sexta-feira, dezembro 29, 2006

Espírito de verão


Daí eu acordei... e já era dezembro!
E eu continuava chorando paixões de inverno...
E minha amiga me disse sobre o espírito de verão
E o sol queimou minhas virilhas!
Aquele safado!

Uma bela noite, no boteco de sempre,
As queimaduras me fizeram lembrar
De outra coisa que ardia em mim...
De que eu não lembrava,
Mas queimava...

Por dentro, por fora, por todo lugar.
Alguma coisa começou a pulsar.
Foi quando eu lembrei...
De beijos na boca,
Passadelas de mão,
Flertes,
Safadezas.

Todo um mundo que eu havia esquecido.
Ou que estava apenas, adormecido
Em mim.
Em tudo.

E eu olhei ao redor,
Todo aquele calor,
Minha boca chamava, pedia o sabor...
E eu voltei.

Calma e tranquila,
Ao lugar de onde vim.
Muitos foras.
Mas muitos “dentros” também.

Muitas bocas beijadas
Por todo lugar,
Muitas fugidas, dribles, medo!
Pois nem todo troço estranho que chega,
Foi feito pra beijar...

Mas...
Se bobear...Eu PEGO!

terça-feira, dezembro 26, 2006

Reviravoltas fantasiosas

A gente pensa que se passar um tempão longe, a dor acaba, as feridas se fecham e a gente esquece. Então a gente queima todas as fotos. Esconde os canhotos de shows e cinemas, que guardava de lembrança de dias e noites deliciosos. Enfia a cara num novo projeto de trabalho, de cabelo, de ginástica, de vida. Arruma uma(s) nova(s) distração(ções) e pensa que tudo está, finalmente, de volta ao lugar de sempre.
Mas, basta uma mensagem no celular, um cartão de natal, um e-mail, perguntando se você está bem...
E o seu novo projeto de vida vira uma bobagenzinha qualquer. Porque a sua mente é invadida por dúvidas latejantes, que não param de te cutucar.
As dúvidas geralmente começam com “e se?":
E se ele estiver novamente interessado?
E se ele estiver com alguém? E se esse alguém for aquela desgraçada por quem ele te trocou?
E se ele só estiver a fim de tirar uma casquinha? E se eu também estiver a fim de tirar uma casquinha?
Mas e se eu gostar ainda dele? E se aquela paixão louca voltar? E se voltar só da minha parte?
E se passou de vez?
E... o pior de tudo...
E se ele só queria, realmente, saber se eu estou bem, ou desejar feliz natal?
Essa última a gente ignora...
E voltam mil lembranças. Das partes boas e das ruins.
E você pensa que talvez seja interessante esquecer as partes ruins, dar uma nova chance à vida e ter pensamentos mais alegres te acompanhando daqui pra frente. Todas essas bobagens de final de ano...
E você perdoa todos os pecados dele e esquece de perdoar os seus...
E você passa pelas ruas que vocês passavam, pelos lugares que vocês se encontraram, por acaso, e revive aquelas delícias em memória.
E pensa que ele não deve nem se lembrar de nada, encantado que deve estar com a outra... (que você tem certeza que existe, apesar de fingir, pra si mesma, completa ignorância) revivendo as memórias dela.
E o ciúmes te dói bem forte, no estômago, te esquenta a cara e te dá tonturas...
E você se xinga por ser tão fraca e não conseguir se dominar por completo, não conseguir odiá-lo ou lhe ser indiferente.
E você se sente a pior das mortais e, de novo, não se perdoa.
Você sonha com ele, dormindo e acordada, esperando que ele volte e que tudo continue como era antes de todas as bobagens que aconteceram e transformaram tudo num verdadeiro inferno.
Mas, se algo for recomeçado, será, contudo, começado do zero. Não é lógico recomeçar algo que deu errado.
Você não tem conseguido ver que as coisas nunca serão como antes. E talvez, por isso mesmo, não consiga começar nada novo, com as pessoas que aparecem na sua vida. Talvez por isso, você busque nos outros todos os elementos que o compunham. E nunca se satisfaça, porque o que já foi... já foi!
Nem mesmo ele é o mesmo. Nem mesmo você é a mesma.
Por isso eu me perdôo por sentir agora, esse frio na barriga só de pensar na possibilidade de, novamente cruzar o seu caminho. Eu me dou o direito de sentir e de não controlar o que sinto. Ansiedade, saudade... saudades demais... vontades de começar o novo em outros tempos, outros caminhos, outros desejos por você.
E, mesmo que isso só caiba na minha fantasia... eu me perdôo também por fantasiar...

domingo, dezembro 03, 2006

Uma nova mulher!


Bom, essa aconteceu há alguns meses... eu estava me recuperando da última paixonite, que tinha sido bem forte e mexido um pouco com a minha cabeça.

O fato era que eu não tava achando muita graça em ficar com ninguém. Eu ia pra balada, conhecia uns caras, beijava e achava tão sem graça. Todos.

Às vezes até me esforçava pra curtir algum, mas não rolava. E aí... aí acabei passando uns bons 2 meses sem ficar com ninguém, sem dar bola pra ninguém que chegava, nada. Saía pra dançar, pra encontrar meus amigos, outra perspectiva. Ficava até meio incomodada se algum cara chegava em mim.

Aí comecei a compartilhar essa pira com as minhas amigas, porque eu achava que tinha mudado. Eu contava que não tava mais a fim de ficar com uns caras só por ficar. Que agora parecia tão sem graça isso. Que eu tava era a fim de conhecer alguém legal, de quem eu gostasse muito, pra daí sim, ficar e curtir e todo o resto.

A verdade é que, como eu não tinha nenhuma vontade de ficar com ninguém, não deixava nenhum cara chegar perto. Eu achava até que estava meio assexuada. Que só ia conseguir, por exemplo, transar com outro cara, se eu estivesse muuuuito apaixonada.

Obviamente, minhas amigas me zoaram muito, tiraram sarro, falaram que eu não tava enganando ninguém e blábláblá... até que começaram a perceber que eu... realmente não estava ficando com ninguém! E que não era por falta de oportunidade...

E, bem no auge dessa época, passei com uma amiga no barzinho que a gente ia sempre e encontrei um amigo que eu não via há tempos tomando uma cerveja com outro cara. Sentamos com eles e, no meio do papo, veio à tona essa minha “nova postura” perante a pegação.

Meu amigo ficou surpreso quando me ouviu falando que eu era uma nova mulher. Que a paixão havia me mudado. Que eu estava mais sensível. Que não queria mais só pegação por pegação. Porque um amor acaba mudando as pessoas mesmo.

E eu estava lá, toda orgulhosa desse novo ser que eu havia me tornado. E meu amigo achou bem legal saber disso, apoiou pra caramba essa minha nova forma de encarar os relacionamentos.

E a gente continuou falando disso a noite toda. Eles me contaram algumas experiências também. E eu fiquei feliz em saber que eu não era um E.T. por estar pensando dessa forma. Estava achando tão bontio, tão poético...

Mas o cara que estava com o meu amigo falava que as coisas não eram bem assim... e sempre dizia uma frase: “sempre conte com o inesperado”.

