terça-feira, agosto 29, 2006

Me libera!


Me libera, retira essas correntes.
Não me ligue, não fale mais comigo.
Deixa minha esperança se afundar na falta do seu contato.
Não fale comigo e não me ouça!
Não seja compreensivo.
Não converse comigo sobre como está a sua vida.
Como se fôssemos bons amigos...
Não me conte,
exatamente porque eu quero saber...
Quero alimentar essa faísca que sobrou em mim.
Dar meu sangue de beber ao vampiro - até não restar mais nada.
Viver minha fantasia e sonhar que você ainda me deseja.
Não deixa!
Me ilumine com o seu silêncio.
Me prestigie com o seu descaso
Assim eu sinto mais dor...
Não me diga que você sente minha falta, quando não sente.
Não me conte como você está feliz.
Me abandone...
Eu mereço esse respeito!
Não ouça mais as nossas músicas, porque eu vou saber.
E, se ouví-las, que seja com outras mulheres...
Não as relacione mais a mim.
Porque isso vai machucar mais...
E eu preciso de cada alfinetada!
Quero mesmo o seu desprezo.
Não a sua compaixão. Nem o seu carinho. Nem as suas ilusões.
Preciso da sua completa ausência.
Você consegue? Me deixar em paz?
Seguir meu caminho?
Me libera!
Que eu me liberto...

domingo, agosto 27, 2006

FISSURAS

Expectativas são indícios que nos revelam coisas das quais precisamos atentar, prestar atenção e exercer nosso poder de intuir. Elas podem se concretizar ou não e, esta diferença, está naquilo que queremos e aquilo que conseguimos. É estranho notar como o tempo faz estas expectativas mudarem. Coisas que achávamos improváveis acabam se tornando norma, regra, cotidiano e nossa forma de olhar modifica. Eu não sei como isso começa. Acho que são fissuras, trincas, brechas, fendas, frestas. Elas começam pequeninas, tênues pensamentos que nas primeiras vezes que nos ocorrem, temos resistência, preferimos negá-los, rejeitá-los porque são pensamentos dolorosos, que não coincidem com aquilo que mais prezamos naquele momento. Mas eles voltam e voltam e se avolumam... as fissuras vão se abrindo mais e mais. Como pequeninos raios de luz vão invandindo aquele nosso olhar que está turvado ou mesmo cego por nosso estado de espírito inquieto ou encantado, depende. Aí chega o momento de decidir e avançar deste estado. Enquanto isso não chega, pois precisamos deste tempo para esse repensar, o que fazer? Esperar? Ainda daria tempo de fechar as fissuras, para perceber que nossas expectativas não estariam tão diferentes do que objetivamos? Ou as fissuras seriam tão grandes que não haveria tempo ou espaço que pudesse recuperá-las? Gostaria de ainda acreditar na recuperação. Talvez seja porque ainda meu olhar é muito turvo, encantado.

terça-feira, agosto 22, 2006

O cara dos meus sonhos...



