quarta-feira, novembro 21, 2007

!saravá!

...semana da consciência negra...


No começo parecia Exu,
Mas logo eu vi que não havia maldade...
Muitas vezes se mostrava como Ogum: o guerreiro de ferro.

Talvez fosse Oxossi, o Deus da caça.
Mas o quê caçava?

Como estava sempre com seus guerreiros,
pensei que fosse Obaluae.

Mas havia tanta doçura no olhar...

Talvez a violência fosse apenas a expressão da justiça.
Seria então filho de Xangô?

Ossaim, Oxumaré não poderiam ser...

A pele, o riso, a força,
Jovem e viril,
Amava o mar e as pessoas...

Em sua bondade infinita não poderia ser Orixá!

Mas quem se atreveria a perturbar as águas de Oxum?
Um guerreiro jovem talvez?
Logun-Edé quem sabe?

Ou seria penas... um Erê?

quarta-feira, novembro 14, 2007

28


Contagem regressiva é o caralho! A minha é progressiva: em segundos eu serei uma menininha de 28 anos nas costas, muito largas, sustentadas, diga-se de passagem, por um belo par de pernas.
28 e algumas constatações relevantes: A mesma poesia que choro, alegra minhas idas e vindas nesse tragicômico que chamamos de cotidiano.
Ela poderia ser mais bem escrita. Poderia ser mais lida. Poderia...
28 e... professora! Me pergunto do que se tratam essas aulas que teimo em continuar “ministrando”, quando não acredito que deva convencer alguém, mas, pelo contrário, que se convençam de que estou errada e que me ensinem as outras coisas que possam me ajudar a dar maior sentido à vida. Me ensinem mais graça...
28 e... hehehe... o que procuro é muito mais graça...
28 e, anteontem, ou sei lá quando, fui ao shopping com uma amiga para comprar sapatos. Aquele monte de gente se aglomerando ao redor das vitrines faz com que eu perca momentaneamente a capacidade de me encantar com o mundo. Nessas horas eu penso no que o meu amor por você significa e ele poderia ficar pequeno e feio.
Ele é uma tentativa de a gente se sentir especial no meio de tanta, tanta gente igual. É uma tentativa de se sentir diferente e único, mesmo que seja só para uma outra pessoa nesse mundo inteiro, mesmo que seja lá longe. Ele é necessário... e eu não amo as coisas necessárias.
Mas eu amo você.
E música.
28 e um doutorado nada a ver, num programa de pós-graduação nada a ver, com professores que pensam coisas que eu acho nada a ver, para me ajudar a alcançar o posto de... acadêmica!
Bah... nada a ver...
Nenhuma ciência me explica a vida melhor do que Drummond. E nenhuma explica o que sinto quando o Freddie Mercury desafina cantando Under Pressure como se não houvesse amanhã...
28 anos e 14 com você. Metade da minha vida com você, companheiro! Acho que estou enjoando do seu cheiro... não rola mais um clima, sabe?
28 e a gente não chega junto aos 29. É uma promessa. Para mim.
28 e... por falar nisso, as paixonites continuam infantis: 23, 22, 21 anos. Ainda cedendo a poesias e musiquinhas cuspidas, em troca de um convite para o meu corpo. Quando eu gostaria que visitassem, muito, mas muito mais, tudo que eu amo no mundo... e que amassem. Junto.
Talvez eu devesse deixar isso mais claro... 28 e não consigo deixar nada muito claro...
28 e meus sonhos de infância me assombram todos os dias: o que não vivi, o que não amei, o que não sofri... desejo tudo aqui e agora. Quando eu era criança sabia o que precisava para ser feliz. E dizem que a gente amadurece quando cresce...
28 e estou ingressando num novo esporte: corrida com barreiras. Hein? Você não sabia que isso existia? É, nem eu... mas, parece divertido ver os tombos dos outros...
28 e meu plano para o futuro é virar cantora de rock ‘n roll, escritora de crônicas sarcásticas e cozinheira. Morar numa casa cheia de gatos, com uma árvore muito alta, de onde penda um galho onde eu possa pendurar um balanço de madeira. Para ir e vir todos os dias, junto com as minhas epifanias!
28 e acho que vou montar minha primeira banda! Finalmente!
28 e nada definido: nem carreira, nem família, nem, sei lá mais o quê que se define ao chegar nessa idade. Eu defino, no máximo, o bar onde vou surtar no próximo sábado... quem sabe uma sinuca na quinta...
28 e olho as roupas que umas amigas usam para ir ao trabalho e reconheço a minha mãe, quando eu era pequena e ela ia ao trabalho. Fala sério! Ninguém merece usar roupas dos anos 80! Só faltam as ombreiras! Se, para eu ter uma carreira estável, tiver que me vestir assim, tou fudida...
Mas, pensando melhor... 28 e acho que eu não quero uma carreira estável...
28 e uma saudade do mar que me aperta de tanta secura! 28 e esse arrependimento doído: saudades, saudades, desse outro mundo que deixei na ilha... onde eu estava com a cabeça aos 26, quando decidi vir pra cá?

