quarta-feira, dezembro 24, 2008

Mais

Há uns quinze minutos pensei em lhe enviar uma mensagem. Uma frase curta, aparentemente desinteressada, um “feliz natal”, “saúde”, “paz na Terra”.
A verdade é que gostaria que as minhas palavras te encontrassem.
O telefone desligou sozinho, enquanto ainda pensava que mensagem estúpida natalina poderia ser tão despretensiosa, a ponto de que você não percebesse assim, o meu interesse súbito.
Nem eu mesma sei de onde ele surgiu. É como se, por alguma razão, eu desejasse te conhecer mais, saber qualquer outra coisa da sua vida, além do seu sexo, do seu corpo, da conversa superficial de bar.
Quero mais. E nem ao menos me pergunto por que quero mais!
Do que emerge esse desejo de ir me apropriando dos seus pensamentos, vontades, criações? Por que, sendo tão deliciosamente tranqüilos e inusitados os nossos encontros nessa vida, tão despreocupados, ansiosamente esperados e desejados, eu tento alcançá-los, me adiantar, prever, controlá-los?
Por que me corrói uma ansiedade de te encontrar de maneira mais fácil? De que esteja ao alcance das mãos? De que venha quando eu chamo?
Por que desejo tanto essa segurança, quando a beleza própria do nosso contorno reside também na incerteza, principalmente na incerteza, da possibilidade de mais um momento juntos?
E, buscando essa segurança, correndo o risco de suprir este desejo que faz parte, para mim, da sua figura que agora também desejo, não destruo desta forma, um pedaço deste querer?
Não, não. Deixemos a ansiedade tomar conta, a vontade enlouquecer, o acaso intervir. E desta forma, a possibilidade de não nos encontrarmos tornará os raros encontros mais e mais deliciosos. E a impossibilidade de nos acorrentarmos, tornará nossos desejos cada vez maiores. E a cada valor descoberto um no outro, uma supresa a ser digerida até a próxima vez.
Se os amores continuassem assim, eternizados pela falta de contato, enriquecidos de imaginação, o amor pelo outro seria o amor pelo si, inventado, e tenderia ao infinito semi-morto de insatisfação, mas nunca morto, pois sempre alimentado por ela...
A verdade é que gostaria que as minhas palavras te encontrassem. Mas trata-se de um dolorido egoísmo de adiantar o que o tempo já definiu lento.
E dizem por aí, que este amor não é o real...

3

Faz três dias. Três dias e algumas horas. Três dias e alguns sussurros. Três dias e mais uma foda. Três dias e muita comida. E muita cerveja, e muito trabalho, e muita TV. Faz três dias e ainda não sei se concordo. Faz três dias e muita tosse, e uma gripe que não extravasa. Faz três dias e, ainda, varro os cabelos do quarto. E não me conformo. E ainda estou brigando. E ainda não sei bem com o quê. Faz três dias e dezoito escovadas de dentes. Três dias e só penso em tequila. Três dias que só penso, como, fumo, desfio, desvio, sonho, cheiro... você. Três dias inteiros.

terça-feira, dezembro 02, 2008

Mulheres que correm


Será essa a sina? Das mulheres que correm com os lobos?
Esta sensação de não pertencer?
De não caber em lugar algum?
Deixar a chaleira no fogo queimando?
Esquecer de esquecer?
Sentar-se, parar...

O problema é que ficam paradas,
Quando deveriam é correr sem parar.
A gente se encosta na vida, sonhando com o dia depois de amanhã,
quando vai ser finalmente livre...
(mas o dia depois de amanhã sempre é o dia depois de amanhã e não hoje. E a gente vai ficando amarga de dar dó...)

Livre do quê?
Será que a gente quer se libertar da gente?
Livre para correr sem parar, sem destino,
que destino de cu é rola...
e a gente quer é não ter ponto de chegada.

E se eu estivesse fazendo análise,
sentada na porra do divã,
tentando explicar porque quem tem tudo reclama de tudo...
Tentando explicar pro cara que queria mesmo era estar correndo,
e não ali sentada.

O fato é que pra gente não há satisfação,
a não ser continuar procurando.
Inventando satisfação nova para correr atrás...

Ando incomodada, sabe?
Deveria estar trepando ao menos...
Mas claro! Tá parada!

Pra maioria das pessoas, atingimos tudo o que se pode chamar de satisfação na vida.
E ninguém entende porque não estamos felizes...
O problema é que a cada parada que chegamos,
vemos um trem a partir...
queremos chutar, entrar porta adentro,

nem que seja só pra ouvir o barulhinho...

mentira: queremos é ver o mundo correndo,

o perfeito, ficando para trás...

Medusa e Pandora (duas doidas de dar dó)

quarta-feira, novembro 26, 2008

E quando você percebe?


E quando você percebe?
Quando observa mesmo, passando...
imóvel, freada, quieta, parada?
Como se houvesse alguma força invisível, te segurando ali?
Como se não houvesse meios de sair?
De se levantar, andar, brigar, chutar?

E se a bola viesse direto na sua cara?
Enquanto acompanha a cena, quase câmera lenta,
sem poder fazer nada?
Um coma consciente,
observando as pessoas tocarem teu corpo,
Te dizerem tudo, tudo, como se você não estivesse ali?

E se você mesma te dissesse?
Como uma mãe de si mesma,
que faz nada além de repreensão?
E de outro lado, escutando, a cabeça baixa,
nada, nenhuma ação.
Numa esquizofrenia de enxergar os minutos ruírem...

Ao seu lado, uma sombra se arrolando,
a poeira sim, acumulando!
E você vendo! Porque ela não faz nem o favor de te cegar!
Se alcançasse a faca,
furaria os dois olhos?
Se alcançasse, cortaria os pulsos?

Mas nem isso é possível:
um levantar as mãos para o destino.
Antes fosse um beco sem saída,
e, dali, não percebesse o fluxo...
E quando você percebe,
que é você que está na linha?
E não consegue fazer nada?

terça-feira, novembro 25, 2008

é, é brega mesmo, tou nem aí.

Faz tempo...
Que tudo que me lembro de bom reside em seu sorriso. Em seus braços.
Sei que as cartas de amor são cafonas. Sei que amar nem existe de verdade – é apenas mais um modo de se esquecer da vida que anda sem sal demais, chata demais... – mas lembro.
Sinto a falta do seu cheiro, de como me acordava de manhã. Seus cabelos ainda enroscados nos meus. Seus olhos meio verdes, meio não.
Lembro de como não queria, nunca, sair de perto, mas te deixava ir, todas as manhãs.
Te encontrava na rua... e era sempre um jeito sem graça de fingirmos que não éramos o que éramos: dois bobos que se gostavam feito bobos...
e que não conseguiam disfarçar os desejos de colocar um ao outro em seu próprio bolso. Para espionarmos, de vez em quando... para acariciarmos, de vez em quando, para apenas sorrirmos um ao outro, que era o que mais fazíamos juntos. Acho que nunca fui tanto um verbo como naqueles dias:
Sorria de graça, sorria para o mar, mas, para o mar é fácil. Sorria para o que não gostava também. Sorria para o jiló do prato. Pro síndico... sorria apenas... sem motivos...
Um estado de latência, como se a vida tivesse sido suspensa por ora – imagino que as drogas causem isso aos desavisados – , estava de licença para ser cínica...
Nem me lembro das coisas ruins, para ser sincera. E sei que houve coisas horríveis... mas não sei onde pus. Talvez numa dessas pastas empilhadas na estante.
Ainda desejo esse modelo de... de, sei lá, de “coisinha romântica”. Um egoísmo meu para enfeitar o meio do caminho...
Já faz tempo, não? Anos... três ou quatro?
Às vezes me reprovo... às vezes não: sempre me reprovo, por desejar, assim, de novo. Improvável? Agora que analisei friamente? Distração hollywwodiana mental? Isso não existe. Inventamos. Bobagem, deixa de lado...
Mas quando as coisas apertam, fico deitada nessa lembrança do seu peito, acariciando meu próprio rosto... imaginando a sua mão ali...
E não estou aqui tentando resgatar uma faísca que ateie fogo no que já foi. É só um carinho especial por esse tempo ao qual retorno quando as coisas pesam demais.
Você se transformou no meu quadro de descanso...
Saudades...

quinta-feira, novembro 20, 2008

SAMPA

Os gatos de Sampa são mais gatos,que os de outro lugar.

Os metaleiros de Sampa são mais metaleiros.

Os carinhosos daqui mais carinhosos.O podre mais podre.

Tudo aqui é mais autêntico.Aqui se pode ser autêntico.Ninguém tem nada com a autenticidade de ninguém.

O novo de Sampa é mais novo. O novo de outros lugares aqui já envelheceu. Aqui tudo chega primeiro.Aqui tudo acaba logo, renova, se não renovar, morre.

Aqui você pode ser, o que você é.

Aqui você pode ser, o que quiser, basta querer.

aqui há sempre lugar...

O ar é mais ar, dá até pra pegar,

O rio é mais rio, é quase sólido,

é a cidade cosmopolita, não provinciana

aqui você pode pedir uma pizza de pera, às 2 da manhã e ter a melhor pizza do mundo na sua mesa em quinze minutos

aqui você pode tudo, aqui pode tudo,

não há censura, você é anônimo.

e é por isso que amo esse lugar ...

e além de tudo, os gatos são mais gatos, que os de outro lugar.

terça-feira, novembro 18, 2008

Ah! Se eu fosse sincera...




Refletindo sobre as mensagens que respondíamos aos gatos no celular e sobre os comentários que fazíamos entre a gente, Rê e eu decidimos explicitar o que realmente queríamos dizer a eles, de verdade...

- E aí cara? Faz tempo, não? Como você está?
Tradução: - E aí cara? Faz tempo que a gente não dá uma, né? Como você tá de horário hoje?

- Tou com saudades de você...
Tradução: - Tou com saudades do teu pau...

- Caralho! Você é fofo!
Tradução: - Caralho! Pára de tomar cerveja que já está parecendo um javali, de tanta banha!

- Comigo tudo bem. A gente precisa tomar uma cerveja qualquer hora.
Tradução: - Comigo tudo bem. Se você vier aqui me comer agora! Pode ser ou tá difícil?

