terça-feira, agosto 22, 2006
O cara dos meus sonhos...
O cara dos meus sonhos já apareceu duas vezes. Ele era tudo mesmo que eu buscava. Era tudo que eu desejava, que imaginava existir em alguém.
E foram mesmo maravilhosos os momentos que passei com eles. Tão maravilhosos que não ter mais esses momentos é muito dolorido.
E eu perdi esse cara dos meus sonhos duas vezes. Tentei, de todas as formas, fazer esse cara voltar – mas ele não voltava. E doía mais ainda, porque o que parecia é que o cara dos meus sonhos simplesmente não queria ficar comigo.
E aí... depois de passar por um amor tão maravilhoso, como voltar à vidinha normal? Voltar às baladas, beijar bocas que não fazem sentido, conversar com pessoas que, simplesmente, não são ele?
Como sair de um mundo de sonhos, que surge arrebatando todas as nossas bases, nos fazendo flutuar no vazio de um abraço longo e delicioso – perfeito – e tocar, novamente, os pés no chão?
Depois de ter encontrado o cara dos meus sonhos... fica difícil querer qualquer outra coisa.
E, muitas vezes, o que dá vontade mesmo é de pirar, largar tudo, sair correndo atrás desse cara, não interessa onde, nem como, nem porquê.
O problema maior é que não perdi o cara dos meus sonhos porque ele foi embora. Ou porque ele não me quer mais por perto. Ou porque deixei de gostar dele ou ele de mim. Perdi o cara dos meus sonhos muito antes de qualquer uma dessas coisas porque, de repente, ele se tornou real...
E, ao se tornar real... ele se tornou... outra coisa...
Todos aqueles encantos iniciais cessaram de existir: o brilho dos seus olhos pra mim não era mais o mesmo. Suas vontades constantes de me encontrar a cada segundo também não – afinal, eu já estava lá, a mulher dos sonhos dele... não era mais necessário tanta pressa...
Nossos beijos demoravam mais para acontecer. E, quando aconteciam, não era como se fosse o último (como foi o nosso primeiro beijo, nosso segundo, nosso terceiro...). Era como se minha boca sempre fosse estar ali...
Não nos encontrávamos mais para andar, fugidios, pelas ruas à noite. Sem caminhos definidos, a não ser os braços um do outro. Não nos encontrávamos mais para ficar sentados num banco de parque, nos olhando, admirando, com a intenção única de partilhar aquele momento um com o outro.
O sorriso dele pra mim não era mais sincero e desesperado - como se fosse a última coisa que eu devesse lembrar. Nem o seu abraço – claro, a mulher dos seus sonhos estava ali, real. E entregue.
Nesse momento, eles revelaram um outro “eu”: um eu preguiçoso em relação a mim. Um eu que não precisava mais se esforçar, me conquistar, me abalar, me surpreender – porque eu já estava encantada com o “eu” de antes...
E eu também revelei um outro “eu”: insatisfeito, confuso, que perguntava, a cada segundo, “o que aconteceu”? "Onde está o cara dos meus sonhos"?
E eu procurava e procurava nesse cara, aquele primeiro. E não achava. E ficava mais triste e mais confusa ainda...
Até que esses caras dos meus sonhos foram embora totalmente. Deixando ali, no lugar, uma outra pessoa, que eu não conhecia e não queria! Mas que era a cara do cara dos meus sonhos! Parecia tanto, mais tanto, que eu, ingênua, insisti, várias vezes.
E passei tempos revirando aquele cara estranho, exigindo o meu cara dos sonhos de volta. O problema é que eles não voltam. Eu não sei o que acontece com eles. Se são sugados para uma outra dimensão, se viram nuvens, ou arco-íris...
Só sei, hoje, que eu olho nos olhos do corpo em que vivia o cara dos meus sonhos e não mais o reconheço – apesar de tantas semelhanças que, às vezes, me dão a ilusão de que se eu tentar de novo... mas eu cansei de tentar. Eu olho naqueles olhos vazios do meu amor e sinto falta dele!
Saudade daqueles momentos mágicos que passamos pulando ondas enormes, sem tocar os pés no chão, numa praia perdida do Sul. Nossas mãos dadas e o sol tocando nossos rostos.
Saudade de olhar para estrelas enquanto ele me explicava coisas que eu só ouvia para sentir sua voz tocando a minha mente.
Saudade, não dessas pessoas agora (por elas, eu guardo um carinho. Porque naqueles corpos, antes, habitava todo o meu amor). Saudade daquelas pessoas de antes, que se perderam nas diferentes histórias que se conta da realidade... e tomaram, novamente, o rumo dos meus sonhos...
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4 comentários:
Olha, quase chorei, sério. Pena que a gente não pode eternizar esses momentos e nem essas pessoas em nós. Sei lá, mas acho que quando amamos um cara não amamos o cara entendeu. Porque ele é o cara dos nossos sonhos. Parece que colocamos uma máscara nele para o vermos do modo que queremos. Será que alguém amaria uma pessoa mesmo se ela fosse deste sempre o que ela realmente é? Entende? Será que o que amamos não é uma fantasia que foi construída há muito tempo. Tem aquela música: "eu te recriei só pro meu prazer". Acho que amar é mais ou menos isso, recriar a pessoa para satisfazer a algo nosso. E claro que isso é muito bom. Se não fosse assim tanta pessoa que existe por aí sem graça, não teria graça para quem o ama. É assim entramos neste estado meio real, meio virtual, aonde vc pensa existir só vc e essa pessoa que vc inventou, que faz vc olhar pras estrelas mesmo que vc nunca as tenha notado. Talvez o amor seja isso, as pessoas entram na nossa vida para nos ensinar algo, como por exemplo, a ouvir os sons dos instrumentos, prestar atenção nas estrelhas, olhar para uma flor, escrever poemas, criar, crescer. Na verdade não sei nada de amor, sei que dá aquela coisa louca de querer a pessoa, e qualquer coisa que vc faz com ela é a melhor coisa do mundo, até mesmo discutir com ela. Engraçado Scarlet, acho que temos que escrever mais sobre isso. Eu as vezes fico dizendo a todo instante feito papagaio: "tem que me amar do jeito que sou, tem que me amar do jeito que sou",mas que merda, nem eu sei que jeito é esse. Será que amaríamos alguém desde o princípio tendo consciência plena de quem essa pessoa é? ai ai... to confusa agora... vou ler teu texto de novo. CAralho...
Ih, revoltou-se.... não precisa escrever se não quiser...heheheheheheh mas olha só, tá revoltada com o que? rs
Ah Lady, o que seria desse blog sem seus escritos?
eu às vezes me pergunto se as pessoas q estão casadas há anos não estão vivendo a ilusão de que o objeto de seu amor - akele momento de deslumbramento q acontece às vezes - seja a pessoa q está ali a seu lado. Eu me pergunto se, às vezes, estas pessoas não olham pra seus companheiros e não se perguntam "onde está akela pessoa q eu amei?" "onde está akele momento eternizado na minha saudade?". Pq qdo olha pro rosto do companheiro, vê q ele é o mesmo de todo akele sentimento. Mas, ao mesmo tempo, o sentimento não vive mais nakele rosto. Só nas nossas memórias... (ou nas nossas ilusões?)
me pergunto se vários casais ainda não estão juntos pela esperança de q akele outro volte algum dia...
eu mesma já fikei um ano tentando fazer esse outro voltar, da penúltima vez.
dessa última eu desisti mais fácil... acho q é melhor pra todo mundo se a gente se lança para uma outra coisa, buscando o sentimento numa pessoa nova... kem sabe, até mesmo, em nós mesmas...
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