terça-feira, maio 01, 2007

Saudade...


Quando as coisas complicam, quando eu tenho muito o que fazer e nenhum ânimo. Quando eu me apavoro e meto os pés pelas mãos. Quando a vida fica difícil, seja por TPM, por notícias estranhas, por cobranças e cálculo do imposto de renda. Quando eu não consigo escrever artigos, nem preparar aulas, quando eu estou com cólica ou gripe. Quando eu não me sinto à vontade...
Bate, saudade, bate.
Bate forte na minha cara.
Me transporta de volta.
Faz eu lembrar da praia, jogada no abraço do mar. Faz eu lembrar do céu azul, jogada no chão duro de areia.
Olhando pro lado e vendo aquela amiga sorrindo, reclamando. E reclamando da vida, da praia, da dissertação, dos homens, das contas, de tudo. Reclamando feliz. E rindo toda, jogada na cadeira de praia... ela é meu potinho de alegria.
Faz eu lembrar das salas de aula, dos professores.
Faz eu lembrar de quando tinha uma dissertação pra defender.
Me lembra das horas na frente do computador, parindo aquela pilha de papel.
Me leva de volta pra minha casa. As tardes bestas no sofá, conversando sobre tudo, sobre o futuro da humanidade, sobre os namorados, meus, dela, sobre as gatas.
E, durante a janta, ela me contando as novelas do sofá. Mesmo que eu não estivesse ouvindo.
Pra perto das minhas vizinhas maravilhosas, uma que cozinhava panqueca enquanto a filha corria pela casa. E brincava, e sorria sapeca. E eu fingia que nem dava muita bola, mas amava demais... a sapeca e a mãe, mais sapeca ainda.
Pra perto da BOFA suprema, que ia comigo sozinha no bar só nosso, pra gente ficar contando todos os detalhezinhos dos nossos amores e suspirar, como só duas BOFAS conseguem suportar... horas e horas de cumplicidade e troca de felicidades...
Faz eu lembrar do bar. Que mané bar! Faz eu lembrar do Iega! Do Bertoldo e do Ferreirinha, que eu morro de saudades! Dos bilhetes pra Candinha caprichar na alcatra! Da gravatinha... heheheheheh.
Faz eu lembrar da RDT reunida. Faz eu lembrar de tantas reuniões. E tantas bobagens. E tanto carinho. E taaaaaaaanta cerveja. E tantas teorias da conspiração pra dominar o mundo, amansar o mundo, acalmar o mundo, melhorar o mundo, curar a ressaca do mundo e, claro, foder com todo mundo...
O que me lembra do Guru! Meu guruzinho, lindo, conselheiro, foda pra caralho, meu ídolo. Na praia, no bar, nas baladas mais do nada. As conversas epistemológicas sobre a arte da guerra. Que eu insistia em não acreditar, mas que funcionavam. Quase todas. Né?
Me lembra da surtadíssima, quietíssima. Como pode? E parece ser só fashion e nem pensar nessas coisas. E do nada ela me pergunta sobre um filósofo. E ouve tudo que eu choro. E me aguenta por horas. De repente, ela me chama de canto, me conta que ama e que não sabe o que fazer. E chora. Mas já se anima e me leva pra um bar. Essa eu não entendo. Só adoro.
Faz eu lembrar que, “tipo assim, a nível de coisa, isso é super por exemplo”. Que o cara é cara, aí ó. E que ele toca muita viola. E que quando fala de tudo que ama, os olhos brilham: dos amigos, do filho, das músicas, da educação. Dela... de amor.
Daquele amor complicado entre aqueles outros dois. Que não entendem que são duas metades... Os olhos castanhos que me botam no colo, me dão bronca, me fazem carinho e me... pedem conselho! Pra mim! Vejam só... e os olhos azuis, que fingem ser fortes, tentam me dar ordens (mas eu rio), tentam explicar e só complicam mais, porque são olhos que voam longe, mas estão tão presos...
E eu passo o dia travada, relembrando esses segundos. Revivendo cada um. Saboreando, me acalmando.
E, amanhã... eu volto ao mundo de hoje. E consigo fazer tudo que preciso.
Mas, agora, saudade,
eu estou à vontade,
deitada na cama,
lembrando de ontem.
Então, não me deixe.

4 comentários:

Mulher Maravilha disse...

Que coisa mais linda!
Me fez chorar, chorar...

Anônimo disse...

Obrigada querida.
Pelo carinho conosco.
Também sinto saudades.
Também amo todos os citados.

Anônimo disse...

Amiga querida, faz tanto tempo que não entro no blog que não lembrei da senha rsrssr, mas não podia deixar de comentar e dizer que amei, achei lindo! E que sempre lembro das nossas bofices no nosso bar srrs
Você sabe que nós todos te amamos muito.
beijos

Stephan Seymour disse...

Faz tempo que nao passo por aqui e estou alcancado o hoje (porque nao perco uma, preciso ler todas). To adorando o teu abril poetico e esse comeco de maio me trouxe ate lagrimas! Mas vou deixar o resto pra outro dia. Saudades !