- Você é um nenenzinho...
- Cara, não vou te convidar pro “after” porque você não deve entrar nem no motel! Sai fora! Eu vou acabar sendo presa! Você não tem nem barba! Caralho! Que que eu tava pensando?

- Então, agora eu tou curtindo a banda. Chega aqui mais tarde pra gente conversar...
- Então, agora eu tou sóbria demais. Chega aqui mais tarde que, se eu não tiver pegado ninguém, pelo menos já vou ter tomado bastante “embeleze” (cerveja) e vou conseguir te encarar! Seu feio!

E tem aquelas vezes em que queríamos dizer uma coisa, mas acabamos dizendo outra. Como, por exemplo, quando um cara me comunicou que precisava voltar com a esposa porque ela tava ameaçando tirar a guarda do filho dele. Ele disse que estava chateado, pois tinha me curtido muito. Eu respondi:
- Tudo bem, faça o que achar mais importante, ou melhor. Qualquer coisa, me liga, tá?

Essas manias de a gente ser compreensiva... mas queria, no fundo, responder isso:
- Já era fio! Teve a sua chance e eu só dou uma! Além disso, você é ruim de cama...

Ou, para aquele cara que sempre está te rodeando, te convidando pra sair, mas... que você já comeu!

- Ai gato, hoje não dá meu. Tenho que trabalhar (sábado à noite) até tarde numa parada aqui. Só se for bemmm tarde... daí eu te dou um toque. Fica tranqüilo!
Tradução: - Cara, você é meu “joker”: eternamente no banquinho de reservas! Se eu não pegar ninguém na balada hoje, ou se estiver mais carente do que um golden retriever... daí eu te dou um toque. Fica tranqüilo!

- Pô gato, amanhã tenho que acordar cedo...
Tradução: - Pô gato, tou com preguiça de lavar o cabelo agora... já te comi e digo que todo esse empenho não vale a pena...

- Pô cara. Agora não posso, pois estou em Sampa!
Tradução: - Pô cara, ainda não se tocou que você foi só mais um corpinho sem alma?


E aquele mané que te pergunta "mas por que? por que você não quer mais ficar comigo?"
E a gente, boazinha, responde: "ah gato... é um lance meu mesmo. Eu ando meio desapegada de compromissos e não quero te enganar ou magoar".
Quando queria dizer: "cara, é porque você é um chato, babaca, cretino e burro! E sem auto-estima! Que se tivesse auto-estima recolhia seus cacos e ia chorar em outro lugar e não na minha frente! Além de tudo, é ruim de cama! Se eu fosse você, eu me matava, seu loser!"

Ou quando você está completamente apaixonada, alucinada, enlouquecida, sei lá:

- Cara, eu estou de boa... acima de tudo, quero a sua amizade...
Tradução: - Cara, acima de tudo, eu só quero te botar na coleirinha, ter filhinhos com você, passear de mãos dadas na pracinha, trepar contigo o dia inteiro, ter crises de ciúmes e te apresentar pra minha mãe! E conhecer a tua!

Coisas que adoraríamos falar pra caras metidos que chegam na gente na balada (e, às vezes, falamos!):

- Gato, não vai dar. É que o teu cabelo tá com cheiro de coxinha...

- Cara, você é um metido, mas... fazer o quê? Tou precisando comer alguém em espanhol...

- Gato, você é o único...
(antes de chegar nesse mané, viro pro lado e digo pra Rê: Hoje tou de boa. Pega o que você quiser que eu pego o resto).

O cara virou pra nossa amiga Janis e disse: “Não curto mulher que fala palavrão”! ela respondeu: “ah é? Então vai tomar no seu cu”!

Ou quando você recebe parabéns pelo orkut, daquelas pessoas que viu uma vez na vida! Isso se já viu, efetivamente, esse energúmeno na vida:

- Cara, eu não sei nem quem você é! Você também não sabe quem eu sou! Então, pare de fingir que é meu amigo íntimo e dê parabéns para alguém que se importe, porra!
Pandora e Rê Bordosa

Fodas sem as quais eu passaria muito bem... ( parte1)

Essa que eu vou contar aqui foi foda,viu! Ou melhor,não foi!
Fomos pruma balada Pan e eu.Ia ser tudo de bom, Doors e Sepultura.Logo que chegamos avistei dois amigos, um careca que era a minha cara e um cabeludo que parecia ser a dela.
Ela disse que ele era muito "limpinho", e quando vejo ela já tava engolindo um outro cara.
Os dois se aproximaram um de cada lado meu.Pra ser sincera,um em cada ouvido.Pensei: tá certo que isso pode ter sido uma aposta, mas melhor eu escolher logo.Claro que a opção óbvia seria o careca, mas ele disse que estava ali por causa do sepultura e o "limpinho" cantava todas do Doors.Em nome de Jim Morrison fiz minha escolha. Errada!
Fomos pra casa dele, e como ele tava de mudança no dia seguinte, fui obrigar a transar entre uma geladeira e um fogão , e uma tábua de passar nos pés.Até aí, tudo normal ainda!O pior estava por vir.
O cara não se animava de jeito nenhum, nunca vi isso!Me levou pra casa pra que então?Sei que tentei de tudo,todos os malabarismos que nem constam no Kama Sutra e nada.Sei dizer que o coitadinho pôs o Doors pra tocar pra me agradar e pra me distrair..ahah.. pelo menos com a música...No som o Jim berrava:"love me two times, I´m going way" . Go way também quero, mas TWO times??? ta loco???
Como não tinha jeito o cara entrou numas com meu umbigo. O quê??? Umbigo???? Acho que foi a única coisa à altura que ele encontrou...ahahahah...Orra, meu!!! e eu que nem sabia que tinha ainda algum buraco virgem no corpo!
Nisso o Jim cantarolava: "I tell you we must die, I tell you we must die, I tell you, I tell you, I tell you we must die!" O que é isso ? um mantra? lavagem cerebral? Cala a boca Jim!! Eu já tô com vontade de me suicidar, não precisa você mandar, porra!!!
Quando eu tava me esforçando pra achar a história do umbigo interessante, a tábua de passar cai no meu pé, e faz o maior estrondo.Estaca zero!
De repente, olho pro cara(acho que a bebedeira já tinha passado um pouco) e percebo que tô transando, ou melhor, tentando, com um dos caras dos Bee Gees, ou era um clone.Me senti nos anos 70!Meu Deus! Pelo menos podia parecer o Jim!
Só sei que à esta altura, duas coisas me passavam na cabeça:" Como será que era aquele careca?Meu! qualquer coisa seria melhor que isso! Até trepar ao som do Sepultura! A outra coisa que pensava era: Maldita Pandora, vai ter intuição assim no inferno!!! Limpinho e ruinzinho!
Os caras chegaram prá fazer a mudança.Minha paúra agora era que me confundissem com alguma cadeira ou cabideiro e me pusessem no caminhão, já pensou ir pra casa desse cara?? Creduuuuuuuuuuuuuuuuuuu!!!!

quinta-feira, novembro 13, 2008

MAIS "ABÓBRAS"


Nossa!! tive uma idéia brilhante! ao invés de gritar Buemba ! buemba! posso gritar Fuego! Fuego! aí ninguém vai perceber a imitação , vai?
Sempre fui da opinião que quanto mais melhor. Ouvi dizer que quantidade gera qualidade. Pois é. E pra achar um príncipe, tem que engolir muito sapo! Aí, se você tiver um cara só e ele te despreza o que você faz??quase morre. Se você tiver 229 como eu, e um te despreza??o que vocè faz?você despreza os outros 228 e pira no cara!!Caralho, mulher não tem jeito!!Mas é foda! Meu coração perua kombi, vive arrebanhando gado pra dentro. Essa semana peguei até no shopping, já viu isso? contei pra Pan e ela disse que esse mundo tá perdido! huahuahua E adivinhem! o cara era milico! ah , vocès não sabem a história dos milicos, né?
Orra meu!!!!! namorado agora só o saci, se ele me der um pé na bunda quem cai é ele! huehue
Fuego!!!!! Aqui na terra, tem uma escola de Cadetes, melhor seria ter uma escola de Cacetes,mas como diria Dona Beja: "Cada um dá o que tem!" Acho que cada um pega o que tem também! Até alface!
mas enfim, em toda balada vem uns pirralhos militares tarados, que ficam trancafiados no quartel a semana inteira e saem pra fazer safari de fim de semana, imagina o nível! encher o nosso saco e dar cantada. A Monalisa disse que qualquer hora a gente vai presa por sedução de menores.Bom, tá faltando isso pro nosso curriculum, talvez até fosse interessante enriquecer,já quase fomos ma ainda nanam.
Já fugi da polícia algumas vezes mas isso é outra história. Tá certo que prefiro ser babá a enfermeira, mas melhor tudo dentro da lei, não?
Só sei que filosofando, filosofando mesmo, melhor não levar a vida tão a sério, afinal você nasceu de uma gozada!