O cara dos meus sonhos já apareceu duas vezes. Ele era tudo mesmo que eu buscava. Era tudo que eu desejava, que imaginava existir em alguém.
E foram mesmo maravilhosos os momentos que passei com eles. Tão maravilhosos que não ter mais esses momentos é muito dolorido.
E eu perdi esse cara dos meus sonhos duas vezes. Tentei, de todas as formas, fazer esse cara voltar – mas ele não voltava. E doía mais ainda, porque o que parecia é que o cara dos meus sonhos simplesmente não queria ficar comigo.
E aí... depois de passar por um amor tão maravilhoso, como voltar à vidinha normal? Voltar às baladas, beijar bocas que não fazem sentido, conversar com pessoas que, simplesmente, não são ele?
Como sair de um mundo de sonhos, que surge arrebatando todas as nossas bases, nos fazendo flutuar no vazio de um abraço longo e delicioso – perfeito – e tocar, novamente, os pés no chão?
Depois de ter encontrado o cara dos meus sonhos... fica difícil querer qualquer outra coisa.
E, muitas vezes, o que dá vontade mesmo é de pirar, largar tudo, sair correndo atrás desse cara, não interessa onde, nem como, nem porquê.
O problema maior é que não perdi o cara dos meus sonhos porque ele foi embora. Ou porque ele não me quer mais por perto. Ou porque deixei de gostar dele ou ele de mim. Perdi o cara dos meus sonhos muito antes de qualquer uma dessas coisas porque, de repente, ele se tornou real...
E, ao se tornar real... ele se tornou... outra coisa...
Todos aqueles encantos iniciais cessaram de existir: o brilho dos seus olhos pra mim não era mais o mesmo. Suas vontades constantes de me encontrar a cada segundo também não – afinal, eu já estava lá, a mulher dos sonhos dele... não era mais necessário tanta pressa...
Nossos beijos demoravam mais para acontecer. E, quando aconteciam, não era como se fosse o último (como foi o nosso primeiro beijo, nosso segundo, nosso terceiro...). Era como se minha boca sempre fosse estar ali...
Não nos encontrávamos mais para andar, fugidios, pelas ruas à noite. Sem caminhos definidos, a não ser os braços um do outro. Não nos encontrávamos mais para ficar sentados num banco de parque, nos olhando, admirando, com a intenção única de partilhar aquele momento um com o outro.
O sorriso dele pra mim não era mais sincero e desesperado - como se fosse a última coisa que eu devesse lembrar. Nem o seu abraço – claro, a mulher dos seus sonhos estava ali, real. E entregue.
Nesse momento, eles revelaram um outro “eu”: um eu preguiçoso em relação a mim. Um eu que não precisava mais se esforçar, me conquistar, me abalar, me surpreender – porque eu já estava encantada com o “eu” de antes...
E eu também revelei um outro “eu”: insatisfeito, confuso, que perguntava, a cada segundo, “o que aconteceu”? "Onde está o cara dos meus sonhos"?
E eu procurava e procurava nesse cara, aquele primeiro. E não achava. E ficava mais triste e mais confusa ainda...
Até que esses caras dos meus sonhos foram embora totalmente. Deixando ali, no lugar, uma outra pessoa, que eu não conhecia e não queria! Mas que era a cara do cara dos meus sonhos! Parecia tanto, mais tanto, que eu, ingênua, insisti, várias vezes.
E passei tempos revirando aquele cara estranho, exigindo o meu cara dos sonhos de volta. O problema é que eles não voltam. Eu não sei o que acontece com eles. Se são sugados para uma outra dimensão, se viram nuvens, ou arco-íris...
Só sei, hoje, que eu olho nos olhos do corpo em que vivia o cara dos meus sonhos e não mais o reconheço – apesar de tantas semelhanças que, às vezes, me dão a ilusão de que se eu tentar de novo... mas eu cansei de tentar. Eu olho naqueles olhos vazios do meu amor e sinto falta dele!
Saudade daqueles momentos mágicos que passamos pulando ondas enormes, sem tocar os pés no chão, numa praia perdida do Sul. Nossas mãos dadas e o sol tocando nossos rostos.
Saudade de olhar para estrelas enquanto ele me explicava coisas que eu só ouvia para sentir sua voz tocando a minha mente.
Saudade, não dessas pessoas agora (por elas, eu guardo um carinho. Porque naqueles corpos, antes, habitava todo o meu amor). Saudade daquelas pessoas de antes, que se perderam nas diferentes histórias que se conta da realidade... e tomaram, novamente, o rumo dos meus sonhos...

quinta-feira, agosto 10, 2006

EUZONA...