Lá pelas tantas, o bar ia fechar. Decidimos então, ir pra casa da minha amiga continuar bebendo por lá. Ela tinha acabado de ganhar uma garrafa de tequila.

Chegamos, conversamos mais, bebemos mais tequila. E o papo era sempre esse: “como o amor é lindo”. “como ele muda as pessoas”. “como eu estava diferente”. “que legal que eu estava diferente”. “que bonito”. E a frase do cara também era a mesma: “o inesperado isso, o inesperado aquilo”.

Até que uma hora eu estava deitada no sofá. Minha amiga levantou e foi no quarto atender um telefonema. E meu amigo levantou e foi ao banheiro. E o outro cara...

Levantou e me disse, caminhando na minha direção: “quer ver uma coisa surreal”? e eu achei que, sei lá, ele ia me mostrar uma poesia (porque a gente tava lendo uns livros também), uma música, sei lá! Qualquer coisa!

Mas o que ele fez foi ajoelhar ao meu lado e tascar um beijaço na minha boca!

Caralho! Eu nem vi de onde veio!

Mas chegou e arrebatou.

Eu não sei se foi ficar 2 meses sem transar e praticamente sem beijar na boca, mas me deu um tesão tão furioso que... puta que o pariu!

Quando nossos amigos voltaram pra sala, a gente tava quase se comendo naquele sofá.

Obviamente, ninguém entendeu nada. Nem eu tinha entendido, imagina os dois.

A gente se recompôs e resolveu ir embora. E ele me acompanhou até a porta de casa.

Quando chegamos, ele disse no meu ouvido “me convida pra subir. Quero te beijar sem roupa”.

Meu deus! Que tarado! Que saco! Esses caras só querem isso! Eu sou só um pedaço de carne pronto pra ser batido, frito e comido!

Não é bem isso que eu estava esperando...

De mim...

Mas a resposta foi “só se for agora”.

Subimos.

E fodemos.

Mas fodemos muito.

Caralho, como eu tava precisando daquela foda!

E, é verdade, o inesperado é show de bola. Assim como foi comer aquele cara e acordar das nóias em que eu tinha me enfiado.

Algum dia eu tenho que agradecer a ele – não só pela foda, que foi ótima, mas por me fazer parar de ficar besta!

A verdade é que o amor me mudou sim. Eu agora, pelo menos, acredito que ele existe e sei que é muito melhor fazer qualquer coisa quando estamos apaixonadas.

Por outro lado, eu não preciso virar uma otária assexuada só porque não tou apaixonada.

Amar é lindo... mas foder também é!

Dormi que nem um gatinho. No dia seguinte, de manhã, acordei, olhei pra cara dele... e mandei ele ir pra casa, porque eu tinha que sair. Da mesma forma que eu sempre fiz. Antes de me tornar...

uma nova mulher...

quarta-feira, novembro 29, 2006

Mulher


Sou assim, toda razão. Sempre procuro entender os motivos.

Mas, pela minha razão, não entendo porque te procuro, mulher.

Eu não posso ser um homem para você. E nem quero. E não busco um homem em você.

Estou afastada dessa imensidão masculina que me machuca e me deixa só.

Já o nosso amor, é compartilhado... não invadimos nossas vidas.


Agora, a maciez das suas mãos, dos seus gestos, me seduz.

Eu me entrego ao teu toque, embriagada de carinho.


Busco essa leveza de mulher.

Busco você, eu mesma.

E nos contornos do teu corpo eu me perco toda; sem saber como tocar um corpo que não é meu. Mas é.

Gosto dessa delicadeza, dessa suavidade tua/minha.

E me pego refletida em seus olhos, fazendo amor comigo mesma.

Por isso peço que me guie pelas tuas curvas.

Quero aprender o teu prazer e te fazer brilhar.

Mais que o teu corpo, quero o teu sorriso

despontando em cumplicidade numa troca de olhares...

Numa troca de segredos.

segunda-feira, novembro 27, 2006

???? confusa ????

Eu queria dizer que, às vezes, a gente deposita nosso amor nas pessoas erradas. Porque elas parecem tão certas.

Será mesmo que a culpa é da gente? Que só enxerga o que quer?

Eu devo mesmo me odiar então. E ter me armado uma puta armadilha!

Mas tenho que dizer que gostei da ingenuidade com que amei essa pessoa.

Foi muito bom enquanto durou. Foi muito bom não manter os dois pés atrás.

Foi maravilhoso avistar aquele sorriso me acordando de manhã durante muitos dias.

E amar as nossas caminhadas fugidias.

Passar um fim de tarde gelado na rede, prometendo mentiras um para o outro.

E se enamorar no meio das madrugadas, nossa hora.

Acreditar que eu tinha encontrado uma pessoa para reencontrar pra sempre.

Mesmo que os caminhos fossem diferentes, sempre revivendo essa paixão passageira e intensa, ao longo do indeterminado tempo.

Achei errado.

No final, tudo parece ter se desintegrado.

O pior não é sentir ódio, ou mágoa. Isso passa.

O pior é sentir algo. Qualquer coisa. É lembrar. E sentir falta!

Isso me deixa irritada. Sentir falta de alguém que me magoou.

Que não foi legal comigo.

Procurar essa pessoa nas pessoas novas.

Ficar com medo de começar alguma coisa nova.

Ter esperança de recomeçar alguma coisa velha, que já foi estragada e não tem conserto.

(por quê a gente se tortura assim?)

Eu sempre digo que não me arrependo das coisas que faço.

Agora estou em dúvida.

Foi tão bom mas... me fez tanto mal.

Me faz tanto mal. Ainda. Às vezes, sozinha, antes de dormir.

É. Na verdade, eu não me arrependo de quase nada. Só do desfecho.

E de não entender mais nada. Odeio não entender as coisas!

Odeio não entender o que eu ainda sinto por essa pessoa.

Eu fiz tudo tão errado assim?

Por que eu lembro dela? Porque ela me faz falta?

Por que ela não...

volta...?

Constelação

Constelação que se agrega e se amontoa sem nenhuma razão de ser, a não ser, ser, e me perturbar e me balançar, me tirar de mim, me colocar neste universo imaginário do simbólico como uma de suas estrelas...

Você é um debate, uma discussão,

Um argumento que me constitui,

Me determina, me ensina e motiva.

Algum sol

Num intervalo do universo,

Meu assujeitamento, minha deixa.

É aqui que entro sem me deter,

Senhora que sou das verdades que não são minhas,

Mas do imaginário do mundo.

É neste buraco que entro e me perco,

Entre os diversos caminhos desta caverna dos sentidos...


segunda-feira, novembro 20, 2006

SE... VOCÊ É CORNO!


Este texto não é para malhar os homens. Diferentemente da grande maioria, este texto é para ajudá-los! Ajudá-los a não serem cornos.

Para começar, temos algumas afirmações básicas para que vocês saibam se são cornos, ou não. Se mais de quatro alternativas forem parecidas com seu relacionamento... bem...