segunda-feira, novembro 10, 2008

GENERALIDADES, DEVANEIOS E ABOBRINHAS (principalmente abobrinhas)NÃO PRECISA LER

Buemba! Buemba! falaram que escrevo feito o macaco Simão!Quem me dera chegasse a um por cento dos pés dele! Inspiração?Imitação?Cópia descarada? A verdade é que esse cara escreve a 229 anos e ainda é incrível, não desgasta,dou muita risada dele!E adoro as pérolas dele como a que li dia destes. "Minha idade? dezoito, o restante é experiência"! Fantástico!
Buemba! Buemba! Na porta do GSA( Grupo dos sexólatras anônimos) tem um cartaz que diz: A Presidenta do GSA saúda seus " membros", e convoca reunião extraordinária aos interessados, tema : "O fantasma da Aids". Para a entrada é necessário trazer um kilo de alimento não perecível para doação, ou podem trazer limão, açúcar e cachaça mesmo. Não esqueçam, sua cumbuquinha e o pauzinho de socar alho, para que cada um faça sua própria caipirinha. É imprescindível que cada um traga seu próprio pauzinho.No final haverá como confraternização, uma mega suruba, afinal aqui ninguém acredita em fantasmas mesmo!
"Cada um é responsável por sua própria genitália." Essa ouvi dos lábios de Pandora! Genial!
Posso dizer, que invejo essa Presidenta, pois se tivesse dinheiro, montaria um harém, com material selecionado. Se Deus inventou coisa melhor que homem guardou pra Ele. Danado!
E a Medusa que diz que meu tipo é afro-descendente. Ledo engano! Já expliquei a ela que vadia não tem tipo, mas tem fase. Já tive a fase dos afros, a fase maledetta dos italianos, dos altos, não pegava ninguém com menos de um metro e noventa( eu ia até escrever um texto nomeado "Terra dos Gigantes" pra rebater o texto da Pan sobre os anões, mas não ficou legal).Falando nisso foi encontrado o último anão, o Atchim!!!
agora tô na fase dos anjos, aqueles que te levam pra céu. Teve o Gabriel, o Rafael, o Daniel, e outro Rafael. Alguém conhece um Miguel pra eu completar o ciclo?
O fato é que as vezes penso que não sou normal ou eu é que sou.A amiga disse que sente um vazio quando transa com alguém que não conhece. Eu sinto vazio, se conheço alguém e não transo!
A outra disse que o namoro de 5 anos tá um tédio.Então sabe o que vamos fazer? Vamos ficar noivos! A sim, agora tudo faz mais sentido!
Orra, meu! Alguém precisa falar pressas mina (olha que coisa mais Brás, Bexiga, Barra Funda e Alto da Mooca), que homem é feito táxi em dia de chuva, perdeu um, vem logo outro! E são todos iguais...Por sinal, se são todos iguais, porque que essa mulherada escolhe tanto?
Cara,mas a Rebordosa só pensa nisso?????Não. Pensa coisas impublicáveis também...
Pois é Medusa, a vida é boa, mas às vezes cansa né? Eu diria mais,na vida a gente sempre perde, nunca ganha, mas continua pra tentar entender como funciona...

terça-feira, novembro 04, 2008

Uma noite no puteiro

Era uma quarta-feira. Pandora me chamou pra ir a um Pub, onde uns amigos iam tocar.Pubs??Escocês? Inglês? Irlandês?Tá valendo!Bora.Bom pra tomar umas cervejas diferentes nesse calorão e ainda recordar meus bons tempos de Inglaterra.
Quando lá chegamos, o clima era bem...digamos...diferente.Pensei: bem diferente dos pubs de Sampa.
Dois caras começaram a nos olhar e rir. Achamos de princípio que se tratava de alguém conhecido que apenas não estávamos reconhecendo. Desencanamos.
Aos poucos começamos a perceber melhor o ambiente e checamos que ali no local,havia gringos,putas , eu e Pandora. Peixinhos fora d'água...Será?
Meu gato me ligou e perguntou onde eu estava. Eu disse. Ele perguntou: é bom aí de quarta??? hum.... Ele disse que tava indo pra lá, literalmente me tirar do puteiro...ahah..aí depois ele também ficou e acabou se divertindo. Era íntimo das putas e do dono do bar. Isso que dá namorar playboy.Ele me disse que ele não é cliente delas e sim "elas" são clientes dele. Vão na loja dele e compram os melhores carros.Por isso, as conhecem... Esse "negócio" é rentável, ele disse. Hãhãm...
Dei uma saída pra fazer " Escalada na Montana". Não isso não é um esporte. É dar uma num carro que chama montana mesmo,o banco não reclina e você tem que "escalar" o cara se quiser conseguir alguma coisa, posição única. Fiquei toda roxa, não porque o sexo foi animal, mas de tanto bater a perna no câmbio, na direção e etc. Nunca namore um cara que tenha um montana, você corre um sério risco de não sair viva de lá de dentro, ou faltando pedaços...
Quando volto, Pandora já tava íntima das "tias". E começamos a ouvir as histórias.
Observando-as, vi que tem de todo tipo: as que parecem travecos e a gente quase confunde,as putas estereotipadas,as vestidas normais, outras horrorosas.
Chego a conclusão que sou uma otária. Faço tudo exatamente igual a elas, só que de graça...bah...E ainda com uma vantagem,elas têm sexo todos os dias e variado...Aí você diz: ah mas elas têm que ir com qualquer um... Que nada! Escolhem.
Fiquei a pensar: como essa profissão ainda existe? como alguém paga ainda por isso? com tanta gente fazendo de graça, feito a imbecil aqui???
Achei que vida de puta fosse diferente, e que fosse diferente da minha...
Elas vão ao bar, escolhem o cara, perguntam ao garçom referências,e cobram!!!
Pandora perguntou se não têm medo de riscos....Risco? risco corro eu, que quando pego levo pra casa sem referência de ninguém...Em pensar que antes de contratar alguma funcionária pra minha casa checo duzentas referências.Não disse que sou otária e nunca tinha pensado nisso?
Bom, depois dessa,acho que dá até prá pensar no caso.Com algumas vantagens ainda: você tem referências; pega um por dia ao invés de um ou dois por semana e ainda tira uns trocos!!!!Caralho! e eu aqui perdendo tempo...

quinta-feira, outubro 30, 2008

Puta


Conversamos demoradamente, como se meia-hora fosse acabar no dia seguinte – ela cobrava por hora, cem paus.
Quando aquele cara se sentou ali na mesa, ela se prontificou a sussurrar no meu ouvido que, se resolvesse, eram 180 pra duas gozadas. Achei engraçado. Mas não. Eu não encaro.
Nunca imaginei que a velhice carecesse de sexo. Eles me sorriam e me ofereciam drinks, só para que fosse me sentar a seus lados.
Era como se, de repente, meu corpo fosse mais sagrado do que pensava. E sorrisos e brindes me ofendessem um pouco.
Ao mesmo tempo, lembrei da trepada da semana passada. Um cara nada atraente, nervoso, só desaguar aqui dentro, vestir as calças e ir embora – se ao menos pagasse...
Por que esses caras vão a um lugar em que têm que pagar? Tão mais fácil (e econômico) ir num bar qualquer, conhecer uma mulher qualquer...
Não é como se eles fossem ligar no dia seguinte mesmo.
Ela me disse que eles ligam. Mandam flores.
- Mandam flores?
- Você fala inglês?
- Falo.
- Menina! Você pode receber em dólar!
Tinha um cara que me conhecia. Fiquei pensando se, agora, ia dizer a outras pessoas que estava lá, fazia programas, será?
Por que a preocupação? Valeria menos por isso?
A garota se arrumou com um cara.
Ele era muito bonito. Mas muito mesmo. Alto, forte.
Eu não cobraria nada dele! Aliás, se bobear, acabaria pagando até o motel...
- O bar fica com alguma porcentagem?
- Não gata, é lucro líquido.
- E você não tem medo?
- Do quê?
- Sei lá! De pegar algum psicopata.
- Olha, isso nunca aconteceu. Os caras que vêm aqui são conhecidos. É só perguntar pro garçom se eles conhecem, pagam direitinho. É tranqüilo.
E eu pensava como poderia ser tranqüilo. Sair dali com um desconhecido. Para transar.
Lembrei que fazia isso todo fim de semana...

- E não é estranho?
- Olha, depois que eu fiz a primeira vez, vi que não tem nada de mais. Ficou normal.
- E você gosta?
- Às vezes sim. Às vezes é muito bom. E aí você pensa que gostaria de não ser puta ali, com aquele cara.
Os lindos olhos amendoados brilharam horrores – já deveria ter se apaixonado, noite dessas.
Era uma boneca. Quem não gostaria de tê-la sentada em sua cama?
Ouvi um cara ali do lado comentar com outro que puta não valia nada. Me senti ofendida, sei lá porquê.
- Não me entenda mal. Faz um ano só que eu tou nessa. É só até me estabilizar. Você veio aqui pra começar, não é?
- Na verdade não. Achei que fosse um bar... hum... "normal". Aliás, só percebi quando o garçom me deu um toque. Mas estou achando muito interessante...
- Gata, pega esse cara aí então! Tá tão bêbado que não vai dar trabalho nenhum! Eu garanto!
- Eu não consigo... desculpe.
- Vou te falar uma coisa: os melhores são os velhos. Pagam direitinho, são educados e não dão trabalho. Aliás, às vezes só querem conversar...
Eram 3 da manhã. Peguei o telefone dela.
Paguei minha comanda e voltei pra casa. Deitei no sofá, liguei a TV. Não pude deixar de pensar que... se...
e dormi. Antes que pudesse completar o que pensava.

terça-feira, outubro 28, 2008

Síndrome de Branca de Neve e Complexo Napoleônico. Ou, os Sete Anões e o Chucky.



Alguém já reparou que todo baixinho pira quando pega/quer pegar a gente, mais alta?

(Vejam bem, não estou estabilizando uma estatura: baixinhos são relativos! Eu sou bem baixinha, na verdade. Definindo aqui, para que não me chamem de pós-moderna: baixinhos – caras menores (em altura) do que a gente. Beleza? Resolvido? Então tá.)

