segunda-feira, maio 07, 2007

Mil



Em três olhares me (re)conhece
E acaba com a minha pose de rainha,
Como num jogo de xadrez.

Você me lê, em todas as línguas
Descobrindo todas as mulheres que me habitam.
Cortejando cada uma delas,
Apontando a direção da lua.

Encontra primeiro a amante,
Enlouquecida e furiosa
Mas compreende que sua conquista é uma armadilha,
Representada por gritos e ordens.

Encontra, em seguida, a menina,
Coberta por um manto de seriedade e desapego
Perdida no meio de tanta teoria
Sobre tudo e sobre nada.

E esta você toma nos braços,
Bota no peito, oferece sorvete e uma música.
E eu me aninho no seu colo.

E tem uma outra, apavorada,
Que tem medo. Mas não é covarde.
Que tem medo de você,
Mas te encara no olho.

Essa foge, correndo. Depois volta arrependida.
E você me deixa.
Mas me recebe com flores nos lábios.

E tantas outras, que, quando menos esperam...
Sentem quando você expira a noite fresca nos meus ouvidos,
Derrama-se inteiro em mim
E me abraça enquanto dorme.
Por favor,
Revele-as

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