais aquele monte de coisas que eu simplesmente não fazia a menor idéia do que fossem.
E eu queria era prestar atenção no cabeludo, então pedi ajuda a meus amigos. Pedi a eles que me explicassem o que o pintorzinho de rodapé estava tentando me dizer. E eles me disseram que ele era da Colômbia e que ia ficar no Brasil mais um dia apenas. E que ele queria me beijar na boca.
Eu mereço, né?
O chaveirinho colombiano, Rick Martin depois da chuva, Frodo parafinado, queria me beijar na boca! Fala sério. Eu detesto caras mais baixos que eu... eu detesto playboyzinhos. E detesto beijar caras com os quais eu não consigo conversar! E, principalmente, detesto gringos que acham que mulheres brasileiras nasceram para servi-los sexualmente. Que acham que é só chegar e dizer: “oi eu sou gringo, você é gostosa e eu quero te pegar”.
Nessa hora eu pensei em dar chute nele. Mas ele ia voar muito longe. Fiquei com dó. Era como chutar um gato. E eu não chuto gatinhos...
Resolvi responder “aham” pra tudo que ele me dizia. Técnica aprendida com a minha amiga Medusa. E continuar a olhar meu cabeludo, até que ele me notasse. Mas ficou difícil... o chaveirinho pulava... e puxava minha saia... e berrava... era um pentelho.
Mas era um pentelho bem bonitinho, na verdade... e persistente. E bem gostoso. Tinha braços enormes. E uma bunda fenomenal. E, só faltava chorar pra eu ficar com ele. Cismou com a minha cara. Ou com os meus peitos, que devia ser o que ele enxergava...
O fato é que eu fui me enchendo de olhar pro cabeludo e ele nem me notar. E comecei a simpatizar com o fato de o Rick Martin falsificado do Paraguai não desistir. No mínimo, ele realmente me achou bem bonita...
E, duas tequilas depois, ele já não era mais tão baixinho. E nem eu tinha mais tanto problema com caras mais baixos que eu...
E ele começou a me abraçar... e me dizer “és muy linda”. E passar a mão no meu cabelo... e no meu rosto (no meu queixo, na verdade, que era onde ele alcançava)...
Eu fui ficando molinha...
E ele... dando um pulo fenomenal, ninja mesmo, alcançou meu pescoço, me deu um nó e me beijou...
E eu pensei em jogá-lo longe, mas... foi bem bom...
Caralho! Que beijo! O chaveirinho colombiano teve o dom! Fiquei besta. Que beijo, que pegada! O que dão pros caras comer na Colômbia? Deveriam dar pros caras daqui também.
A verdade é que fiquei com ele até as 4 da manhã... e ele era muito massa. E delicioso. Mas a minha cabeça andava em cabeludos...
Então, quando ele teve que ir embora (enfiando o celular dele na minha cara pra que eu anotasse o meu telefone) porque os amigos com quem ele tava de carona estavam saindo...
Eu parei meus olhos naquele cabeludo desgraçado de novo...
E ele continuava sozinho. E agora o bar estava vazio.
E, quando ele passou por mim, me notou! E eu olhei. Mas olhei messsssmooooooo! E ele parou num canto e me chamou... acenando com o dedo, do tipo “vem cá”. E eu disse “não gato. Vem você aqui”. E ele veio.
Se apresentou, conversou um pouquinho... e, me agarrou bem rápido. Só tenho uma coisa a dizer sobre isso:
Que merda! Uma merda!!!! Mesmo!
Que beijinho mais ou menos. Que cara que se acha a última bolacha do pacote, mas não dá nem pro cheiro! Que raiva!!
Me irritei. Chamei meus amigos. Fui embora, revoltada. Às vezes as nossas idéias fixas nos traem...
E o chaveirinho não me ligou no dia seguinte... e eu fiquei bem tristinha...

3 comentários:

Stephan Seymour disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
MONALISA disse...

Essa história é muito engraçada. Só faltou a sua performance com os pulinhos dele...

Pandora disse...

a performance é necessária. eu, na real, tinha q fazer um vídeo contando essa história e botar no youtube... kem sabe...?