terça-feira, fevereiro 06, 2007

Aperte a tecla foda-se...

Em algumas noites. Só nestas noites.

Eu desejaria concentrar todo o fel que eu sinto...

nas minhas mãos.

E, num simples gesto, como quem solta uma coruja maldita para a madrugada...

enviá-la a estas pessoas.

Eu gostaria que ela se multiplicasse como uma praga e adentrasse os corações de cada uma destas pessoas.

E retribuísse seus favores, a bicadas.

Que tudo começasse como uma pequena pontada no peito.

E irradiasse por todo o corpo, como câimbras...

Como um infarto,

que invadisse seus cérebros e acionasse suas memórias

e as ligasse às minhas memórias,

para que elas entendam o que estão sentindo...

As minhas dores

As dores que eu senti por cruzar cada um de seus caminhos.

Em algumas noites, só nestas...

eu gostaria de liberar no vento algumas mariposas.

Para que, em suas danças ao redor da luz,

elas soprassem no canto dos ouvidos alheios...

todos os segredos que eu guardo com desgosto.

Todas as falas que só me prejudicam.

Eu gostaria de destruir trabalhos, amizades e amores,

através de palavras que nem são minhas...

Como uma mensageira do inferno...

Em algumas noites, eu queria me despir de pudores e consciências,

Escolher uma vítima e fazê-la sofrer. Qualquer uma.

Queria ver sangue escorrendo.

Pelo puro prazer de me vingar de tudo

de tudo que até hoje eu quis, mas não me vinguei.

Daquela menina que me bateu na primeira série.

E daquela pessoa que não me aprovou num concurso no ano passado.

Gostaria de me vingar das minhas paixões frustradas.

E das pessoas que me ensinaram a me importar com os outros...

Gostaria de mostrar a cada uma dessas pessoas, através dessa pessoa escolhida,

que eu sinto muito.

Que eu sinto raiva.

Que eu sinto ódio!

Que corrói meu peito e vai tirando a minha vida, meu lugar, aos pouquinhos...

Que eu desejo sim, julgá-las, como nunca faço.

Que eu acho que elas não estão certas!

E que elas não podem fazer isso comigo!

Nessas noites, eu queria ter todos esses poderes,

Queria me despir da minha pele de cordeiro e liberar esse lobo!

Que ele saísse à caça, engolindo cada má ação, cada gesto. Cada uma dessas pessoas que me magoaram tanto.

Gostaria que ele mastigasse devagar e dolorido...

Por que eu não consigo? Infligir tanta dor?

Todo mundo consegue!

Mas é tão difícil pra mim...

porque isso seria admitir a todas estas pessoas que elas me afetam.

Isso faz com que eu me sinta tão fraca. Tão frágil.

Nesta noites, eu gostaria de me aceitar frágil.

E apenas sentar e chorar... perante todas essas pessoas.




5 comentários:

Macca disse...

ok...

MONALISA disse...

Ih

MONALISA disse...

Opa! Voltei. Ebaaaaaaaa... Scarlett que amargura! Será que vale a pena?

Pandora disse...

Po gata... isso é só um desabafo... a verdade é q eu nunca reajo a nada... e sempre acho q a culpa de tudo q fazem comigo é minha mesmo. e eu keria me livrar dessa culpa um pouco... keria me sentir uma vítima um pouco... keria me livrar do peso... reagir, brigar, me vingar, machucar... e... como eu não posso fazer isso de verdade, eu faço de verdade pelas minhas palavras.
é a porra da materialidade discursiva... ahuhuahuauhauhauh
esse texto não diz respeito a eventos recentes apenas... diz respeito a todos q eu ainda carrego em forma de culpa...
o engraçado é q meus ombros pararam de doer depois q eu o escrevi...

Stephan Seymour disse...

Poxa... Senti firmeza na raiva.
Adorei a parte do lobo - fiquei ate com medo! "que ele mastigasse devagar e dolorido"... As vezes tambem sinto uma raiva dessas - que mesmo depois de esmurrar a parede e ficar com os punhos doendo, continua me assombrando com escarnio. As vezes...