Se vocês já leram esse blog, sabem que uma amiga minha sofre de dupla personalidade. Minha cara Medusa se divide em Eu e Euzinha. Eu é uma Medusa normal: bola pra frente, trabalhadora, decidida, auto-estima elevada. Euzinha é uma Medusa ameba que quer casar. E, pra realizar esse sonho, Medusa Euzinha faz uma porção de bobagens.
O que eu, Scarlett, ainda não revelei no blog, é que também tenho essa dupla personalidade: em Scarlett, ao contrário de Medusa, convivem duas. A segunda porém, não é bobinha... elas me lembram o médico e o monstro.
Agora sou eu quem falo, porque, normalmente, Euzona só apareço à noite... e, às vezes, durante o dia, pra escrever textos no blog...
Eu sou uma pessoa pacata. Que adoro ajudar os outros. Sem preconceitos. Acho que a vida foi feita para se conduzir, racionalmente, aos nossos objetivos e ideais.
Mas basta o cheiro de vodka. O cheiro de noite. O cheiro de sexo. E Euzona acordo. Com fome. Euzona quero engolir o mundo inteiro. Quero dormir com o mundo inteiro. Quero balançar o mundo inteiro.
Eu gosto de música. Eu sou tímida. Eu me escondo...
Atrás de Euzona, que falo alto até me ouvirem. Berro até acreditarem. Grito até Eu acreditar.
Euzona uso couro. Uso bota. E piso nos pés alheios, assim: sem dó.
Euzona faço qualquer coisa pra me livrar. Euzona faço qualquer coisa pra me gostarem, pra me colocarem no centro das atenções.
Euzona machuco e gosto. Euzona mordo e não canso.
Quando Eu estou magoada, não sei reagir. Se alguém me atinge, não sei o que fazer. Não sei me defender, nunca soube.
Eu choro. Sou capaz de receber um tapa na cara e não fazer nada. Mas aí, com o tapa... venho Euzona.
Euzona me vingo, a qualquer preço. Euzona não vejo ninguém à frente, só obstáculos a serem contornados, derrubados, pisoteados. Euzona não tenho meias-palavras: euzona tenho frases inteiras, catalogadas, prontas pra serem atiradas, calibre 38.
Eu adoro prazer, sentir prazer. Mas tudo tem limites. Pra Euzona, não tem...
Euzona não distinguo sexo, idade, parentesco, nem situação. Euzona quero foder. Com todos, com tudo. Euzona só me preocupo com o ritmo...
Euzona não sinto dor. Euzona não me incomodo com o que os outros pensam. Euzona sou gato escaldado. Euzona vivo bem só. Euzona só quero beber, fumar e me divertir. E nunca, nunca, me sentir por baixo.
O problema é que uma hora, Euzona vou embora, dormir com o amanhecer do dia...
E eu caio do salto alto, cheia de nóias, problemas e culpas. Dolorida, tentando consertar os estragos.
E vejo como essa porção tão pequenina de mim - Euzona - boto fogo no meu circo: xingo, machuco, traio, e, no final, me fodo.
Nessa brincadeira, quem não me conhece se afasta, com medo, com raiva - com razão.
Euzona sou minha defesa, mas, também, o meu auto-ataque. Porque Euzona não me preocupo com o que os outros acham. Mas eu me preocupo. E sinto muito.
O meu grande problema é que Euzona mordo a língua... e Eu morro envenenada...

quarta-feira, agosto 09, 2006

lealdade masculina X lealdade feminina

A(o) melhor amiga(o) dorme com o(a) namorado(a) . A reação:

Dos homens: Sua piranha! Dormiu com o meu melhor amigo!!

Das mulheres: Sua piranha! Dormiu o meu namorado!!

Não sei quem é mais besta.
Não há culpados, nem vítimas.
Todos agiram como uns merdas.
Inclusive o(a) corno(a), que deu brecha ou motivo pra isso acontecer...
O curioso é que, em qualquer caso, as minas sempre se dão mal...
Eu digo que os três deveriam tomar uma cerveja e fazer uma suruba...

domingo, agosto 06, 2006

Para minhas companheiras de Ilha

Passei essas últimas semanas na Ilha meio que me despedindo. Me despedindo pouco, é verdade. Estava meio ausente mesmo, como muitas de vocês reclamaram, enlouquecida por uma paixão pelas incertezas (vocês sabem do que estou falando...).

Mas vocês sabem que eu fico assim mesmo: respiro as paixões como se fossem oxigênio, necessário ao próximo passo. Sou assim com tudo na vida, as paixões me movem, me fazem trabalhar, sair, estudar, ler, escrever, existir...

Hoje queria falar da minha paixão por vocês (e isso não tem nada a ver com as revelações sobre minha nova opção sexual. hauahahahua). Sobre como foi bom me abrir, receber essas novas paixões – minhas amigas queridas da ilha.

Queria falar de todas essas personalidades que me habitaram por esse tempo... queria falar de como são frágeis, apesar de aparentarem ser fortes. Queria falar de como falam muito sem dizer nada. E como tudo me disseram em seus silêncios e olhares para o vazio...

Como foram sábias e burras. Como se jogaram contra moinhos de vento, brigando com o nada para se tornarem guerreiras. E sobre como re-estabeleceram a paz, numa simples palavra, num gesto.

Como percebiam todas as minhas nóias, minhas armadilhas, meus pudores, meus amores. Como me avisavam, como me cuidavam. E como eu tentava devolver esse carinho, meio sem jeito pra coisa... será que vocês sentiam?