  1. Se, quando você vai dormir, deita-se ao lado de sua mulher, com um livro na mão, acende o abajur, dá um beijo na testa da digníssima e lê até cair no sono... tu é corno!
  2. Se, quando você chega do trabalho, vê uma lasanha e sua fêmea de lingerie preta, maquiada, com velas acesas e passa reto por ela, corre pra mesa, come como um animal e não vê a hora de cair na cama pra... dormir... tu é corno!
  3. Se sua mulher o convida pra fazer algo diferente e a primeira coisa que você pensa é convidar seus amigos pra tomar uma gelada no boteco com ela... tu é corno!
  4. Se sexo só rola uma vez por mês, papai-mamãe, meia horinha... tu é corno!
  5. Se a sua mulher começa a ouvir muita música e passar horas olhando pro nada, enquanto você senta no sofá da sala e assiste ao domingão do faustão... tu é corno!
  6. Se o ápice da sua emoção nos últimos tempos foi a vitória do seu time no campeonato (mesmo que ele seja da 15ª divisão)... tu é corno!
  7. Se, quando você vai a um almoço de domingo na casa da sua mãe, com a família correndo pela casa, uma partidinha de pôquer com o cunhado, enquanto as mulheres da casa se reúnem pra arrumar a cozinha, você se sente, finalmente, casado e seguro... pode ter certeza! Tu é corno e tua mulher vai te largar logo!

Bem... todo problema tem solução, né? A gente não vai só te deixar desesperado com sua situação. Vamos tentar explicar como fazer para tentar não ser corno! Vamos lá, anime-se, não é tão difícil assim...

Leve flores! Olhe pra ela! Perceba se está com um brilho diferente nos olhos! Perceba seus toques, carinhos, olhares, sorrisos. Sinta essa mulher perto de você.

Não deixe as coisas do cotidiano acabarem com seu tesão. Você namora/casou/está enrolado! O sexo, nesse caso, vai ser um dos únicos prazeres não pagos. Aproveite-o, ao máximo! Não precisa muita coisa! Informe-se, tome um banho com ela, faça uma massagem... aposto que você ainda tem algumas artimanhas...

Mulheres brabas não falam por quê estão brabas. Nós nascemos com um defeito que não passa com o tempo: nós queremos que você adivinhe o nosso problema do momento. E, se você não adivinhar, nós vamos surtar! Então, antes de nos deixarem loucas, veja se não deixou cuecas jogadas no banheiro, louça na pia no seu dia de lavar, cds espalhados e afins. Se a casa estiver no lugar... o problema é com a mulher.

Se o problema é com a mulher, lembre-se: nós não queremos que você os resolva! Queremos apenas reclamar, chorar e... ganhar colo. Então, dê colo! Normalmente as mulheres sabem como resolver seus próprios problemas, mas curtem um mimo.

“Fazer uma coisa diferente”, se a mulher não explicitar o que é, é uma coisa A DOIS! E, provavelmente, vai envolver sexo depois... então, fique contente e não ligue pra turma... afinal, você vai transar.

Almoço na casa da sogra não é ideal de casamento pra uma mulher. Isto é de suma importância! A gente já levou a vida inteira tentando convencer a nossa mãe a não dar palpite na nossa vida e, quando finalmente conseguimos, você vem com uma sogra? Fala sério!

Por último, trocar sexo por futebol é coisa de florzinha. Vire gente! Se você fizer isso, merece ser corno!

sexta-feira, novembro 17, 2006

Pra você que parece não me notar II

Gosto sim de você. Mas não aqui, nem agora. E sim em algum outro lugar, de madrugada. Num apartamento vazio que não existe além dos meus sonhos. Gosto de você na minha cabeça apenas.

O modo como me conduz. Os beijos desesperados que arregaçam a minha boca (como come uma maçã?). Gosto da correria, do nervosismo, da necessidade, do calor, do suor...

Gosto da sua posição insensível, da falta de amor, da presença apenas do desejo. Somente uma brutalidade despontando num cheiro (cheiro) tão entorpecedor quanto o toque das suas mãos ao redor do meu pescoço...

Fico assustada com a sua violência, mas é ela mesmo que tanto me seduz. E quando tento fugir de você, já estou totalmente envolvida pelo seu clima tempestuoso. E me rendo. E você me devora.

É esse você que eu amo e me apaixono todas as vezes que me ponho a desejar. Mas esse você não existe.

E me desaponto, e me freio, e não te quero de verdade. Essa triste mistura de solidão, carência e sensibilidade. Tudo isso que é você, eu já tenho. Quero todas as diferenças, mas você não as tem. Só na minha cabeça. Quero a falta do seu afeto... Quero que se aproveite de mim... Que me use... Que se satisfaça de maneiras não convencionais...

Então não te procuro mais. Não tento te apaixonar. Sei que posso, mas não quero (sei que o faço, mas não quero). Porque assim os papéis do meu sonho se invertem. Sou eu que te destruo, te sugo, te estrangulo. Sou eu que te devoro. Mas esse papel eu já encenei demais. Quero a novidade.

Não. Prefiro, então, te ver no mundo da realidade com outros olhos, com olhos amigos (tento). E deixo meu olhar doente, demente para cruzar os seus, famintos e cruéis, nos meus sonhos. Pois é só neles que o você que eu desejo existe.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Salvador: um marco

Brindemos ao fato e porque não a felicidade de estar sozinha nesse momento.
De se sentir completa, única, autônoma e independente.
Brindemos a chegada desse momento especial: a chegada de EU.
Sozinha, em Salvador, num quarto de hotel, uma 4ª feira à noite, com desejos de ver pessoas, coisas, lugares distantes.
Uma sensação boa me vem ... de poder ir, de ter prazer em olhar, de ser livre para ir ou de fazer o que eu desejar. Sem amarras.
Pego um táxi e chego ao Pelourinho, deslumbrante numa roupa cor de rosa. Me sinto bonita e desejada. Os homens me olham e também as mulheres. Com e sem intenções, curiosidades, indiferença, desfaçatez ou uma potencial turista consumidora.
Sinto a cada metro o confronto das imagens desse lugar com minhas histórias de leituras nas obras de Jorge Amado. O cheiro de acarajé, de moqueca, de mijo, o lixo jogado nas ruas, a gente morena, os cortiços, a música, os sorrisos. Misteriosos sentimentos se fundem nessas memórias. Pensamentos sobre ser, sobre viver, sobre amar, sobre esse planeta tão pequeno e tão grande... Só EU e o Pelô.
Sento num bar e peço uma cerveja e petiscos. Observo o movimento e me observo com orgulho. Estou viva!
Aquela criança tímida e assustada que mora aqui dentro, brinca agora, brinca de ser gente grande e percebe que cresceu. Uma vontade imensa de continuar o caminho, olhando para os lados, sem saber o final dele. Percebe que tudo é possível, apesar dos pesares.

segunda-feira, outubro 30, 2006

Paciência

Eu espero você chegar novamente.

Meu coração está aberto?

Eu espero, mas não sei o que esperar...

Espero que você me olhe

Mas não me julgue.

Espero um sorriso há dias.

Espero não haver mágoa nos seus lábios.

Espero sua pele.

Mas não sentir um toque de dor.

Não sei mesmo o que esperar.

Espero sentir seus pelos

Que eles se arrepiem pra mim

Mas não de medo.

Espero uma mordida cravada em meu pescoço

Por me desejar tanto, querer me engolir

Não por não conseguir dizer que fiz algo errado e que doeu.

