Há muitos e muitos anos, existiu uma terra encantada e misteriosa, que tinha todas as suas faces banhadas pelo mar. Nesta terra, numa destas poucas noites de névoa, onde a magia paira confundindo os corações determinados, ela caminhava fora de todas as direções.
Em busca de algum tipo de conforto, invocou as palavras que, segundo a lenda, a levariam ao encontro de um estranho que a ouviria em todos os seus lamentos. E que, com ela repartiria também alguns dos seus, para que juntos encontrassem soluções.
Quando abriu novamente os olhos, lhe reconheceu: o estranho havia sido enviado. Ela sentou ao seu lado e iniciaram uma longa conversa, a princípio, bastante séria. Mas que foi se tornando, de tão suave, algo parecido como uma conversa de crianças.
Depois de tantos sonhos trocados, perceberam que ali não haveria soluções: enquanto falavam, eles subiam ao ponto mais alto do lugar... e de suas intimidades: aquele em que se conversa confortavelmente em silêncio.
Olhando de cima, sob um céu estrelado que não se poderia enxergar, o mundo parecia pequeno e agitado perante o conforto que abraçou aqueles dois estranhos que o observavam como a um grande vazio. Estavam mergulhados em seus conflitos e medos, mas os deixavam de lado por esta noite mágica. Por mil e uma noites mágicas.
Entre olhares e sorrisos, uma cumplicidade que não haveria de ser explicada nem mesmo pela mais sábia esfinge. E que também não haveria de ser entendida, pois as coisas mais belas só permanecem assim quando há mistérios...
Mesmo em tantas tentativas de encontros e, de desencontros planejados, aquela estranha sensação de conforto, que a ele trazia tanto prazer, incomodava-a. Mesmo à distância, mesmo sem se tocarem, sem se verem, mesmo calando tantas palavras de amor quanto poderiam ousar, havia uma culpa, um receio, uma dor. O conforto, em verdade, se tornava desconfortável. E ela não sabia como ser gentil: havia muita intensidade em seus modos de amar.
Era necessário que recuasse pois não sabia como se manter afastada de tantas belas possibilidades quanto suas ilusões haviam construído. Procurou então em sua alma uma força que a projetasse para longe dali, daquela noite interminável de confusas sensações.
Usou novamente de palavras e o mistificou em mal, através de novas ilusões: tornou-o cinza, retirou seu brilho de estrelas e passou a escutar apenas as suas palavras, calando seus longos silêncios...
Pousou as mãos no colo, deu mais um olhar em direção ao mundo e percebeu que o dia nascia novamente, após longo descanso, lambendo a terra encantada com raios de sol.
Dizem que ela retomou a caminhada fora das direções por toda a eternidade.
Em busca de algum tipo de conforto, invocou as palavras que, segundo a lenda, a levariam ao encontro de um estranho que a ouviria em todos os seus lamentos. E que, com ela repartiria também alguns dos seus, para que juntos encontrassem soluções.
Quando abriu novamente os olhos, lhe reconheceu: o estranho havia sido enviado. Ela sentou ao seu lado e iniciaram uma longa conversa, a princípio, bastante séria. Mas que foi se tornando, de tão suave, algo parecido como uma conversa de crianças.
Depois de tantos sonhos trocados, perceberam que ali não haveria soluções: enquanto falavam, eles subiam ao ponto mais alto do lugar... e de suas intimidades: aquele em que se conversa confortavelmente em silêncio.
Olhando de cima, sob um céu estrelado que não se poderia enxergar, o mundo parecia pequeno e agitado perante o conforto que abraçou aqueles dois estranhos que o observavam como a um grande vazio. Estavam mergulhados em seus conflitos e medos, mas os deixavam de lado por esta noite mágica. Por mil e uma noites mágicas.
Entre olhares e sorrisos, uma cumplicidade que não haveria de ser explicada nem mesmo pela mais sábia esfinge. E que também não haveria de ser entendida, pois as coisas mais belas só permanecem assim quando há mistérios...
Mesmo em tantas tentativas de encontros e, de desencontros planejados, aquela estranha sensação de conforto, que a ele trazia tanto prazer, incomodava-a. Mesmo à distância, mesmo sem se tocarem, sem se verem, mesmo calando tantas palavras de amor quanto poderiam ousar, havia uma culpa, um receio, uma dor. O conforto, em verdade, se tornava desconfortável. E ela não sabia como ser gentil: havia muita intensidade em seus modos de amar.
Era necessário que recuasse pois não sabia como se manter afastada de tantas belas possibilidades quanto suas ilusões haviam construído. Procurou então em sua alma uma força que a projetasse para longe dali, daquela noite interminável de confusas sensações.
Usou novamente de palavras e o mistificou em mal, através de novas ilusões: tornou-o cinza, retirou seu brilho de estrelas e passou a escutar apenas as suas palavras, calando seus longos silêncios...
Pousou as mãos no colo, deu mais um olhar em direção ao mundo e percebeu que o dia nascia novamente, após longo descanso, lambendo a terra encantada com raios de sol.
Dizem que ela retomou a caminhada fora das direções por toda a eternidade.
Mas que, de tempos em tempos, olha para trás...
Um nó na garganta, seu coração mergulhado numa eterna dúvida:
"onde diabos deixei meu maço de marlboro light, porra?"