O fato é que, toda vez que me aparece um chaveirinho, não importa o quanto eu trate mal, o quanto eu mande embora, o singelo pintor de rodapés gama. Mas, gama mesmo! Se apaixona perdidamente, quer casar e ter filhinhos. Na melhor das hipóteses, quer trepar até o pau cair...
Mas o problema é que eu não curto caras mais baixos que eu. Todo mundo tem suas manias, preferências, preconceitos criados pela nossa sociedade elitista, blá blá blá, whatever! A minha é: cara menor que eu é possível. É comestível até. Mas não apaixonável. Sei lá, simplesmente não rola... não me sinto atraída.
Acontece que, se de um lado eles estão fadados, para mim, a serem os sete anões, eu estou fadada, para eles, a ser a Branca de Neve. Porque não interessa o que eu diga, faça, ou xingue, essas desgraças vivem aparecendo na minha vida... e elas me adoram!
O interessante é que a pequena estatura desperta nos anõezinhos um conjunto de sintomas aos quais os especialistas atribuem o nome de “Complexo Napoleônico”. Parece que, para compensar a falta de altura, estes pequenos e curiosos seres pirilâmpicos projetam, nas minas mais altas, toda uma possibilidade de poder de conquista, pelo qual lutam, muitas vezes, até a morte.
Ou seja: os baixinhos vêem uma mina mais alta e surtam! Querem porque querem, de qualquer jeito! É como escalar o monte Everest! O desafio supremo na vida...
Vocês já devem ter visto por aí um anãozinho todo sorridente, de mãos dadas às de uma mina grandona. Gente! Pra eles é a conquista divina! Eles desfilam, orgulhosos. Quanto maior o salto, melhor...
E a gente até pensa que isso é preconceito, que nem todo baixinho é assim e... voilà! Dá mais uma chance pra um gnominho! E o que tem em troca? Mais um gremlin no cio, tentando agarrar nas suas pernas e se satisfazer ali mesmo (porque, geralmente, eles não alcançam o resto).
É um desespero que eu não consigo entender. Parece que o mundo vai acabar amanhã, com toda certeza! E eles precisam ser “felizes para sempre”, urgentemente e... comigo! Já me deparei com quase todos os sete anões:
Teve o Zangado, aquele que não se conformava com o fato de eu não querer nada mais além daquela noite (e que eu só peguei porque era o único cara disponível no local). Ele ficou me ligando e resmungando, brigando, reclamando, enfim, um cara muito bravo mesmo, que vivia intensamente o seu complexo, achando que iria, mais cedo ou mais tarde, me ganhar na briga. Fala sério...
Teve o Dunga, aquele que era meigo, mas, como um bom Dunga, não fedia nem cheirava e, especialmente, não trepava direito. É desses mais bobos que a gente se aproveita pra fazer um ciuminho no cara que tá a fim... auto-estima no pé, oferecido, do tipo “por favor, me ameeeeeeeeeeeeeee”! Esses a gente não dispensa, senão eles choram. A gente vai dando cano, pede desculpas e, enfim, nunca mais, graças aos deuses dos contos de fada, encontra a desgraça! Mas, de vez em quando ele ainda liga!
Teve o Feliz. Meu deus! Esse cara deu trabalho! Era o típico “pincher” tentando montar numa “dobermann” no cio (observe-se que quem parecia no cio era o cara). Aconteceu que, depois de muita bebedeira, ele até lembrava um basset... aí olhei aquela cara de cachorro vira-latas, desencanei e levei pra casa. Cara! Uma noite inteira sem dormir, balançando o rabinho! Como é que o cara tem esse pique? Não é possível ter tanta energia naquele corpinho tão pequeno! Eu tinha que mandá-lo sair de cima, porque tava tentando me comer até enquanto eu dormia... depois, como nos víamos sempre, era aquela cara de cachorro babão diante de vitrine de açougue! Hiperativo até umas horas, toda vez que um cara chegava perto de mim, ele rosnava. Mesmo que eu explicasse a ele que não rolava mais. Enfim, ele encontrou uma Lassie e se deu bem. Aí parou de me assediar e nos tornamos bons amigos!
Mas nem tudo são horrores... teve também o Dengoso, que era um fofo. Todo inteligente, todo gatinho, apesar de... pequenino! Conversa deliciosa, pegada de gente grande, enfim, tudo para ser perfeito. Exceto o tamanho! Era um tímido meio safado e... não fosse o fato de eu estar de férias surtando, até consideraria a possibilidade de me arriscar Branca de Neve, só pra ver no que ia dar.
E eu não posso esquecer, de forma alguma, o Mestre! Que esse era mestre mesmo: me deu três nós e virou do avesso quase! Afff! Que cara bom de cama! O problema é que ele queria, como um bom baixinho, fincar sua bandeira no meu topo! Passar o meu monte pro nome dele! Não bastava só me escalar, queria era casar! Cruz credo, que medo! Gamou mesmo, muito, fez declarações de amor. Até aí tudo bem... mas começou a aparecer sem que eu convidasse, aliás, sem que eu desse sinal de vida, ou mesmo quando eu dizia claramente que não queria! E daí... fodeu tudo... mostrou o ladinho “zangado” e já era. Acabou o encanto da maçã envenenada que era aquela boca...
Teve o Soneca! Esse, na verdade, não gamou. Não encarou, encaretou. Ao contrário da maioria dos anõezinhos, dormiu no ponto e... já era! Devo destacar que esse não era menor que eu de verdade... era do mesmo tamanho! Só ficava menor quando eu tava de salto. Deve ser por isso que não pirou o cabeçote... heheheheh.
E o Atchim... bom, esse tá por vir ainda. Que eu sei que essa síndrome de Branca de Neve não passa fácil assim...
Enfim, dentre todos esses pequeninos cutchi-cutchis, sempre há um com o qual devemos nos preocupar: eu o apelidei de “brinquedo assassino”. Ou Chucky, para os mais íntimos (se é que exista alguém no mundo que queira ficar íntimo desse inferno na terra). O Chucky parece até engraçadinho à primeira vista, né? Você até acha que pode confiar e virar as costas praquela figurinha. Mas... espere contrariar sua vontade... espere não fazer exatamente tudo o que ele quer. Espere, exatamente, não lhre dizer nenhum "sim". Aí... aí o bicho pega! O cara vai fazer de tudo pra te foder. Vai te enfiar uma tesoura nas costas! (é claro que pra isso ele precisaria de uma escada pra alcançar, mas... vai que ele consegue!). Por isso meninas... cuidado com certos anõezinhos... afinal, Napoleão quase conquistou o mundo! E não foi com seus encantos...

segunda-feira, outubro 27, 2008

Na manicure

Estava eu na manicure aguardando minha vez quando começo a folhear uma revistinha de vendas de produtos de beleza, pra passar o tempo.Aí, a revistinha oferecia um livro que se entitulava " 10 segredos para manter acesa a chama no seu casamento". Desconheço coisa mais brega e ineficaz que tentar manter a chama no casamento...Então minha cabeça rodou e fiquei a pensar que tipo de mulher compraria um livro com esse nome...e pensei: talvez o mesmo tipo de mulher que folheia revistinhas de vendas de produtos de beleza na manicure.
Joguei o catálogo longe, como quem tinha uma barata morta nas mãos.Fiz cara de nojo e novamente comecei a elocubrar sobre como seriam esse tais "10 segredos"
-tacar fogo no colchão e os dois rolarem nas chamas talvez...
-gastar um vidro de pimenta malegueta nas genitálias e sairem pulando, isso inclusive ajudaria nas preliminares...
-acender a churrasqueira e se assarem no lugar da picanha e da linguiça,
-ligar dois maçaricos e brincarem de guerrinha
-transar em cima do fogão com as seis chamas ligadas
-mergulharem juntos na banheira com água aquecida a 100º C
-sair correndo um atrás do outro com o ferro de passar ligado
-fazer amor em cima do motor do carro ligado
-trepar encostados numa cerca de alta tensão

Se nada disso der certo, tem duas soluções: aprender que tesão tem prazo de validade e o resto é forçação de barras... ou...comprar uns livrinhos inteligentes que as manicures andam vendendo por aí...

quarta-feira, outubro 15, 2008

Um Feliz Desaniversário!



Hoje, comece tudo ao contrário,
Pra todo efeito, comece não celebrando,
comece chorando!
Saia andando pela rua à toa, chute o cachorro, reclame do trânsito, feche a cara.

É essa cara sisuda mesmo que se expõe,
Abre o rosto de desdém,
Abre o gosto de xingar,
choramingar, injuriar, reclamar!
Vai!

É que é símbolo: não é de comemorar!
É de guardar hoje cada mágoa numa caixinha.
Engolir os sapos de vez! Mas, mastigando desta vez!
Sentindo o gostinho amargo espalhando nas gengivas...

Hoje não é esquecer... mas deixar de lado...
(Deixa! Desprende! Solta! Vai!)
É enterrar os ratos, e não seguir alimentando-os.
Hoje é dia de morte, não de acrescentar mais um ano!
É de jogar pra cima os planos!

Hoje guarda despeito,
pega essa dor e transforma,
que o que cria disso é câncer, travestido de desilusão.
Quebra todas elas! Que ilusão se constrói de novo - é reciclável...
É de plástico... você sabe...

Hoje abre o peito para o medo, sente cada gota,
Deixa que essa merda te invada toda, aproveite! Porque...
hoje é o dia, em que tudo acaba.
Você está é cansada... bem se vê.

Então pára. Olha ao redor, olha o espelho.
Olha, que essa sua imagem te diz de mil formas.
E você anda escolhendo só uma!
Que desperdício de alma! Desperdício de tempo que,
se bem lembro, não temos muito!

Então pára. Porque como eu já disse,
hoje é dia de morte, não de acrescentar mais tempo!
Chega de adicionar as dores! Ver o bolo crescer e ficar remoendo, re-peneirando o trigo!
Ta na hora de começar de novo, do zero.
É hoje que você se encerra.
Fecha.
Chega.
Deu.

A partir de amanhã, celebrará, todos os dias, o seu desaniversário.

Todos os dias, deixar de lado...
Não engolir mais nada seco!
Sair à rua para sambar,
Sair para amar, porra!
Sair pra chorar também, mas de peito aberto...

De peito aberto,
é reconhecer, nos ponteiros do relógio,
aquele minuto que fez o dia valer a pena...
Aquele minuto está lá, esteve lá o tempo todo!
Ele é feito de se olhar no espelho e enxergar todas as outras...

Então, escolha libertá-las,
Escolha libertar-se,
Que no medo desta escolha reside o que de mais belo há:
Você mesma.


Para a minha amiga Medusa,
porque essa vagaba anda precisando...
"estar diferente"
Mari Brasil

segunda-feira, outubro 13, 2008

Asas


Ouçam outra língua
Que cansa de desconfiar dos tímidos risos.

Os dentes que se estralam
no encontro da mordida
são supridos
de mini-almofadinhas de sabor
provenientes das cozinhanças da vida,

dos estranhismos que se cruzam
entre alecrim e manjericão.

Portanto, não correm, não ficam, não morrem.

No intervalo do céu com a terra
pousam e revoam
as irregularidades de se fazer tremer:

bicicletas aladas que perfazem os caminhos duros, sem que se faça necessário tocar o chão...

me beijam agora e, neste segundo, são a minha caixa de morangos...





Mari Brasil

segunda-feira, setembro 29, 2008

QUERO UM OGRO!!