Espero sua sombra em cima do meu corpo

Reflexo da luz da lua entrando pela janela do quarto

Mas não a sombra da sua ausência.

Estou aqui paciente

sei que não vai ser como antes.

Mas que seja um novo começo.

Meu coração está entreaberto: feliz e temeroso.

A paciência é esta luta contra as expectativas.

Gostaria de ter a paciência de abrí-lo por inteiro.

E aceitar seu julgamento, sua mágoa, sua dor, seu medo, sua desaprovação

Mas nunca,

A sua falta

segunda-feira, outubro 23, 2006

A desilusão da festa à fantasia


A FANTASIA QUE EU PEGUEI ERA TUDO. O PROBLEMA ERA O CARA QUE VEIO JUNTO...

Eu fui a uma festa à fantasia nesse fim-de-semana. E estava muito legal. Tinha piratas, batmans, encanadores, príncipes encantados, vampiros... enfim, todo tipo de fantasia que sua mente feminina pervertida possa imaginar – e desejar.

Já flertando com um marujo, lá pelas tantas, uma das minhas taras mais fortes materializa-se na minha frente: “deus te abençoe, minha filha”. Um padre.

Puta merda! Um padre! De batina e terço! Jesus! Bem ali, na minha frente...

É óbvio que era o padre mais cambaleante e tosco que poderia existir: bêbado, de óculos de sol, girando o terço no ar e batizando todo mundo que aparecia na sua frente com a vodka que estava entornando enquanto andava.

Mas, tudo bem. Era um padre. Estava ali, facinho, facinho.

E eu, aluninha de colégio de freiras, sainha de pregas, mochilinha de bichinho e lacinhos vermelhos... precisava me confessar.

“Padre, preciso me confessar, porque pequei. Estou tendo pensamentos impuros. Preciso de absolvição”.

O legal de festas à fantasia é que, depois de uma garrafa de saquê, você assume sua fantasia. E o padre resolveu me levar pro canto e me ajudar a conter os desejos insanos que passam na cabeça de uma adolescente virginal que chupa pirulito vermelho em forma de coraçãozinho.

Acontece que a tal adolescente estava possuída. E tascou um beijaço na boca do padre que durou uma meia-hora.

E o padre começou a falar umas coisas bem sacanas pra tal adolescente possuída que ficou mais endemoniada ainda. Baixaria total. Mas, quem liga? É uma festa à fantasia!

Só sei que, depois de algum tempo, de alguma forma, estávamos quase nos comendo em cima do balcão do bar.

E na minha cabeça estávamos no altar da igreja, com fiéis olhando chocados por todos os lados. Dois filhos do capeta que iam direto pro inferno. É. Tudo estava inacreditavelmente bom...

Até que o cara resolve me convidar pra ir pro banheiro da festa. E a minha fantasia começou a desabar.

PUTA QUE PARIU! Banheiro podre de festa em bar? Fala sério! Qual o problema dos homens? Que saco.

Falei que não e já desencantei. Descobri que tinha perdido meu brinco no meio da pegação. PUTA QUE PARIU! O brinco que eu mais gostava! Resolvi começar a procurar.

Quando voltei, sem sucesso e sem brinco, o padre tinha tirado a batina. PUTA QUE PARIU! Era só um cara normal de calça jeans e camiseta branca!

Minha amiga resolveu convidar o padre pra nos acompanhar no lanchinho de fim de night. PUTA QUE PARIU! Eu quero que esse cara vá pra casa! Dele! Sem mim!

Saímos pra rua, pra pegar o carro, com o ex-padre que insistia em continuar me agarrando. PUTA QUE PARIU! Já tava de dia! Eu odeio voltar pra casa de dia!

Paramos no mc donalds e eu quis ficar no carro porque tava cansada, frustrada, de porre passado, chata pra caralho e só queria ir embora. O ex-padre entendeu isso como “vamos transar no estacionamento do mc donalds à luz do dia, dentro do carro?’ e começou a me atacar novamente! PUTA QUE PARIU!

Caro padre falso: eu não vou dar pra você aqui. É de dia. É estacionamento. É carro. Eu tou cansada. Vai lá comer batata com seus amigos, vai...

Finalmente, ele se foi. E eu dormi no carro, feliz.

Depois, minha amiga me perguntou qual foi o problema. Porque eu estava tão feliz com o cara lá na festa...

E eu expliquei: lá na festa, eu estava pegando uma fantasia. No final, quando o porre passou, a fantasia desmontou e a luz do dia deixou tudo mais claro, eu percebi que tinha um cara junto da fantasia. Aliás, a fantasia tinha era sumido. Só sobrou o cara. E, caras, tem em qualquer canto. E eu queria era o padre! PUTA QUE PARIU!

domingo, outubro 08, 2006

Ascensão e Queda de uma Paixonite Aguda - parte I

Está diagnosticado: foi uma paixonite. E paixonite, quando aguda, é grave. Trata-se de inflamação do cérebro e do tecido cardíaco. Causa falta de ar, batimentos cardíacos acelerados, frio na barriga, entre outros. Mas o pior mesmo são os efeitos psicológicos: euforia exacerbada, alternada com estágios de profunda depressão e confusão mental. Muitas vezes, há percepção alterada da realidade, culminando em alucinações que podem ser fatais - para os seus próximos relacionamentos...

Devemos ser honestas. Em primeiro lugar, se você fizer tudo errado, provavelmente sua paixonite vai acabar mal. Se você fizer tudo certo, provavelmente também vai acabar mal. Então aperte a tecla foda-se e entregue-se. Durante a paixonite, tudo vai ficar bem.

Depois de passados os efeitos alucinógenos, é como um porre. No dia seguinte – ou, depois da paixonite – você vai ver que fez um monte de merdas. Não necessariamente relacionadas à paixonite, mas a como vai ser sua vida daqui pra frente – sem a paixonite.

Das merdas que tendemos a fazer, a pior delas é não ficar com os ficantes usuais. Ou com aqueles que aparecem durante a paixonite. Porque você está lá, achando que encontrou seu príncipe encantado... e, não quer ficar com outros caras... aí... quando eles ligam, você corta. Quando eles aparecem na balada querendo ficar com você, você dá um jeito de se esquivar. Muitas vezes, comete o pecado de dar um fora fenomenal... e nem se liga (alterações cerebrais da paixonite. Você vive num mundo paralelo, onde tudo é lindo. Até o toco inacreditável que você deu no sujeito parecia delicado no momento).

E tudo vai muito bem com você, obrigada. Até que a paixonite acaba. Às vezes nem é a sua paixonite que acaba, mas é a do dito cujo, razão do seu afeto. E... quando um não quer...

De repente, seu mundo lindo voltou ao normal. E, devo dizer, o mundo normal não é lindo. É legalzinho e olhe lá!

Passados os momentos de dor-de-cotovelo, tristezinha, fossa, você volta a ser gente e a ter necessidades humanas básicas – como transar, beijar na boca, encher a cara com os amigos, etc. É nesse momento que percebemos um dos efeitos do porre: a ressaca da paixonite.

A dor de cabeça começa quando você liga pro primeiro ficante. E ele te diz que não esqueceu o fora fenomenal que você deu nele naquele dia. E que não quer nada com você.