Queria falar de nossas dúvidas. Do que fazer, pra onde seguir, por qual caminho... nem sempre respondidas, mas sempre conversadas, negociadas, sonhadas em conjunto.

Da companhia - companheirismo mesmo. Do abraço amigo, do colo. Dos cafés, dos passeios, dos almoços, das jantas, das baladas, dos bares. Que momentos felizes e tristes passamos segurando nossas mãos.

Queria falar que, apesar de não parecer na hora, todas temos nossos amores: presentes, ausentes, vividos, doloridos, felizes. E que nossas buscas não são desnecessárias – ainda perceberemos que o amor que buscamos está, em grande parte, em nós mesmas. E é tanto amor, que desejamos lançá-lo para o mundo, como setas envenenadas...

Queria falar das nossas diferenças: da amiga mais racional à mais emotiva; da mais decidida à mais confusa; da mais feliz à mais deprimida; da mais amiga à menos amiga. As diferenças se desfazem quando estamos juntas. Porque cada uma de nós tem todas estas características, mais marcantes ou não em determinado tempo.

Queria falar dos nossos tempos. Desses descompassos que a carteira de identidade nos impõe: os anos vividos. Até agora, não descobri o que, realmente, eles representam... sou criança quando acordo de noite assustada. Sou velha quando dou meu ombro pra alguma de vocês chorar. Sou adolescente quando amo. E adulta quando trabalho. E estou fora do tempo quando escrevo, agora pra vocês... temos todas as mesmas idades? Agora, não tenho nenhuma.

Queria, enfim, falar sobre despedidas – afinal eu estou indo pra longe, por um tempo.

Queria dizer que elas não existem. Porque cada uma de vocês agora mora em mim. E eu moro em cada uma de vocês. Naquele minuto de cumplicidade que só as amigas podem entender...

sábado, agosto 05, 2006

Crônicas da dor e da caça - 02


Olho ao redor: casaisinhos pelos cantos. Muitos que nem se conhecem, mas se beijam e se tocam como se fossem íntimos. O sexo residindo na superficialidade. Eu já amei isso. Mas isso foi antes...

Antes de botar meus olhos naqueles olhos castanhos. Que bobagem. Não são os olhos dele que eu amei, mas o seu sorriso.

Ele disse que ia embora da festa. E eu disse “que pena”. E ele me beijou.

É difícil quando os beijos se acertam. Os nossos pareciam complementares. Desde esse primeiro, no susto.

Eu tinha passado a noite inteira olhando pra ele. Mas só no finzinho, bem na hora de ir embora ele teve coragem e se aproximou.

Andamos tanto naquele amanhecer... ele me acompanhou até em casa, era longe. E conversamos muito no caminho. Na porta, disse boa noite e entrei. Não o convidei pro meu corpo, não naquele dia.

No dia seguinte, quando já havia perdido as esperanças de ele ligar, vesti a pior roupa que tinha e ia saindo pra nadar. Quando abri a porta de casa, bem feia, ele estava lá, com o dedo pronto pra apertar a campainha. Essas coisas confirmam a lei de Murphy.

Envergonhada, mandei-o entrar. Não lembro o que conversamos, só que ele havia perdido meu telefone e por isso tinha vindo sem ligar. O encanto começou a começar...

Na semana seguinte ele se ofereceu pra mim: “quer um namorado?”. Que susto! Não ouvia algo assim há anos. Aliás, acho que nunca tinha ouvido. Alguém me notara. Me senti tão bem, com tanto medo de deixar alguém gostar de mim. Aceitei, pra ver no que dava, com não só um, mas dois pés atrás.

Alguns dias depois, depois de uma festa na sua casa, ele me convidou pra dormir lá. Eu estava bêbada.

E, no sofá, nos agarramos. Ele me levou pro quarto. E eu disse: “você decide. Não estou em condições de decidir nada”.

Ele decidiu.

Arrancar minhas roupas e me beijar inteira. Eu já estava um pouco descontrolada mas, depois disso, me perdi... não sabia mais se era eu ou ele que eu beijava e que me beijava. Era uma bagunça e um cheiro que até hoje me impedem de dormir muito rápido, quando lembro.

Depois de uma semana, no meio da rua, indo pra faculdade, nos despedindo, ele me beijou, o beijo complementar. E disse, bem baixinho no meu ouvido, enquanto eu olhava pro céu que estava azul demais, sem nenhuma nuvem: eu amo você.

Eu parei de respirar, atordoada com a notícia. Alguém me amava!