Quero um homem.
Não,melhor, quero um macho.
De homem o mundo tá cheio,
o que falta é macho!
Pensando bem, não quero um macho,
quero um trator!
Alguém que me trate como lixo
e me passe por cima
feito rolo compressor!
E me tire a responsabilidade
de ter que pensar, agir,
fazer.
Quero alguém que faça por mim
que pense e aja por mim.
Tô com preguiça da vida!
Qeuro um camioneiro,
que passe por cima de mim
e dê ré.
Que me largue na estrada
e faça eu ir a pé.
Quero um cavalo,
que segure minhas rédeas
e me chame de mulher,
de vaca, de égua, sei lá
do que quiser...
pois quem manda é ele.
Quantos homens hoje em dia
nos fazem nos sentir mulher?
Temos que nos sentir mulher sozinhas...
Quero um animal,
selvagem,
que me domine
e faça perder a coragem.
Quero um domador de circo,
que venha com chicote na mão
que dome a fera só no grito.
Essa fera, esse monstro que me habita,
que me dá tanto trabalho manter,
com o qual brigo o dia inteiro
prá me sustentar em pé.
Tô com preguiça de mim...
Não quero mais briga,
mais conflito
quero que alguém me coloque na jaula.
Quero um estuprador,
que não me espere querer,
que não me dê chances de opção
nem tempo de escolha,
que quando ver já foi.
Quero um ogro,
que me mande
e me mande calar a boca.
Pra eu poder ser princesa sossegada....

Rúcula!




De vez em quando eu fico assim: falta algo. E daí parece que qualquer coisa serve. Saio por aí a engolir uns mundos. Engulo bife, chocolate, arroz de forno. Começo a engolir meus amigos, sem sal, com sal. E qualquer um que me apareça...

- Peraí, perae!! Que não é qualquer um não!
- Peraí, que salada de rúcula... não senhora! A senhora não engole assim não!
- Também não quis engolir seus vizinhos que te chamaram para festinhas e filminhos...
- Torceu também o nariz pro matemático – e olha que esse queria que você engolisse ele todo, hein?! Hein?! Han!
- Ah! E nem berinjela, você também não engole!

Mas parece até que eu fico escolhendo quando falta... não escolho não! É o que tiver, pra dentro de mim! Saio atrás! Mas não tem nada que cale...

- Mentira deslavada! Passa fome, morre de i-na-ni-ção. Morre de tanto falar não!
- E ainda reclama que falta!
- Chora pelos cantos. Diz que ta faltando, faltando, faltando. Que está tão triste. Nada, nem ninguém que sirva de petisquinho para tapar os buraquinhos da alma...
Juuuuuuuuuuudiação!

Estou aqui morrendo de falta de preenchimento. Virei uma falésia que se projeta para o infinito, e nada de se alimentar, de mar, de céu, de pedra, do que complete e encha até a boca, que transborde, que estoure!
Quero ser criança e brincar de explodir bexiga com mangueira no bico...
Tá vazio e frio. Quero me encher de roupas, um guarda-roupa infinito, e cobertores e cobertores para esquentar, que do calor a gente se ocupa...

- Pfffffffffffffff! E sai à toa de mini-saia no vento, quanto menos roupa melhor! Esquece que até ar ocupa espaço, vai seguindo o passo, ignorando até que respira e enche os pulmões!
- Chega um, outro. E você corre. Corre que, se coubessem aí dentro, você ia ter era de se desocupar de você mesma! Passa tanto tempo nesse seu umbiguinho que não tem lugar pra mais nada...
- E chora com essa cara de abandonada... vai cozinhar almocinhos invisíveis, “para relaxar”, diz. E não convida ninguém para se sentar à sua mesa, que não quer mesmo é dividir... e aí reside... é aí! Que reside o fato: não precisa de nada para preencher entre os dois braços, que andam ocupados de tanto abraçar você mesma...

Não é nada disso! Estou morrendo vazia devagarzinho. Murchando toda aqui no peito. Louca de amor pra doar, de carinho, afeto. Queria de volta um pouco também. Ando precisando! Alguém para diminuir a distância do meu abraço... vazio, vazio... aí vai uma feijoada no sábado. Quase um porco inteiro! E tou comendo! E mais uns livros, que são para encher a cabeça! Músicas para as orelhas, imagens para os olhos. Muita televisão, filmes. Cigarros para os pulmões. Tudo vazio. Tudo vazio. Um buraco, só a casquinha. Eu tou que sou só a casquinha...

- Que casquinha que nada. Tá é cheia! De si! Espantando tudo que chega perto! Ainda se fossem só as moscas... mas são elas, os cachorros, os gatos, os garotos, os velhos, as saladas de rúcula, os parentes, os músicos, os escritores, os professores. Inventou uma perfeição inatingível, do tipo filet mignon francês do melhor cozinheiro do mundo, ou vinho francês de uvas já extintas, músicas que o Bach só pensou a respeito, mas não escreveu. Quer é que ninguém nem nada se aproximem e ainda diz que está sentindo o vazio. Tá é cheia de rodeios! Inventando desculpa para ser distante...

Conheci um garoto na sexta-feira. Parecia um garotinho mesmo – mas não era. Só conheci – não o beijei, nem nada. Amei essa pessoa. Adoro essas pessoas que adoro assim, de graça. Queria passar horas e horas. Engoli-lo todo. A mão dele na minha, para que quando eu fechasse, não estivesse vazia. Ele junto de noite, preenchendo a noite! Só conversando, perto. Queria pedir a ele que fosse meu irmão, talvez seja isso que falta: irmão. Mas ele ia me achar louca...

- Olha, faça-me o favor de tentar enganar outro. Não quis agarrar o cara porque ele não cabe na mega-idealização-impossível que você, senhora “vazia”, inventou para continuar como está: trepando com você mesma, de tanto medo de dar a cara para bater na vida, de tanto medo de olhares desaprovadores, de tanto medo sei lá de quê que inventou, essa mania de perseguição do mundo! Tá aí: encha-se de medo e de mania de perseguição e seja feliz. Mas pára de me encher o saco agora! Ta vazia? Aceite o que tem. Só um pouquinho: um exercício de humildade, um exerciciozinho de contentamento, só para ver no que dá... vamos lá.

Mas... qualquer coisa? O que vier?
Não dá! Rúcula não dá!

- Precisamente...

quarta-feira, setembro 17, 2008

A GATA

A gata,
de vestido de gato,
de blusa de Chat Noir,
de pesinho de porta de gato preto.
A gata, ousada,
iluminada, por luz própria.
De ser bruxa quando ficar velhinha,
morar na floresta,
rodeada de gatos.
A gata,
de gatos em volta,
em forma de mensagens
de telefonemas,
campainhas...
A gata que se faz amada,
que deixa a gente preocupada,
quando faz coisa errada.
Bom, o que é errado prá mim,
prá ela pode ser nada...
A gata,
de gato tatuado nas costas,
de grito de maritaca.
A gata que tem uma cachorra que é uma gata.
Como nos sonhos de Jung,
a gata não caça,
chega de manso e se faz notada.
A gata que precisa estudar, trabalhar,
mas, às vezes, prefere não pensar em nada...
Ela é A GATA.
gata mulher, menina,
gata meiga, felina,
gata querida,
essa bichana
chamada Mariana.

quarta-feira, setembro 10, 2008

NAMORADO AO FORNO

Fui fazer aulas de culinária para dispersar minha cabeça de......homens.
Sim, porque ultimamente tenho sido chamada injustamente e com frequência de ninfomaníaca, pintomaníaca, tarada... de tudo isso fui chamada, porque será?
Bom, achando que meus amigos poderiam ter um pouquinho de razão, pois ouvi dizer que quem avisa amigo é, resolvi ir prás tais aulas .
Chegando lá, o dono da academia de culinária se apresentou( que bom, ele é horrível!) e chamou a turma, composta de 9 mulheres e um homem, que não faz meu tipo ( que bom de novo!)
Puxa!Respirei aliviada! Que maravilha! Estava finalmente no lugar certo, onde nem tem cheiro de macho, só de alho e cebola!
Tudo ia indo muito bem até aparecer..... o PROFESSOR!
F-o-d-e-u!
Um metro e noventa de homem, mais aquele chapéuzinho ridículo de maitre, ( que nele fica lindo!), perfazem 2 metros e vinte!!!
E além de tudo tem um jeito de mexer com a colher...
No início da aula ele perguntou quem cortaria as cebolas.Eu prontamente respondi:
-EU! isso porque eu já tava com vontade de chorar imaginando aquele homem me comendo em cima do fogão industrial, no canto da pia, pendurada na coifa, com o feijão no fogo e a saladinha gelando...E cortando cebolas eu teria pelo menos um disfarce;podia chorar à vontade.
Aí cortei as cebolas e chorei, chorei muito....
Ele me perguntou se não segui as regras que ele havia ensinado para cortar cebolas sem chorar.Eu respondi que prometia aprender na segunda aula. Preferi passar por burra a ele perceber que tava morrendo por causa dele.
Pensei em passar-lhe uma cantada:
-se eu cozinho, você come?
-se eu lavo eu não cozinho, se eu cozinho eu não lavo!
-vai comer ou quer que embrulha?
Melhor não, pensei.Prefiri ficar quieta, mas na hora que ele foi preparar a salada , aí quase gozei:
Higieniza-se e lava-se a rúcula.Distribui-se a rúcula pela travessa,puxando-a com movimentos para fora,de modo que desenrosquem os cabinhos uns dos outros.Em cima, no meio, somente folhinhas sem cabinhos para decorar. Pega-se o molho já preparado com um copo de yogurte natural,meio limão, pimentas pretas moídas e sal. Divide-se esse molho em 3 partes: a primeira joga-se sobre a rúcula, ficando assim o molhinho branco sobre a verdura.À segunda parte, mistura-se geléia de frutas vermelhas e joga-se o molhinho "cor de rosa" sobre a salada. Na terceira parte, mistura-se muuuuita geléia e joga-se o molhinho vermelho.A decoração ficou meiga. Aí, ele jogou geléia pura, Num guentei e eu disse em tom provocativo:
-Que abusado! a hora que eu vi já tinha falado.
Ele me olhou com um olhar de quem queria me comer e deu um sorrisinho safado de canto de lábio e me perguntou:
-Então eu sou abusado?
Agora não vejo a hora de chegar quinta-feira , pra segunda aula. Vamos fazer "namorado no forno". Já imaginaram o que eu pensei né?
Será que vai dar um bom assado?
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domingo, setembro 07, 2008

ZERO! PERFEITO!