O problema é que você nem sabe do que ele tá falando... porque, no seu mundo paixonitizado, você não deu nenhum fora fenomenal. Só disse que estava perdidamente apaixonada por outro e que não queria nada com ele. Nem um beijo. Nem conversar. Nem sair. Nem dançar. Nem porra nenhuma. E vai se fud... e sai fora!

É. E olha que esse é o primeiro da lista. Isso com um mês sem transar pós-paixonite.

Quando o negócio aperta, você começa a ligar desesperadamente pra todos os nomes da sua agenda telefônica. Isso porque, quando você estava apaixonada, tinha uns 15 caras querendo te comer desesperadamente. E você, num estado de graça estúpido, disse não a todos eles. Assustadoramente, nenhum deles quer te comer agora.

O que isso prova? Que homem sente de longe o cheiro de mulher que não tem vida sexual ativa há muito tempo. É biológico. Quando você está transando todo dia, os caras percebem. E correm atrás feito loucos. Quando você está beirando o desespero, eles também percebem. E não te querem nem pagando. Mesmo você estando linda maravilhosa, etc, etc, etc...

O que fazer neste momento? Pagar suas dívidas para com a sociedade, é claro! Tirar a zica! Desfazer a macumba! Ou... renovar o cheirinho de mulher que transa!

É hora de fazer um feio feliz. Ou um bonito, sei lá. Depende do que aparecer. O importante é ter em mente que... nessa hora, não dá pra escolher!

Então minha filha: mãos à obra! Saia para a balada, linda, maravilhosa, cheirosa e... fatal! E agarre o primeiro troço estranho que aparecer! Leve ele pra casa e faça ele muito, mas muito feliz mesmo (isso com certeza acontecerá, principalmente depois de 2 meses sem sexo. Você não vai precisar nem se esforçar, vai ser natural). E se faça feliz também!

No dia seguinte, não se assuste. Apenas olhe pro outro lado e diga a ele que o seu ônibus deve passar daqui a cinco minutos. Ele vai embora feliz e a sua dívida por estar alucinada e partir o coração de vários caras durante o fatídico período estará paga. Pode ter certeza que sua vida voltará ao normal, como era... antes da paixonite. E, o mais importante: você irá parar de subir pelas paredes e eliminar os calos dos dedos...

Que lição tiramos disso? NÃO PODE DESPACHAR OS CARAS QUE APARECEM DURANTE A PAIXONITE! Simplesmente, não pode. Dê um jeito: invente uma desculpa. Mande flores. Dê uns beijinhos sem-vergonha... mas, acima de tudo, mantenha-os por perto, sempre. Sabe-se lá quando você vai precisar deles... carência é foda. Mas falta de foda é pior ainda.

domingo, outubro 01, 2006


Naquele momento

Tanta paixão em mim

E estava tão imensa

Que estava com medo,



De te oferecer

De me oferecer

E de que você não aceitasse

Ou aproveitasse

Sem me entender


Sem que me aceitasse

Em conjunto com a paixão

Levasse meu corpo embora

E não a minha ação


Meu salto para o alto

Meu pulo do gato

E um resto de coisas que não sei o que são

E estavam escritas.


O desfecho

Eu me ofereci e você aceitou,

Eu acho que você não me entendeu.

Como eu já imaginava.


Meus saltos para o alto...

Você levou meu corpo

Me deixou sem ação


Meu pulo do gato...

Era importante você saber que não era o único.

Mas que era o escolhido.


Este era o resto de coisas que eu não sabia o que eram

Mas que estavam escritas

Que pena que você não pôde ler...

Houve um momento...

Eu estava num bar, ontem. E, fazia tanto tempo, que nem me lembrava mais dele. Só em momentos de extrema nostalgia.

Mas nossos olhares se cruzaram.

Depois de tanto tempo, nossos caminhos se cruzarem assim, de novo...

Sabe um amor esquecido? Eu tinha esquecido dele!!

Ele sorriu pra mim. Eu fiz que não o reconheci, desembacei os olhos.

Quando ele veio, eu fingi que o reconheci.

O que ele tinha se tornado? Nossa. Fazia tanto tempo...

Os dois olhos verdes estavam ainda maiores e mais brilhantes, me fitando, reconhecendo aquele antigo território seu – meu corpo.

O cabelo dele não ia mais até a cintura, mas ainda cobria seus ombros.

E em dez minutos de conversa, percebi que ele havia se tornado mais um cara dos meus sonhos... (eu digo que eles estão por todas as esquinas!)

Ele desenhava casas (talento para desenho desde os nossos tempos no colégio). Um arquiteto. Que falava de blues enquanto pedia mais um uísque. E, ao mesmo tempo, não parava de lembrar da época vaga (fazia dez anos!) em que estivemos juntos, num mundo meio paralelo.

E, quando ele falava, parecia esboçar um gesto de felicidade.

Pensar que tanto tempo passou... E aquele frio na barriga que sentia quando o via entrando na sala de aula estava alojado em mim ainda. A cada palavra.

Ele me contou das suas viagens pelo mundo. De ter largado tudo por um tempo, pra conhecer outras coisas. E eu babava, cada vez mais, percorrendo com a narrativa os seus desvios.

Até que meu estômago deu um nó. E eu lembrei de coisas ruins. Lembrei do desfecho. Da mágoa. De porque eu o havia esquecido.

Acho que ele também lembrou, porque houve um silêncio.

Mas ele tinha que subir no palco, era sua vez de cantar.

Salvos pelas obrigações dele. Assim não precisamos falar sobre o que aconteceu.

Ele pediu que eu o esperasse. E foi assim.

Quando ele voltou, o clima ruim tinha se desfeito. Só de olhá-lo cantando...

E ele ainda resolveu cantar a nossa música! E dedicar ela pra mim, na frente de todos: “essa é para uma pessoa muito especial, que eu não via há dez anos. Mas que nunca saiu da minha cabeça”.

Eu quase morri nessa hora... (mulher afetada por músicos rockeiros que presenteiam com músicas)

No final da noite, eu ainda não sentia cansaço. Foi muito tempo suspenso até eu encontrar de novo aquele beijo.

Nós não conseguimos mais conversar direito. Era tanto fogo, tanto tesão acumulado... tanta, mas tanta, saudade...

A gente não sabia se ficava só se olhando, se transava, ou se parava tudo pra tentar conversar e entender o que estava acontecendo...

Então decidimos seguir nossos instintos. E eles nos guiaram pelo corpo um do outro, no mesmo quarto da casa dele onde nos encontrávamos há dez anos.

Mas ontem... foi muito melhor do que antes... (o que dez anos de prática não fazem com as pessoas!)

Ele me deixou em casa agora.

E eu, meio que flutuando, fico lembrando de todos os detalhes, sem ter certeza de que isso realmente tenha acontecido (será que foi outro sonho?) ...

sábado, setembro 30, 2006

Tempo é dinheiro

Estava conversando com uma amiga aqui de Sampa. Numa sexta à noite, via msn. (não sei se vocês percebem o absurdo da situação. Sexta à noite – em casa. Em Sampa. Quando eu digo que o mundo está acabando, ninguém acredita...)