Mas me deu tanto medo... que não consegui me soltar, não consegui dizer, contar pra ele que eu também. Minha vontade era de explicar toda a minha insegurança, meus traumas, minha vida, pra ver se ele entendia porque eu não respondia, simplesmente, com a mesma frase. Mas não dava, porque o que eu tinha era aquele um minuto de silêncio antes de ir pra um lado, enquanto ele ia pro outro.

Então eu disse “eu ainda não posso dizer o mesmo. Tenho medo”.

Foi o primeiro de um milhão de erros entre a gente.

Ali, naquele primeiro mês, eu já comecei a saborear o fel de dois anos, devagarzinho, de amar alguém e não conseguir mais compreender nada. E errar, errar e errar em tudo, até que o amor não cabe mais dentro da gente e transborda, invade o outro, molesta, culpa o outro, culpa os dois e acaba por se consumir em mágoas e tristeza.

Quando percebi isso era tarde. O outro já estava longe, tomou o caminho mais longo pra casa. E eu fiquei aqui, também perdida, machucada. De volta à caça.

Por isso eu caço.

Pra esquecer.

Pra ocupar meu tempo, preencher o vazio que ficou.

Pra dizer pra mim mesma que, um dia, vou sentir tudo isso de novo.

Por medo de nunca mais sentir isso de novo.

Pra me anestesiar da dor, com cerveja e vodka e tequila e sexo.

Essa noite acabou. É melhor ir pra casa dormir.

Crônicas da dor e da caça - 01


Nesta noite eu só olho para aquela garota. Ela era tudo que eu queria ouvir, ver e tocar.

Todos os movimentos que ela fazia me lembravam coisas delgadas, gostosas de tocar, seda, cetim. A boca parecia um morango e eu queria mordê-lo bem devagar, segurando-a pelos cabelos, segurando seu rosto, gentilmente.

Entre uma e outra golada na vodka eu fantasiava, enquanto ela me cutucava e falava bobagens sobre os caras que estavam ao redor. Eu só queria que ela calasse a boca e me agarrasse.

Então arrisquei: criei coragem, olhei nos olhos dela, bem firme. Ela sabia que neles estava escrito “te desejo”.

Ela sorriu um sorriso tão sapeca, tão maldoso, que me deixou vermelha. E levou as mãos nas minhas bochechas, me deu um beijo na boca, como quem beija um conhecido no rosto. Quase enlouqueci.

Num pulo, levantei do sofá aonde estávamos. Pensei comigo: “Talvez isso não dê certo”.

Mas ela também se levantou, pegou minha mão e foi me arrastando para fora. Enquanto eu ia, senti o efeito de tanta cerveja e vodka, fazendo o mundo parecer meio enevoado, colorido. Por um instante fiquei com um pé atrás.

Ah! Que diabos! Quando estiver morta vou ter tempo pra me arrepender de tudo.

Lá fora, meu calor entrou em choque com o frio da noite. Nos atracamos numa parede.

Como as mulheres são macias... eu sentia seus braços, seu rosto, seu cabelo, meu coração disparado. As mãos já não tinham mais caminho certo e passeavam por todos os lugares. E aquela boca parecia a reunião de todas as coisas boas do mundo. Eu estava indefesa, num sentido bom da palavra, totalmente rendida àqueles olhos amendoados que me provocavam tanto.

Nos enfiamos num canto, e tiramos nossas blusas. Eu já sentia seus seios tocando os meus. Apesar do frio, estava suando, como ela, lambendo seu pescoço, ouvindo quando ela gemia de prazer – isso me deixava nas nuvens.

Mas... me chamaram...

Era ela, me chamando pra ir pegar uma cerveja, me tirando do transe, da fantasia em que eu tinha me enfiado durante alguns minutos de silêncio no sofá do bar.

Às vezes eu não caço.

* Pra quem não sabe, eu virei sapata na última terça-feira, 01/08/06, às 16:30h. Então não reclamem, ou encham o saco. Obrigada.

quinta-feira, agosto 03, 2006

SPA - Síndrome do Pau Anão


Essa também é de uma época em que eu era bobinha...