28 e andam me dizendo que eu deveria cortar as mini-saias. E eu me pergunto se não vou ser presa por sair na rua com a bunda de fora. Cortar mais???? Tsc, tsc! 28 e o mundo está ficando moderno demais pra mim...

terça-feira, novembro 13, 2007



Todas as vidas perdidas. Por todos os lados, nas minhas oito dimensões só o letreiro brilha na tela: game over. Nem mesmo os bônus e as magias puderam me reconduzir ao jogo. Talvez as armas especiais pudessem. Mas sempre preferi as magias... Devia ter lido as instruções como sempre faço. Nos outros é tão fácil.

Mas eu estava quase lá. Conhecia todas as etapas só não contava com o acaso, que levou o dia, o amor e o humor. Agora perece que o medo é melhor que a derrota. Ainda mais quando a luta é virtual e os inimigos apenas em parte conhecidos.

Distraí-me com os cenários e os efeitos. Incomodei-me com alguns sons e muitas vezes, fui pelo caminho mais longo. Perdi muito tempo. Fiz manobras que não queria e deixem que jogassem o meu jogo. Esqueci a guerra.

Testei todos os sentimentos humanos diante da máquina e nada adiantou. Linguagens incompatíveis. Jurava que podia algum dia transpô-la. Mas fui derrotada. Todo esforço sem sentido...

Em apenas uma frase, em negrito vermelho: fim do jogo pra você.

That’s it
There's no way
It's over, good luck…

domingo, novembro 04, 2007

mmmmm...


Se numa dessas noites de solidão você me encontra,
nua, debaixo de algum tapete da sua casa vazia...
me afaga numa rede em fins de terça...
Me remói, me percorre, me demarca.

Ai se você me descobre...
e arranca essa minha máscara de baile,
me atormenta e me mastiga os sonhos.
Anda garoto, me aborreça...

Me coloca no seu lugar,
e sobe no meu pedestal.
Usa a sua língua de mordaça...
para que nada do que eu diga faça qualquer diferença.

Diálogo com a saudade...




Aproveitando o ensejo...

- Estou te deixando...
- Estou bem.
- Eu sei.
- Um pouco triste talvez.
- Passamos bons momentos juntas....
- É verdade.
- Lembra ainda pequena, quando choravas ao ver as fotos?
- Eu dizia que era você!
- E era! Eu já te gostava...
- E por quê?
- Especialmente por sua memória... Consegues apreender cada detalhe, descrevê-los e revivê-los como ninguém.
- Então porque me deixas.
- Por você. Não percebes como sofres? Minha culpa...
- Não entendo?
- Meu substituto já chegou.
- E quem é?
- O desapego.
- Já tentamos uma vez... Não sei se consigo? Amo demasiadamente. Sinto que teremos conflitos...
- Por isso precisas dele. Serás mais forte.
- Tenho medo de perder a sensibilidade.
- E perderás. Mas nunca acabará. Porque é sua.
- E você e eu? E nossa... como posso definir? Relação?
- Definir pra quê?
- Mania...
- Apenas guarde. Pense com alegria, mas não deseje.
- Outra vez o desejo...
- Enquanto evocas a mim e ao desejo, juntos, não terás paz.
- E o que devo fazer?
- Deixar ir... Eu e todos os outros...
- Mas e eu?
- Ele está a tua espera.
- Ainda tenho medo.
- Não temas, apenas aceite-o.