Essa minha amiga estava me explicando como tudo na vida dela estava programado para, daqui a dez anos, numa sexta à noite, ela ter bastante dinheiro, uma casa legal, um carro legal e a possibilidade de escolher – numa sexta à noite – o lugar aonde ela gostaria de estar. Tipo, qualquer bar, qualquer restaurante, qualquer danceteria, whatever.

E ela estava me contando os detalhes da sua programação, o quanto ela teria que guardar de dinheiro por mês, quantas horas-extras teria que fazer... enfim, me explicando porque ela não podia sair comigo naquela sexta – tinha que trabalhar no sábado de manhã (hora-extra n° 429).

Eu não conseguia entender a lógica da cabeça da minha amiga. Por isso tentei me imaginar na situação dela, programando minha vida pra daqui a dez anos.

Fiquei pensando que, daqui a dez anos, talvez eu nem queira sair pra qualquer lugar numa sexta à noite. Talvez eu queira ficar em casa lendo um livro, ou vendo um filme. Talvez eu esteja casada com dois filhos e simplesmente não possa fazer isso. Talvez o Alckimin ganhe a eleição pra presidente e confisque a minha poupança, daqui a dez anos, me deixando sem escolhas pra uma sexta à noite, como o Collor fez.

Talvez... talvez eu nem esteja viva...

Sei que Sampa tem outro ritmo e eu estava desacostumada. Provavelmente o contato com o mar e com o mato tenha me feito ver outras coisas boas para passar o tempo além de programar o meu futuro – como, por exemplo, viver o presente.

Mas preciso protestar o fato de eu ter que marcar hora pra fofocar com as minhas amigas que moram do lado da minha casa! Isso pra mim é absurdo! Pra quem não almoçava sozinha há uns dois anos (sempre tinha algum amigo por perto), isso é no mínimo esquisito. No máximo, uma falta de vergonha ou de percepção e mau-uso do tempo...

Pois é. Na maior metrópole da Brasil, eu nunca me senti tão sozinha.

Tem todo tipo de coisas pra se fazer nessa cidade numa sexta à noite – desde suruba até baile sertanejo. Mas ninguém sai!

Lembro de uma galera reunida lá em Floripa, caçando um lugarzinho massa pra sair à noite e terminando a noite no primeiro boteco que aparecia, porque lá, às vezes, não tinha opção... mas, mesmo assim, ninguém ficava em casa!

Aqui as pessoas não se encontram mais. Quando se encontram, falam com a gente ao mesmo tempo em que atendem telefone e vêem televisão. Porque não há tempo. Se se desperdiça o pouco que há... como será o futuro?

Mas que porra de futuro é esse?

O fato é que a minha amiga (e vários outros paulistanos) não conseguem ver que podem escolher, nesta sexta, aonde querem estar. E, ao invés de irem pra esse lugar, ficam sonhando em ir daqui a dez anos, quando, talvez, haja condições normais de temperatura e pressão (CNTP) pra realizar esse grande sonho.

O grande problema é que as pessoas estão neuróticas demais, cansadas demais, ocupadas demais, assustadas demais, casadas demais, analisadas demais, engarrafadas demais, televisonadas demais pra perceber essas coisinhas bobas...

Bom, fazer o que? Vou pra balada sozinha.

sexta-feira, setembro 29, 2006

Crônicas da dor e da caça - 03

O caminho, a carona, a conversa. O que eu quero provar?

- Hoje eu vou pegar!

- De novo mulher? Você não cansa?

- Nunca! Só canso dois dias depois, trancados num quarto. E, ultimamente, ninguém me cansou assim.

Risadas estrondosas. Eu me sinto a femme fatalle. Mas não sou, nada disso. É um teatro, pra disfarçar que o mundo inteiro dói dentro de mim. Não posso demonstrar medo diante do inimigo – que eu não sei quem é, ou que é, ainda.

Penso num amor. E tento afastar essa imagem de mim. Ela me entristece, como se eu já não tivesse me desmanchado em lágrimas por momentos suficientes pra qualquer novela, pra todas as novelas juntas.

Outros pensamentos, pra substituir:

- Peguei três caras no fim de semana.

- Mas você não tá namorando?

- Ah, mas não é bem assim. Na verdade, ele está me namorando, mas eu não estou namorando com ele.

- Você não presta nem um pouco (risada).

- Eu já falei que esse namoro foi um mal-entendido e que, assim que puder, eu vou terminar com ele.

- Ah meu, não vai magoar o cara, hein?

E eu? Não estou magoada, demolida, reduzida à pó, agora? Por que eu tenho que me importar tanto com os outros? A minha dor parece bobagem pra todo mundo... “ih, ela ainda não saiu dessa”. “pára de pensar nesse cara”. “você ainda não superou? Começa um capítulo novo”. É o que estou fazendo. Mas ele continua aparecendo, capítulo sim, capítulo não.

Chegamos. A fila na porta do bar está enorme. A noite promete.

Por que eu caço?

domingo, setembro 24, 2006

INTUIÇÃO

Que maravilhoso mistério reside nesse sentimento ou percepção subjetiva, que é a intuição!
Quero falar um pouco sobre isso hoje, porque acho que as mulheres tem um diferencial sobre os demais seres humanos.
Pena que não saibamos que a temos, ou mesmo, como nos aprofundar e nos aproveitar mais dela.
Acredito que a fala sobre a existência da intuição nos tem sido negada há séculos, por essa sociedade machista, inclusive pelas próprias mulheres que estão também imersas nesse tipo de pensamento patriarcal.
O resultado é um enfraquecimento do ser e decisões ingênuas tomadas por outros e não por nós mesmas, que de alguma forma já sabemos a resposta. A partir dessa ingenuidade, tudo se desmonta. Perdemos a identidade, a força, a sabedoria e até a vontade de viver, pois nos falta algo.
Isso pode continuar ocorrendo a vida toda, mas esse ciclo pode se romper. É o momento em que percebemos a força que temos e que sempre nos negaram.
Passamos a saber todas as respostas?
Não, mas podemos acertar mais, nos conhecendo melhor e aos outros.
E podemos considerar que quando percebemos a intuição e passamos a usá-la, algo se modifica em nós. Algo é resgatado.
E isso passa a ser incorporado nas mais diversas atividades do nosso cotidiano: trabalho, amor, amigos, finanças, sexo.

Devo investir nesse relacionamento?
Por onde devo caminhar?
É uma pessoa em quem posso confiar?
Espero ou ando?

Respire e pense, resgate sua intuição e mesmo que você tome a decisão errada, você saberá!

domingo, setembro 17, 2006

Emprego II


Fiz alguns concursos. Passei em dois. Não quero nenhum deles. Fiz uma prova e fui chamada para uma dinâmica de grupos pra selecionar trainees para uma empresa. Ok. Eu vou. Amanhã? Em São Paulo? Está bem.

Corri para a rodoviária, comprei passagem e embarquei pra Sampa. Cheguei lá no dia seguinte, morrendo de sono, com a cara amassada de quem dormiu muito mal no ônibus. Fui para a casa da mamãe...

A mamãe achou que eu não tinha nem roupa nem unha nem cabelos decentes o suficiente para participar daquele negócio. Corremos então pro shopping pra comprar uma roupa decente. Compramos. Corremos então pro salão de beleza pra comprarmos unhas e cabelos decentes. Compramos. Corremos então para a dinâmica, para ver se eu ganhava um emprego decente...