Estava eu, perdida numa festa (DOIDA PARA DAR!), quando vi um cara gato...
Amigo de um conhecido.
Cheguei, puxei papo, mexi no cabelo (daquele jeito que as mulheres mexem no cabelo quando estão... DOIDAS PARA DAR). Fiz um charminho.
Fui gentilmente e sutilmente tirando ele da roda, levando para um canto e... obviamente, levei!
Não satisfeita com simples beijinhos, sugeri a ele que ele fosse dormir em casa (afinal, eu tava... DOIDA PARA DAR).
E assim, eu e meu belo príncipe, faturado "facinho" numa festa, nos dirigimos à minha casa.
Chegando lá, mil beijos para todos os lados... o calor aumentando... fomos tirando nossas roupas...
Tiramos blusas.
Tiramos calças.
Tirei minha calcinha.
Ele tirou a cueca.
Enquanto ele tirava a cueca, eu me debrucei sobre o criado mudo, para pegar uma linda camisinha (carésima) com gostinho de uva, que eu havia comprado para ocasiões especiais.
Na minha cabeça, tudo o que passava era: "ponho a camisinha com a boca? (uhuuuu! vou dar!) ou ponho com a mão? (finalmente vou dar!! yesssss!) bom, se eu kiser impressionar, melhor por com a boca (dar, dar, dar, lá lá lá!). mas pode dar errado, vou por com a mão mesmo (dar, dar!)".
Foi quando eu me virei, camisinha de uva na mão e vi o cara, sem cueca. Na verdade, o problema foi que eu NÃO VI.
Gente, era do tamanho do meu dedo mindinho. Sério. Do comprimento E largura.
A minha cara, provavelmente não conseguia disfarçar meu susto. Naqueles dez segundos em que olhava estaticamente a piroquinha do cara, passaram na minha cabeça os seguintes pensamentos, sobre "o que fazer":
1. Sorrir gentilmente e dizer "ai ti pequenininho lindo! ti coisinha mais fofa! bilu, bilu, bilu, bilu!".
2. Fingir um desmaio.
3. Fingir uma caganeira, correr para o banheiro e dizer que isso é um problema genético que eu tenho todo dia. Ainda bem que eu estava em casa, porque, normalmente, não dá pra segurar.
4. Verificar o desafio.
Escolhi esse. Pensei: vou encarar!
Me dirijo à minhoquinha, com a camisinha... pensando, será que está duro?
Parecia estar...
Ainda quis me certificar e perguntei: "então gato, tem certeza que você está a fimd e fazer isso mesmo?"
Ele respondeu: "claaaaaro que sim. Super a fim. Você não percebeu?"
Eu deveria ter dito "não, desculpe, mas não... parece-me que você quer é ir dormir. Pra sempre!", mas não tive coragem.
Vou colocar a camisinha...
Caralho! Ficava larga! Além de tudo, não podia me proteger! Que merda. É, não dava pra encarar...
O que falar?
1. Deixei uma torta no forno. Da minha vizinha. Tenho que ir lá.
2. Putz! Esqueci que tenho um trabalho pra entregar amanhã cedo! Será que você pode ir embora?
3. hehehe. até que ele ficou fofo de vestidinho roxo... mas tá meio largo...
4. EU NÃO POSSO FAZER ISSO! EU TENHO NAMORADO! ESTOU COM DOR NA CONSCIÊNCIA! ME DESCULPA, PELO AMOR DE DEUS! AI, POR QUE EU FIZ ISSO? DESCULPA. SERÁ QUE VOCÊ PODE IR EMBORA? (obviamente, me debulhando em lágrimas).
Foi isso.
Ele compreendeu meu drama. Eu tinha namorado mesmo. Não era tudo mentira. E tudo se resolveu.
Até que um dia... encontrei uma amiga que já havia ficado com ele, antes do meu "episódio". E fui comentar com ela (na verdade, alertá-la), pois achei que ela só tinha ficado nos beijinhos com ele e poderia, como eu, querer ago mais.
Foi quando ela me contou... que havia acontecido a mesma coisa com ela!! Mas ela não teve coragem de falar pra ninguém! Alguém acredita nisso? Tudo poderia ser evitado!! É... precisamos aumentar a cumplicidade entre as mulheres... mesmo!