Saímos do quarto do motel.Ele é do tipo que não fode, faz amor.Ele me beija ao descer as escadas,na garagem,no carro, no curto caminho até a cabine,enquanto esperamos a moça da cabine perguntar se foi bom...Espera aí.Estamos entrando ou saindo?

Pegamos a estrada e contabilizo os créditos e os estragos dessa noite.Mas isso não seria prá eu fazer mais tarde?Agora não seria a hora de eu começar a exorcizar o cara? Não enquanto ele não parar de me beijar.Seria cruel, comigo e com ele.Nesta hora não era a hora de ele ficar quietinho no banco dele, e eu no meu, pensativos?Bom, paulista gosta mesmo de aproveitar o tempo...E é gostoso uma pessoa carinhosa prá variar...

-Prá onde você vai? perguntei.

-Pro centro.

Caralho! Centro? Esse cara não podia pegar um ônibus, um metrô, um barco, um navio? sei lá...

Ela me diz que o mínimo que se pode fazer depois de uma boa foda é dar uma carona. Cacete! Lá vou eu pro centro! Ela tá certa. Pela foda nem sei, mas de que outro forma eu iria pagar por tantos beijos?

O Ben Harper no rádio, e também quase ao meu lado no banco de acompanhantes, a continuar....me encher de beijos. Minha pele de ítalo-descendente branquela já tá toda ralada.Amanhã vai descascar.Ela também fala que o melhor esfoliante é barba mal feita.Espero que ela esteja certa de novo! Minha amiga Janis sabe das coisas e confio nela!

O Ben Harper dá lugar a Lenny Kravitz . Essa rádio tá de zueira comigo.Agora quem parece estar do meu lado é ele, o Lenny. Esqueci de contar a ela que o apelido dele é Lenny. Ela iria rir...

O centro ainda tá longe...Lembrei que marquei com alguém prá almoçar.Bom, é só atrasar, não tenho opção.

O sol de quase primavera, ao meio-dia, queima meu rosto.Esfoliação + sol hoje = dermatologista amanhã.

Trânsito de pessoas voltando do trabalho, trocando de turno, indo almoçar,indo pro shopping perdidas sem saber o que fazer com o tempo de ócio de sábado a tarde.Há que gastá-lo prá não enlouquecer.Ninguém está acostumado com tempo de ócio. Que imbecis!

Acabo a contabilidade no exato momento que ele diz:

-Aqui tá ótimo!

Créditos menos estragos = zero. Que bom!

-Obrigado pela carona!

-Magina, seria o mínimo não?

Que bom que tenho quem me ensina ser bem educada!

Penso em ficar sem beijar por uma semana. Sei que amanhã vou mudar de idéia!

Desço, tomo um café com pastel. Não resisto a café com pastel de bar de centro, principalmente quando acordo. O sol agora me torra.Vou pro shopping, onde não tem sol, e onde alguém me espera pra almoçar e também pra gastar meu tempo de ócio de sábado a tarde, antes que não saiba o que fazer com ele, tenho que gastá-lo prá não enlouquecer.Não estou acostumada com tempo de ócio, e não quero correr o risco de parar prá pensar ...
Zero! Que bom! Esse é meu número preferido!

domingo, agosto 31, 2008

Macho prá caralho!


O papo foi imenso! Do tamanho da revolta!!!!

Eu, Janis e a Mel. 3 cachorras em debate, fazendo o balanço dominical da semana, e aproveitando também assim,usar o tempo prá se evitar pálas...E que balanço, esses últimos dias foram foda!

A Mel parecia a mais feliz! ...O único problema dela, parece ser que o cachorro do vizinho é muito baixinho...

Eu surtava, a Janis dava seus gritos de Mari-taca , e a Mel olhava assustada...ela deve ter pensado" nunca mais entro no cio..."

Mas o que pegou mesmo foi o COMPLÔ que parece ter se formado em nossa volta...Resumindo pra não encompridar, tivemos que ouvir por diversas vezes que temos um jeito "macho" de ser...

Claro que isso incomoda, mulher bem resolvida só é bom pra ela...

Veja bem as pérolas:

"Você não me deixa ser romântico, gentil..."

"Você não me deixa ser homem"

"você não me deixa te tratar como mulher"

"Não precisa ter comportamento masculino pra ser independente"

" hoje em dia não se pode mais cortejar"


Quer dizer que pra ser homem agora precisa de permissão????

Será que macho que é macho, precisa de autorização da mulher pra tratá-la com gentileza?

Será que somos nós que temos comportamento masculino, ou eles que viraram bucetudos???

Alguém já tentou me trazer flores pra ver minha reação? Quem disse que eu não gosto?

O que acontece é que eles têm medo, e não nós que perdemos a feminilidade.

Será que ser feminina pra eles é se mostrar frágil, débil-mental?? É isso que eles querem? Retrocesso? Alguém que limpe o chão , olhando pro chão, e só faz sexo pra procriar, e que só o que faz da vida depois disso é cuidar das crias? Volta ao passado...

Acho mesmo que o que tá acontecendo é que estamos encontrando os caras errados pelo caminho,

Agora decidi: quero um HOMEM!!!, ou melhor, de gente que se diz homem o mundo tá cheio! O que falta é macho!Eu quero um macho! Pensando bem, melhor ainda! eu quero um trator(homem de verdade)!Um trator que tenha sensibilidade suficiente pra entender que somos todos seres humanos hoje em dia, com seus lados femininos e masculinos, com sua força e sua fragilidade, e que não é guerra como se pensa...

Quem sabe esse me chame de mulher, me trate como mulher, me mande flores, e tudo aquilo que nós continuamos gostando...
ou então vou ter que concordar com a Mel..."Vida de cão é bem melhor"...


Masculina, eu?


Olha, é muita coisa, então não sei se vai dar pra botar tudo aqui, viu? Resultados de minhas conversas com Rê, conhecida aqui do blog. O fato é que ta todo mundo louco... mulheres, homens, seres humanos em geral. Na verdade, acho que animais em geral, pois a minha cadelinha também está no meio de uma crise de identidade.

Tem uma galera dizendo por aí que eu e a Rê somos muito masculinas. Obviamente, esta galera é, em sua maioria, composta por indivíduos meninos. E por que somos masculinas? Em suas palavras:

- Ah, vocês não deixam os homens serem homens. Vocês não deixam a gente seduzir vocês, conquistar. Quando estamos com vocês, temos medo de comprar flores e recebe-las de volta jogadas na cara! Ou ver caixas de bombons atiradas na rua. A gente não pode mais nem pagar a conta! Vocês vêm pra cima com tudo. Não dá nem pra gente tentar nada...

E... Blá, blá blá!
E... Nhé, nhé, nhé.

Meu, querem saber do que mais? Vocês estão é precisando dar a bunda, caras!
Eu vou narrar as minhas duas últimas semanas, e quero saber quem são as pessoas que não estão agindo coerentemente nessa história...

Vou a uma festinha na sexta. E tem um moço bem bonito lá. Eu olho pra ele. Ele olha pra mim. A festa passa. A festa é na casa dele. Ele vem falar comigo?
NÃO!
Ele vem perguntar meu nome?
NÃO!
Ele vem me dar um beijo na boca, me tirar para dançar, qualquer coisa?
NÃO!

Beleza. No final da festa, eu, na porta, indo embora: ele vem. O que ele me diz?
“Ah gata, você já está cansada? (o detalhe é que são seis da manhã) Fica aqui. Não vai não. Fica aqui comigo.”

Cara, eu não sei nem o nome do sujeito. Eu não o beijei na boca, para saber se rola aquele “choquinho” que permite, ou não, aos indivíduos uma boa trepada. Eu nem tinha ouvido a voz dele, até aquele momento... eu iria ficar na casa de um cara, sem carona, na PQP, sem ter nenhum indício de que seria legal ficar ali??

CARALHO! Eu não sou boneca inflável!
E olha que eu não sou careta, mas assim também não dá!

Na quinta retrasada, saio para um bar com amigos. E chegam os amigos dos amigos. Um bem bonitinho, na verdade. Após o bar, eles nos convidam para irmos a casa deles. Nós vamos. O cara bonitinho até me olha, mas não passa disso. Não puxa papo, não conversa, nada. Quando estamos na porta, indo embora, ele me chama de canto e diz “se eu fosse você ficava aqui”.

CARALHO! Eu não sou boneca inflável!
O cara não lembrava nem meu nome! E já vem com essas de ficar na casa dele! Que saco isso! É não haver nenhum interesse, em absoluto na minha pessoa, apenas na minha boceta! Que saco! E como é que eles podem se interessar tanto por uma “provável boceta”? Porque não fazem nem idéia de como ela é, na real! É uma tara por um buraco qualquer! Comprem uma boneca inflável! Um pote de maionese, copinhos de plástico, qualquer coisa...

Vejam que é bastante diferente de uma outra situação, também estranha: um ex-caso que veio aqui em casa, dizendo que queria ser meu amigo... não passou da primeira noite, trepada na certa. Tudo bem! Eu não esperava menos do que isso... até tentei manter a postura de amiga, o quanto deu. Acontece que eu já conhecia aquele pau e já conhecia aquela cabeça. Mas aí... são outros 500!! Como eu já disse, eu não me incomodo de ser apenas sexo. Especialmente quando eu conheço o sexo e sei que vai ser bom!

Mas... percebam a falta de coerência... esse cara, que eu já conhecia, que eu já sabia que era apenas então somente uma trepada... vem me dizer, alguns dias depois que “não quer me magoar de novo e que é para eu não criar idéias sobre ele”.

Cara! Fala sério!!!! Ainda se ele tivesse dito que queria se casar, me mandado flores, poemas, me apresentado aos pais... aí sim, dava para se criar algum tipo de expectativa, mas... por causa de uma trepada! Se tem uma pessoa no mundo sobre quem eu não pensaria em nada, seria um cara que foi um completo babaca comigo numa história antiga e que apareceu outro dia pra dar uma! ESSE CARA não precisava me dar satisfações! E ainda assim, ELE deu! O mundo ta louco mesmo! Como é que a gente entende alguma coisa?