Coisas que as pessoas deveriam saber antes de ir a uma dinâmica de grupos: em primeiro lugar, o que é uma dinâmica de grupos.

É uma reuniãozinha de cinco horas, com pessoas que nunca se viram (mas já se odeiam a princípio, pois estão disputando a mesma vaga), onde uma psicóloga manda você fazer apresentações sobre si mesmo e sobre assuntos sobre os quais você não entende (como, por exemplo, pedir que você monte uma empresa em meia hora, definindo desde o quadro de funcionários até o retorno de lucros para os próximos três anos. Eu sou uma bióloga! Só sei montar empresas de consultoria ambiental! E não sei se elas vão dar certo!) junto com as pessoas que você não conhece e que só querem ver a sua morte. Além de tudo, a maldita psicóloga fica anotando coisas sobre você e seus colegas de grupo. E você nunca vai saber que coisas são essas... ela pode estar escrevendo o cardápio da janta, fazendo comentários sobre o seu cabelo (já que a cabeleireira da mamãe arrumou-os como se você fosse a um casamento ou a um concurso de “cabelo mais exótico”), ou um recado para o amante encontra-la no motel às 21:40.

Outra coisa para saber: existe um “uniforme” para entrevistas de emprego. Calça preta reta, camisa branca e sapato fechado não muito alto. Diferente de saia branca esvoaçante, blusa preta bonita e sandália preta de salto plataforma, que é como eu fui vestida. Além disso, batom discreto e cabelo normal. Diferentemente de maquiagem e cabelo de festa. Eu nunca vou conseguir aquele emprego...

Importante: as pessoas que estarão lá são loucas. Elas já passaram por 2000 dinâmicas como aquela o que deve deixar qualquer um fora de seu estado normal (acho que a minha tese de mestrado vai ser em psicologia: “como criar sociopatas em 22 dinâmicas de grupo para empregos”). E odeiam seus concorrentes. E farão de tudo para aparecer. Nada do que eles fizerem vai ser para o seu bem. Eles não vão te deixar falar. Se eles deixarem, isso só vai demonstrar que eles mandam, você obedece. Eles vão falar muito e alto, para tentar levar a conversa e parecer, ao máximo, líderes, confiantes e criativos. Isso porque, na verdade, eles são bobos, inseguros e travados. Tudo isso faz parte do teatro. E eu digo isso pra que vocês não se sintam uns merdas, como eu cheguei a me sentir na hora, pois só consegui sacar tudo isso depois de todo esse estresse. Na verdade, todos que estão lá são uns merdas, tão inseguros e ansiosos quanto você. O bom é que você saiba disso antes de ir pra lá.

No fim de tudo, a psicóloga ainda teve a coragem de aplicar uma prova de lógica e inglês, como se, depois de toda essa pressão, você ainda se lembrasse do significado de “the book is on the table” ou como se calcula juros... acho que seria melhor se eles substituíssem os próximos trainees por programas de computador que calculassem juros, em inglês e soubessem como gerir uma empresa... quero ver se daria certo.

sábado, setembro 16, 2006

Eu te amo

Você me pede pra deixar minha paixão ir embora. Mas como posso deixá-la, se eu sou a minha paixão? Se tudo que eu respiro é essa paixão? Se ela traz conforto, carinho e amor por mim mesma? Se está por todo meu corpo e fora dele, em você?

Como as pessoas choram suas dores, eu vou chorar as minhas. Vou chorar no que eu escrevo, no que como, no que leio. Vou chorar ouvindo todas as músicas que me acenderem a paixão, que façam parte dela. Vou chorar por mim e por você.

É dessa ponte entre nós que eu sinto mais a falta. É da hora em que as nossas paixões se misturavam numa só, tão infinita que caberia apenas numa gota de chuva.

Você quer ficar livre. Mas não sabe que já está. Eu nunca te prendi.

Meu amor está aqui, comigo, me lembrando de você enquanto eu escrevo. E eu também queria estar livre dele agora. Mas eu não posso. Porque ele é o que me motiva. É por ele que estou viva. Não por você.

Você é apenas o meu objeto de amor. Porque vejo meu amor refletido no seu rosto. Porque no seu rosto ele se torna mais belo ainda. E eu não me canso de olhar...

Respondendo o texto e comentários do "Papo de Mulheres"

Bom, lendo o último texto da Leila Diniz e os comentários, me revoltei: eu tenho um protesto pra fazer! EU TAMBÉM FALO DE MULHER! E JÁ ESCREVI SOBRE MULHER NO BLOG VÁRIAS VEZES! Hahahah! Ok, meu protesto não é só esse...

Eu acho que o nosso problema maior não é só falar de homens... o que a gente nunca pára de falar é de amores, paixonites, sexo, relacionamentos, essas coisas bobinhas de novelas. Aliás, acho que o nosso problema é esse: cultura feminina novelística. Mesmo que a gente não assista, mulher adora falar do que falam as novelas: relacionamentos humanos. Por mais idiotas, babacas e chatos que sejam.

E muita gente está reclamando ultimamente porque, no nosso blog, homens têm sido o tema central. Mas também... bom, eu não sei se vocês perceberam, mas o tema do blog é esse, porra! O título do blog é esse! Nós vamos falar do que aqui? Mercado financeiro? Que saco. É uma porra de um blog pra se discutir o universo feminino e suas diversas relações com a sociedade (principalmente com os bobos – que dão nome ao título). Não vejo porque reclamar tanto de se escrever e se falar sobre homens.

Aliás, ainda acho que estamos avaliando por poucas conversas e textos: eu já escrevi textos sobre menstruação, sobre maternidade, sobre bebedeiras, sobre mulheres, sobre amizade. Algumas colegas já escreveram vários textos sobre maturidade, sobre mudanças, sobre nossos desejos para com o mundo.

E, quando sento num boteco pra tomar uma e relaxar, eu falo de homens. Mas também de cinema, estudos (quem não lembra dos papos acirrados sobre epistemologia, educação e o futuro do mundo?), música, política, nossas angústias enquanto professoras, mães, pesquisadoras, seres humanos enfim.

Eu não acho que nossas vidas giram em torno dos machos. Mas acho que eles fazem parte delas. E, por isso, fazem parte, também, do universo feminino que todas vêm contribuindo pra retratar e discutir aqui.

Eu esperava mesmo que o blog fosse um espaço pra isso: colocar pra fora nossos medos, nossas vontades, nossas ansiedades e desejos. E, a melhor parte, é que, alguns desses inspiram textos e outros não. Assim, temos as diferentes épocas de cada autora registradas, como um diário – refletindo o que mais afetava e inspirava os pensamentos de cada uma em um determinado momento.

Às vezes, quando eu releio o blog todo – e eu releio mesmo – o que eu vejo lá não são reclamações sobre homens, ou, o nosso mundo girando ao redor deles... eu vejo um pouco da história de cada mulher, de cada amiga que faz parte da minha vida. E eu acho show de bola.Assim também acontece com os nossos papos de botecos. A diferença é que, desses, a gente lembra pouca coisa no dia seguinte... huahuahuahuhau

sexta-feira, setembro 15, 2006

Papo de mulheres!