quarta-feira, agosto 02, 2006

Sabe, tenho que lhe dizer uma coisa: pouco me importa que você desapareça.
Não vou mais ligar, mandar mensagem ou dizer que sinto sua falta.
Tudo bem que o sexo foi maravilhoso, mas querido 50% do que foi se deve ao fato de que eu sou gostosa pra caralho, e se você quer se fazer problema seu. Vou dar pra outro.
E sabe o que mais?
Cansei dessa babaquice toda de esperar alguma coisa de qualquer cara, até mesmo de você.
Se um dia rolar outra “foda” igual vai ser legal, vou curtir, vou gozar milhões de vezes e depois me despedir como se fosse a última foda, sempre, sem expectativas.
Não vou esperar nada de você, a não ser que me dê prazer e não encha meus ouvidos com papinhos sobre o fato de ser muito bom transar comigo e tal.
Se é pra fuder, vamos fuder direito, sem falsas confissões e sem ternura.
Não me olhe com ternura, nem fale coisas sobre mim.
Não quero saber o que você pensa! Aliás desisti de querer saber o que os outros pensam.
Quero que os outros se fodam. Passado, presente e futuro. Vou viver cada dia como se fosse o último da minha existência.
Sempre em despedida, dizendo adeus pra todos e pra tudo.
Na verdade me enchi de querer provar qualquer coisa pra alguém. Eu não preciso disso. Se um dia alguém quiser me amar, ficar comigo, estou aqui. Inteira! Como sempre fui. Mas não vou mais abanar meu rabinho feito uma cadela carente só porque o cara me faz bem pra caralho. É isso: vou fazer bem a mim mesma.

Oras, bolas!


Estava eu feliz, pegando um gatinho... muitos e muitos anos atrás, quando eu ainda era bobinha.
Resolvemos ir a um motel, onde transaríamos pela primeira vez. Que meigo...
E fomos.
Foi uma delícia...
e eu reparei que esse gatinho tinha um "equipamento" bastante avantajado.
Mas não era o pau (pinto, pênis, peru, rola, é! é disso mesmo que tou falando!), nosso grande instrumento de prazer, que me impressionou... eram as... bolas!
2 redondas e ENORMES bolas!
O que pensei?
Bom, se é legal ter pau grande... também deve ser legal ter BOLAS GRANDES!
E, naquele momento mágico pós-sexo, em que estávamos abraçadinhos na cama, trocando juras de amor, pensei em elogiar esta maravilhosa características idiossincrática do gatinho...
"gato, queria te dizer que estou impressionada... suas bolas são tão grandes!"
E, nesse momento, nossos segundos de paixão acabaram... a resposta dele foi:
"poxa. eu tenho uma doença. meus testículos não param de crescer. já operei várias vezes. e, de tempos em tempos, tenho q aoperar de novo."
E assim... o amor acabou...

Cegueira da Paixão

É incrível como fechamos nossos olhos quando estamos apaixonadas. Tudo parece perfeito. O mundo parece perfeito.
De repente, tudo despenca.
Uma paixão tão linda muda, da noite para o dia...
Daí 0 que pensamos?
Que a culpa é nossa.
Sempre. Estamos fazendo algo errado. Mudamos. Estamos cobrando demais. Estamos feias. Qualquer bobagem do gênero.
Acabamos nos concentramos nos nossos umbigos. Porque nos sentimos taaaaão responsáveis pelos sentimentos dos outros...
Agora descobri outra coisa: não temos nada a ver com o sentimento dos outros.
E, se tudo mudou e a gente busca identificar na gente o que mudou e não encontra nada, talvez seja porque não foi a gente que mudou. Talvez tenha sido o outro.
O outro, muitas vezes, covarde, levado pelas circunstâncias se cala.
Não fala o que está acontecendo, porque tem medo de "magoar a gente".
E nos deixa com essa imensa culpa, pensando que o motivo de tudo dar errado é a gente mesmo.
Que sacanagem. Que falta de coragem...
Na verdade, o medo de é de não saber o que vai acontecer se a verdade vir à tona. Medo de assumir as consequências...
Eu pensava, honestamente, que nem todos os outros fossem assim.
Mas é burrice pensar isso quando vimos a mesma coisa acontecer antes com esse mesmo outro em relação a outra, pouco tempo antes.
Pensar que foi só um lapso momentâneo...
Ironia do destino... as pessoas não mudam MESMO!
Mesmo quando se dá liberdade para a mudança. Mesmo quando nada se cobra.
E pensar que caí numa dessas... me deixa enojada...
Que bobagem... quando estamos apaixonadas ficamos tão cegas...
A partir de agora, retomo meus olhos abertos.
Podem me chamar de fria novamente - voltei ao meu estado normal.
Apesar de extremamente confortáveis, os óculos da paixão nos deixam míopes. E eu gosto de enxergar.