sábado, novembro 03, 2007

Good Company


Às vezes, e só às vezes, a gente conhece umas pessoas deliciosas, de quem a gente fica meio viciado em... ficar perto!
Não, eu não estou falando de bons amigos. Mas também não estou falando de alguém cujas nossas únicas intenções são ficar, namorar, trepar e afins.
É todo um meio termo indefinido que não pode ser só amizade – porque você quer algo mais, mesmo que seja ficar abraçado, de mãos dadas, fazer cafunés (às vezes, até beijar muito e todo o resto) – e não pode ser só ficar – porque você também quer falar muuuuita bobagem, dar risada, passear, ficar sem fazer nada, na companhia estranha daquele ser.
Na minha cabeça, essas pessoas podem gerar muita confusão.
Não que eu não goste, mas a gente é meio acostumado, “socialmente”, a um monte de regrinhas estranhas que vão por água abaixo nessas situações.
Se você liga pra um cara, se você sai muito com ele, às vezes se você o conhece há pouco tempo, o mais comum é esse cara achar que você está a fim dele.
E você até está! Mas é num outro nível...
Você olha pra cara dele e tem vontade de passar a mão em seu rosto. Você ouve uma música no bar e tem vontade de ligar pra ele às 3 da manhã! Pra contar pra ele que você ouviu! Porque você sabe que ele é uma das únicas pessoas no mundo que vão entender a sua felicidade por ter ouvido aquele som brega! Você pensa nele várias vezes por dia. E muitas outras por noite. Vocês saem pra tomar cerveja e falar muita bosta numa balada ótima! E isso é tão bom quanto ficar em casa ouvindo música no micro...
Alguém entende? Eu não.
Dá muito medo de... espantar essa pessoa pra longe! Sem querer! Quando o que você quer mesmo é... grudar nela...
Daí a gente tenta dar uma disfarçada nessa vontade imensa e acaba “inventando motivos” para se encontrar. E os motivos podem ser os mais engraçados...
- Oi tudo bem?
- Tudo!
- Vamos tomar cerveja?
- Agora?
- É!
- Mas são oito e meia da manhã!
- Você é um florzinha mesmo, né?
- A hora certa para começar a beber!! uhuuuu! Vamos!

Outros possíveis...
- Vamos à festa do peão boiadeiro? Pode ser divertido!
- Vamos jogar sinuca?
- Quero revanche na sinuca!
- Hoje eu quero revanche na sinuca.
- Hoje EU quero revanche na sinuca. (revanche na sinuca pode ser uma desculpa eterna. É só saber usá-la).
- Fiz um almoço mexicano, tem coragem de provar?
- Eu posso ler I Ching pra você! Agora!
- Vamos à praia? Eu ouvi falar que vai ter uma tempestade de raios a qualquer momento!
- Quer ir ver uma árvore bem bonita? fica a uns 3 quilômetros daqui... no alto de um morro. Mas tem que ir a pé, porque não tem estrada...
- Vamos andar a toa?
- Quer vir aqui em casa comer um ovo? Cru? É que meu fogão tá sem gás...

E a melhor, mais gostosa e mais eficiente de todas as razões:
- TENHO QUE TE MOSTRAR UMA MÚSICAS!!!
Em casa, no carro, numa banda que toca no bar, assobiando, batucando na caixa de fósforos, em qualquer lugar...

E, apesar de os motivos serem, normalmente, bem legais e divertidos... o que dá vontade mesmo é curtir aquela boa companhia o tempo todo... sem motivo algum.
Mentira! Na real, música é sempre um ótimo motivo...
Bah... estou com saudades...