Para coroar minha quinzena, nessa quinta, encontramos o camarada da quinta retrasada novamente. E, novamente, acabamos indo para a casa dele após a baladinha. Não se enganem, eu achei esse cara interessante. Eu estava olhando para ele. Ele percebeu isso. E, ao invés de vir conversar comigo, passou a noite toda no meio da galera, sem me dar trela. Ok. Quando estou saindo da casa do ser, ele me puxa de canto de novo e... adivinhem!

- Volta aí depois.

NÃO DÁ!!!! Depois ainda vêm me dizer que são as mulheres que não permitem mais a sedução, que, por causa delas, tudo está completamente escrachado! Porra, eu ainda dei a chance de o maluco entender que, daquele jeito não ia rolar! E o cara faz a mesma coisa, duas vezes? O que ele pensou? Que, na semana passada eu tava menstruada? Que era só fazer a mesmíssima coisa, do mesmo jeito, sem tirar nem por, para rolar?

O que a garota sensível aqui faz? Ela tenta dar uma chance de deixar acontecer algo... sai da casa do cara e manda uma mensagem para ele, dizendo o seguinte: “eu volto, se você quiser conversar”.
O cara responde? Não!
É tipo assim: “olha, ou você vem aqui me dar essa boceta, ou eu vou dormir porque não tou com saco de te conhecer ou algo do gênero”.

Ah meu, fala sério. Me desculpem, mas não somos nós as incoerentes... não somos masculinas. Eu curto flores, bombons, whatever. Não me importo, mas, se esse é o problema, se é a dúvida dos homens: eu gosto! Aliás, quem não gosta, pô? É legal! Mas, também, como é que podemos agir diante de caras que nos vêem como buracos? Nós temos que vê-los como paus! Senão... poxa, a gente se chateia, né?

E, tudo bem, que essas duas semanas foram de experimentação... mas a conclusão foi a seguinte: o que a gente ganha quando tenta enxergar os caras de outra maneira, além de paus?

Nada! Nem mesmo, uma boa trepada...

E se isso é ser masculina, eu só lamento, mas bato o pau na mesa e não vou mais deixar de ser!

terça-feira, agosto 26, 2008

CONVERSA DE BOTEQUIM (1)


Comprei uma bota de Julia Roberts em "Pretty woman", aquela de prostituta ir prá esquina mesmo , que tem o cano alto além do joelho e falei pras minhas amigas: "hoje tenho que ir a algum lugar sofisticado, nada de buteco de quinta categoria.Minha superbota não vai pisar em qualquer chão. Lá fomos nós a um bar prá lá de chique, atendendo às minhas solicitações e quem estava lá?...Coincidência ou agrado do destino: o Richard Gere, em pessoa!!! Tá bom, vai, era um clone, mas um clone, melhorado, atualizado, sem aquele topete ridículo, tinha o mesmo cabelo grisalho,mas mais raspado, com um look mais moderno. Enfim, um arraso! E era tudo o que a "Julia Roberts" aqui precisava aquela noite... O cara pagou um pau a noite inteira e eu , é lógico correspondi...Minhas amigas todas falaram: "Mas ele não é teu tipo!" E vadia lá tem tipo??? Quer dizer até tenho. É sempre o homem mais bonito do bar, isso até a terceira ou quarta dose...De onde elas tiraram essa idéia? Bom, deixa elas pensarem isso, pelo menos mudam um pouco de assunto, que é sempre e indefectivelmente tamanho de pau.Bem, acho que estou sendo injusta, tem outros assuntos também sim: cor, espessura, formato e beleza.Ah, elas falam também de outra coisa... homens... Geralmente, a vítima em questão é o último infeliz que foi traçado. Aí, elas entregam tudo... Fazem as coitadinhas de "Sex and the city" parecerem freiras virgens.Mas de qualquer forma, é uma turma homogênea, pois todas se identificam com a Samantha da série, não sei porquê... Quando o assunto é tamanho, não gosto muito de comentar, pois não gosto de fazer propaganda dos meus gatos...Se for grande, tem alguém ( que não posso falar quem) que pira; se for pequeno tem outro alguém ( que também não posso falar quem) que pira também, e médio, todas caem matando...Prefiro me fazer de paisagem e dar uma de desligada: "Sabe que esse dia eu tava muito bêbada?" ou " Sabe que tava tão bom que não deu tempo de reparar?" E sabe, de verdade, que essas coisas não são tão mentiras assim.... Francamente, tipo de pau.... E vadia lá tem tipo??? E o coitado ( de qualquer outro sexo que não seja mulher) que tem a infelicidade de, por algum motivo, sentar-se à nossa mesa! Dá dó!!! Sem excessão,eles começam a passar mal, pedem prá ir ao banheiro , só que pra vomitar,e somem...sempre...e prá sempre... Às vezes o cara tenta mudar de assunto: "O que vocês acham de filmes cult?" O assunto se mantém por 10 segundos, quando alguém já se lembra do tamanho do pau de Bruce Willis em "A cor da noite", e esse filme nem é cult,e o papo volta à velha ladainha... ou um comentário do tipo: "Vocês curtem rock?" ... mais 10 segundos e já estão falando do tamanho da boca do Steven Tyler e do Mick Jagger, e da possível relação do tamanho boca/pau.... não tem jeito, eu desisto, isso já é tara coletiva...Só sei que bebemos tanto aquela noite, que só o que eu me lembro é que tive amnésia alcoólica, e quando vi terminei a noite com o Richard Gere ao meu lado(não sei se isso tem alguma relação com o filme Pretty woman) em cima do piano do piano bar do bar (legal essa frase, hein?) com o garçom me perguntando:" Qual o tipo de sopa a senhora vai querer?" "E vadia lá tem tipo????"

segunda-feira, agosto 25, 2008

Caralho...


Tenho aqui um nariz trancado e queixas. E o umbigo do mundo no centro. Queixas bobinhas e um espírito que não cabe dentro delas.
- Quer um cigarro?
- Eu tenho.
- Vamos pra sua casa?
- Acho que não.
- Por quê?
- A lua ainda não encheu.
- E...?
- Ah, vai à merda.
O irmão dela nunca mais falou comigo. Talvez tenha entendido que não sou dada a amores certinhos, a visitas à casa da mãe, a flores, essas coisas.
Ele sabe das coisas.
Eu não.
- Você sabe que eu vou te maltratar de no...
- Eu gosto que você me maltrate. – não deixei que terminasse, dando um sorriso malicioso e quase babando no canto da boca.
Vira-latas, SRD, baldia.
Eu o mandaria à merda, mas sou viciada em caras que me fodem bem. Especialmente os que me maltratam. Muito mais, nos que não me tratam. Aqueles que me dedicam completa indiferença...
Mas, acabei, eventualmente, mandando-o à merda.
- Estou indo praí, pra Sampa.
- E está me avisando por quê?
- Nada, só queria compartilhar.
- Bem, eu sei que não é só isso. Quando quiser me falar o verdadeiro motivo do aviso, a gente conversa.
Naquele sábado, de madrugada, ele, bêbado, me mandou uma mensagem, dizendo algo do tipo que queria me chupar toda, ou coisa assim.
Gosto de gente que assume a merda toda... mas não fui encontrá-lo. Perdi meu celular. E a melhor chupada do mundo.
Paciência. O show foi bom, mesmo assim...
- Vamos ao cinema, então?
- Ah meu, não dá. Tenho coisa pra fazer essa noite.
- Então, amanhã, tomar umas no bar tal, tal hora?
- Posso ser sincera?
- Pode, claro.
- Eu tou com preguiça...
- Preguiça? Ué, se você quiser a gente pode ir num lugar mais perto então.
- Não, você não entendeu. Eu tou com preguiça... de você.
Ah, mas demorou a pensar nisso, não garota? Aquela má vontade toda, querendo ficar no micro, jogando paciência, sair para uma balada só (de sozinha mesmo!). Não poderia ser outra coisa. Quando ele diz algo, minha mente boceja...
- Vem tomar uma aqui no bar.
- Vou.
- Mas amanhã preciso acordar cedo.
- Olha, o negócio é o seguinte: eu pego meu carro, vou até a sua casa, trepo com você, disk-sexo, delivery mesmo, e não posso nem dormir até tarde depois de passar a madrugada? Desculpa, mas meu sono tá precioso demais pra isso... se cuida, hein?
É, eu ando preguiçosa...
- Gata, eu vou ficar louca. Não dá, preciso desse cara. Como assim, ele ta namorando outra? Como assim, ele gosta de outra? Preciso fazer alguma coisa. Me ajuda!
- Não dá meu, não tem o que fazer, dessa vez foi pro saco mesmo. Ele realmente tá feliz, tá de boa. Desencana. Pára de ser mimada, porra.
- Mas que inferno! Odeio quando me tiram o doce e eu ainda não disse chega.
- Compra um chocolate pô!
- E o que você acha que eu tou comendo?
Deu. Desliguei e fui dormir, que não há nada a fazer a não ser ouvir duas músicas e chorar um pouquinho, esperar o dia seguinte e lembrar do que realmente importa.
Às vezes, eu simplesmente amo as segundas-feiras...

sábado, agosto 23, 2008

DESABANDO-DESABAFO-DESANDANDO-DES... DES... DES...

