Transbordava um amor sem fim, mas,
sem rosto, sem corpo, sem gosto:
Não, definitivamente, não era incapacidade de amar...
Era um amor pela própria paixão!
Pela cegueira inebriante do romance,
pelo exercício poético de o inventar
Sendo assim, ao vislumbrá-la, menina, tornou-a sua musa:
declamou-a em todos os seus contornos.
Recriou-a, enfim: seu próprio ar
E respirou-a em manhãs geladas,
devorou-a em noites ardentes,
deu-lhe asas, para que pudesse voar
Por medo, deu-lhe também uma gaiola dourada,
construída de letras e toques,
como ninguém antes havia conseguido lhe dar
Ela recebia cada vez mais palavras, que ainda mais a cercavam,
que ainda mais a amavam e a confortavam
e que permitiram que ela também, pudesse por ele se apaixonar.
Mas, dentro da gaiola, ele examinou-a com lupas,
procurando os detalhes ainda a descrever.
E, olhando tão de perto... perdeu-a!
Perdeu a paixão de vista, de tanto compreendê-la
de tanto entendê-la, sua musa esgotada,
a quem já não podia admirar...
No estranhamento do adeus,
a paixão repousava num muro, indo embora,
o amor movia-se... para algum outro lugar...
Parece que agora,
anda às cegas, escrevendo poesias
ainda, a buscar...
Um outro corpo, um rosto para o seu amor
um gosto:
Um outro gosto de amar.
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