Hoje, aos 28, acordei cansada da festa da madrugada anterior, às duas da tarde, de ressaca. Um mau-humor dos infernos. Parecia que havia levado uma surra.
Mais uma destas e acordo pensando no concurso para o qual devo estudar, e toda essa vida pra levar do que escolhi fazer com a minha vida.
Eu andava morando na ilha da fantasia, desde os dezoito, quando fui expulsa, sem avisos, pra terra do nunca.
Mas é uma terra do nunca mesmo, tudo pára, de repente, quanto mais você estuda e entende o que que ta pegando de verdade, mais você quer mesmo enlouquecer, saber mais só por saber e torcer para não chegar aos trinta.
Aqui tem uma miséria, um cheiro podre no ar, daqueles que a gente pensa que só passa na tv, se tv passasse cheiro.
Tudo muito simples: dar a boceta aleatoriamente de vez em quando, ver a grana virando pó bem debaixo do seu nariz, embriagar-se, embriagar-se e... embriagar-se.
E livros. Livros dos outros, livros seus e a sensação de que a vida anda passando só nas páginas e que a sua continua em branco.
Mais uma manchete de jornal: fulana vai se casar com um puto que pariu.
Ninguém entende o foda de ser mulher nessas horas...
É um lado do cérebro dizendo “trouxa, vai lavar cuecas”. E outro que lembra de novelas e coça a bunda e se pergunta, se esse vazio aqui não é solidão e se, de repente, eu levasse fé nessa vidinha, se decidisse acreditar...
Mas, não dá. É lavar cuecas.
Uma cachorra me adotou e me leva a passear no final da tarde. Mas, se até ela anda exigente, chora para ficar dormindo embaixo das minhas pernas enquanto eu digito, imagina um outro eu. Num guento.
Queria que o governo implementasse uma nova classe trabalhadora, a das donas de casa sem casa e sem marido, que ganhariam uma boa grana pra passar o dia fazendo rango, lendo coisas muito boas, escrevendo, cantando, ouvindo música e sendo passeadas pela cachorra.
A parada é que todo mundo ta muito ocupado cuidando da própria vida. E eu até queria cuidar da minha, tirando o fato de que não sei bem o que fazer com ela.
Genial. Todo mundo me dizendo que sou genial. E eu só vejo da falta de decisão, escolhas adiadas, planos frustrados, homens - para não se pensar em outras coisas -, um mundo caindo aos pedaços.
E olha que sempre foi uma esperança brega de fazer alguma coisa que valesse a pena, mas ela anda cada vez mais corroída de vergonha, de auto-piedade, de preguiça, sei lá.
Anteontem um moleque ranhento veio me pedir uma grana no farol.
E, todas as vezes que isso acontece, vem uma culpa, pelo fato de eu não ser ranhenta, estar dentro do carro, esperando o farol abrir. Eu e minha carteira de habilitação, e o meu dinheiro porco, e a minha saia curta comprada no shopping, e o meu cérebrozinho pouco-desenvolvido que vale mais, sabe-se lá por quê.
Ah. Se eu ficasse contando tudo que passa na cabeça, escreveria um livro sobre o moleque do farol. Talvez dê uma grana.
Perguntei outro dia pra Maria, antes de ela vazar, se era isso aí mesmo: a vida.
Ela disse: “sinto ser eu a informar, mas... é. É isso aí mesmo”.
Nessa noite eu chorei na cama, antes de dormir.
É sábado. Daqui a pouco vou atrás de uma boa trepada. O conforto de um orgasmo, de não se pensar, sentir, lembrar, de nada, além daquela explosãozinha que se experimenta ali, naquela hora. Reconfortante. Nascer de novo. E ainda, de quebra, a possibilidade de se apagar, agarrado em algum outro ser, como, se naquela hora, estivesse à tona, naquele corpo, todas as nossas esperanças e convicções.
Pelo menos até o dia seguinte.
Mari Brasil

sexta-feira, agosto 22, 2008

O GAROTO DO CAFÉ


Porque você existe?Porque é tão lindo?
Porque cruzou o meu caminho?
Porque homens existem prá gente encanar?
Porque você botou seus olhos de jabuticaba em cima de mim?
Porque você toma café?
Porque EU tomo café?
Porque eu fui tomar café aquela tarde?
Porque não fui outra hora?
Porque você insistiu com as jabuticabas?
Porque tua mãe te pariu?
Porque eu te odeio?
Porque eu odeio sua existência?
Porque eu te amaria se eu soubesse teu nome, teu telefone?
Porque eu volto ao café e você não está lá?
Porque você não estava de costas aquele dia?
Porque eu não te passei despescebida?
Porque eu não passei por você absorta?
Porque você nem sabe que estou escrevendo isso prá você?
Porque nunca vai saber?
Porque você foi tomar café aquele dia?
Porque não quebrou a perna no caminho?
Porque pessoas tomam café?
Porque pessoas servem café?
Prá que serve café?
Prá que se serve café?
Porque estabelecimentos vendem café?
Porque existe aquele café na esquina?
Porque eu não fui tomar café em outro café?
Porque você não tomou café na sua casa?
Porque eu vou ficar apaixonada por você até o final da semana?
Porque eu não vou tirar você da cabeça até o final da semana?
Porque eu vou lembrar de você até o fim da vida?
Porque se planta café?
Porque se colhe café?
Porque o governo permite a venda de café?
Porque você existe? Porque é tão lindo?
Porque tava lá aquele dia?
Porque pôs as jabuticabas sobre mim?
Agora não há mais o que fazer, a não ser nunca mais tomar café...
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quarta-feira, agosto 20, 2008

Escrita


Ontem, ele ia me dizendo que, músico, palavras não bastam.
É que teria uma incompletude entre elas que não o permite dizer o que é, de verdade, que assovia em seu dentro.
Porque pensamento de músico assovia...
E aí, que ele fica correndo atrás das palavras, do jeito certo de elas encaixarem, como se fosse montar aquela fila de dominós gigante, para, no final, todas despencarem direitinho o caminho e formarem o que significa que significavam antes, no que sentia.
Mas que a pilha caída nunca forma certo o assovio, nem as palavras, nem bater foto, ou desenhar.
O assovio só significaria quando assoviado, tocado no piano, no banjo, essas coisas...
Foi que eu vi: essa mania de gente que escreve, de correr atrás de rearranjar palavras na pauta, sem pausa, com pausa, uma frase abaixo, outra acima, volta pra mesma linha, apaga, amassa a folha, começa de novo, sem pausa, com ponto.
Vicia tentar explicar os nossos assovios, de forma diferente do que eles vêm, assovios, dores, prazeres, calafrios, fomes, e todas essas coisas que a gente dá nome, mas não são o nome porque são outra coisa, porque são pra mim e não pra você, ou pra ela.
E até os acordes, as notas, quando chegaram no piano eram outra coisa, do que antes.
Mas ele insistiu nas palavras, e eu, em que pé de poeta, nas músicas, que também não diziam tudo, deixando ao léu o que significavam em “ex-sência”. Porque não há um único ser que interfira na essência, porque essência não existe, é “ex”: já foi, já era.
Essência é sonho pobre de escritor, que precisa de plano pra seguir vivendo e não encontra mais nada, além de parcas 26 letras e horas e horas para dispô-las de maneiras diferentes.
Palavras não bastam... mas eu tenho muito tempo.
Enquanto não busco nada, brinco de rearranjos. Não é pela essência, é que acho bonito fazer fogueira dos significados e ver as labaredas tomando todas as formas possíveis...



Mari Brasil

terça-feira, agosto 19, 2008

hora



Quando ele lhe colou na bunda, estremeceu toda, respirou alto e suou, mas suou mesmo, gelada, nervoso, uma vontade louca de apertar os dentes até quebrar e, ao mesmo tempo, de morder-lhe os dois olhos, trepada no peito dele, subindo, descendo e subindo e descendo, sem parar, um gesto frouxo: até tentou negar-lhe a carne, negar-lhe o osso, fugir daquela situação que chamava um passado de que tinha raiva, raiva subindo pelo pescoço, dando um nó na barriga e mais e mais e mais e mais tesão. Disse não, uma, duas três vezes, das lembranças roedoras de egos, do pretérito imperfeito, medos, se afastou, (medos) e ele lhe tocou um braço, (medos) e um frio na espinha que foi subindo e descendo ao mesmo tempo, até as têmporas, dando tontura, até seu sexo, que esquentou, ficou azul e não quis mais saber: foi junto, se mexeu, rebolou, provocou, mas nem precisava, que isso já vinha anunciado de noites e noites que pensava que um reencontro tinha que ser assim: de costas. Quando ele meteu, sabia que não deveria olhar os olhos que, sabia, não queriam olhar os olhos, desviados, dois na nuca, dois no sofá, escalando a parede, tentando, pra variar, escrever, dentro da cabeça o que pensava, sentia, o que acontecia (o que que acontecia?), mil notas de rodapé, adendos, desculpas, pra estar ali, fodendo como uma puta apaixonada, cachorra em cio, sabe lá, desculpas, justificativas, além da pura vontade, de há um século, de simplesmente dar. Dar a boceta, mas dar-se toda, dar-se além, porque ali era hora, ali era lugar, ali era corpo, um jeito de lhe segurar os punhos, um jeito de ser impessoal e de se enfiar, inteiro, dentro dela, inteira. Um resto de sede, um copo d’água, um resto de gente e saiu porta afora, não deixando ao menos um cigarro, dez reais que fossem, pra que ela soubesse, claramente, quem fazia quem, quando era de manhã.
Mari Brasil

sábado, agosto 09, 2008

MENINAS MIMADAS

As rimas bregas foram propositais, mas sairam meio que automaticamente, porque meninas mimadas SÃO bregas.Essa vai pro Cazuza, pra Pandora e pra mim mesma...Pan,tenta não se identificar, que também farei esse esforço...

MENINAS MIMADAS

Meninas Mimadas,
bem-nascidas
mal-criadas.
Será que alguém as estragou
ou nasceram estragadas?

Filhas-únicas, caçulas, adotadas,
criadas pela empregada,
são o xodó da irmã muito mais velha,
moraram com a avó em apartamento
e se tornaram esse tormento.

Onde vão,
chamam a atenção
não pensam ser o centro do mundo
elas SÃO.

Patricinhas,às avessas
se comportam de viés
esbravejam, esperneiam,
querem tudo aos seus pés.

Gritam com o garçom, e o beijam,
sobem na mesa , derrubam a cerveja.
Chutam, esculacham
brigam e se acham...

Meninas Mimadas,
elas sempre têm razão,
não pensam ser o centro do mundo,
elas SÃO.

Têm ciúmes da amiga,
da amiga da amiga,
da amiga da amiga com a amiga.
Se o cara não dá bola,
é certeza,ele é boiola.

Arianas, leoninas, escorpianas,
mandam, imperam.
Princesas, soberanas.
Querem todos do seu jeito,
e ai de quem não seja.
Elas são perfeitas,
e ai de quem não o veja.

Meninas Mimadas,
muito bem cortejadas
mantêm a auto-estima
sempre lá em cima
e nada lhes abaixa.

Meninas Mimadas,
não pensam ser o centro do mundo,
elas SÃO.

Elas são lindas,
e ditam sua própria moda,
e vivem reclamando,
NÓS SOMOS FODA!!!
(inclusive de aguentar!)


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