Por mais que a gente tenha mil outras coisas pra ocupar nossas cabeças, sempre acabamos falando de homem. Falando mal ou falando bem não importa o que importa é que essa palavra, esses caras, sempre estão povoando nossos papos, nossas vidas. Estive pensando sobre isso e cheguei à conclusão de que isso é mesmo coisa de mulher. Não gosto dessas coisas de ficar rotulando o que é típico de mulheres ou de homens, mas todas as evidências que eu tenho me levam a acreditar nisso! Vocês já pararam pra pensar no que os homens falam em mesas de bar? Como assídua freqüentadora de bares já prestei atenção em alguns papos masculinos de mesas vizinhas e o que ouço freqüentemente são conversas sobre trabalho, futebol, política, filmes...Quando falam sobre mulheres é para dizer que a fulana (pode ser uma mulher que acaba de passar, uma colega de trabalho, aluna, filha de um amigo) é a maior gostosa ou então, no caso dos casados, fazer reclamações sobre a mulher (que depois de assinar papeizinhos e colocar aliança no dedo esquerdo virou uma mala sem alça, insuportável mesmo). Nesse último caso o assunto provoca a solidariedade dos companheiros de cerveja que ouvem atenciosamente todas as reclamações, mas obviamente não dão conselho nenhum porque ninguém deve se meter na vida do casal e pedem mais uma cerveja. Na verdade acho que é porque eles estão pouco se fodendo pra vida do otário que resolveu casar com uma mala e continuar nessa condição. Nós nos entregamos completamente, intensamente, loucamente e até estupidamente, por mais inteligentes e independentes que sejamos. Vamos para o bar com as amigas e falamos sobre homens (problemáticos ou só um pouco), pedimos mais uma, continuamos falando deles (todos interessantíssimos e inteligentes), pedimos outra e continuamos no mesmo papo (depois de algumas cervejas já estamos falando dos detalhes não publicáveis, nem sempre tão detalhes assim hehehe), pedimos a saideira , a conta e estamos todas dividindo angústias, conselhos, teorias sobre homens! Concordo com a Medusa quando diz que os homens são egoístas. Ao contrário do que acontece com as mulheres, por mais apaixonados que os caras estejam, o mundo deles não gira ao nosso redor! Perceber isso às vezes dói. Mas será que não são eles que estão certos?

sexta-feira, setembro 08, 2006

Mas que merda acontece com a gente

Quando nos interessamos por alguém? Que tipo de transformação insana ocorre nos nossos neurônios que nos faz agir feito malucas e se apresentar como um novo ser?
É sério! Essa dúvida está me afligindo ultimamente... fiquei me perguntando isso depois de conhecer um cara outra noite. Reparei que eu estava agindo de forma diferente. Que falava de um jeito diferente. Sobre coisas que não falo normalmente com meus amigos. Reparei que estava excessivamente preocupada com o meu cabelo. Com a minha roupa. Reparei que a minha profissão, de repente, ficou muito mais importante para o futuro do mundo do que eu realmente paro pra pensar...
Por que a gente faz isso?
Por que, quando estamos a fim de alguém, não nos apresentamos exatamente como quando estamos a fim de sermos amigos de alguém? Por que tanto cuidado?
Quando conhecemos alguém e queremos ser amigos desse alguém... é de um outro jeito. Queremos nos mostrar – como somos. Com defeitos, com problemas, com carências e todo tipo de imperfeição. Nossas imperfeições são importantes!
Não temos tanto medo de perder um amigo por dizer o que pensamos, o que sentimos. Não ligamos se nossos amigos nos vêem no nosso pior dia – de calça de moletom, cabelo esgruvinhado, mau-humor, com meia e chinelo havaiana.
Nós arrotamos na frente dos nossos amigos. Se estamos com dor de barriga, simplesmente levantamos e dizemos: “vou cagar”. E nossos amigos dizem “ok, tente não interditar o banheiro de novo”. Nós podemos e queremos ser a gente mesmo!
E, se nosso aspirante a amigo não gostar, a gente procura alguém que goste. Então temos vários amigos que curtem a gente assim mesmo: baladeiras, taradas, bêbadas, rockeiras, fumantes, sem noção, grossas, intensas, choronas, wathever!
A gente não liga de dizer pros nossos amigos que não está a fim de sair porque tem bilhões de coisas pra fazer, pra pensar, ou, porque simplesmente não está com saco, ou está cansada.
Já quando se trata de pessoas que a gente quer foder... bem, daí a coisa muda totalmente.
A gente está sempre disponível. Não interessa o quanto seja importante o relatório que você tem que entregar amanhã – a gente dá um jeito de ver o cara.
A gente não peida. Podemos nos contorcer de cólica, mas a gente não levanta e vai cagar!
A gente nunca vai aparecer toda feia. Mesmo doente, de ressaca, acabando de acordar, a gente corre pro banheiro e passa por mini-transformação: de monstro a princesa em 5 minutos.
A gente não fala tudo que quer. Muitas vezes, nem de coisas que o cara faz que nos magoam... às vezes, muito.
A gente ouve algumas coisas sobre o nosso jeito de ser, ou sobre o jeito de ser de outras pessoas, que o cara diz que não curte e corre pra tentar não fazer. Aí a gente pára de fumar, de beber, de sair, de estralar os dedos, de limpar a boca de um certo jeito... e, sabe o quê? Por mais que a gente tente não mudar, que a gente saiba que isso não é jeito de viver, a gente continua fazendo – e nem percebe.
Depois que o rolo termina... a gente percebe tudo o que fez pra preservar esse rolo e se amaldiçoa por “ter se empenhado tanto por aquele desgraçado que não me merecia!”.
Mas a pergunta fica: se o cara é só mais um amigo com o qual a gente transa... por quê tudo isso?
Na real... a gente acaba se mostrando como é. Mas demora muito mais tempo. Com amigos é pá-pum! Não gostou? Foda-se! Você é meu amigo, ou não? E me pergunto se não devíamos tomar muito mais cuidado com os nossos amigos, que nos agüentam de todas as formas, do que com um esquema, que, a qualquer sinal de perigo, arruma suas coisas e sai fora...

domingo, setembro 03, 2006

"Quando me amei de verdade"

'Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato. E, então, pude relaxar. Hoje sei que isso tem nome... auto-estima.Quando me amei de verdade, pude perceber que a minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra as minhas verdades.Hoje sei que isso é... autenticidade.Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.Hoje chamo isso de... amadurecimento.Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar algumasituação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.Hoje sei que o nome disso é... respeito.Quando me amei de verdade, comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável... pessoas, tarefas, crenças, tudo e qualquer coisa que me deixasse para baixo. De início, minha razão chamou essa atitude de egoísmo.Hoje sei que se chama... amor-próprio.Quando me amei de verdade, deixei de temer meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro. Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.Hoje sei que isso é... simplicidade.Quando me amei de verdade, desisti de querer ter sempre razão e, com isso, errei muito menos vezes. Hoje descobri a... humildade.Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar muito com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é... plenitude.Quando me amei de verdade, percebi que a minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando eu a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.Tudo isso é.... saber viver!A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.'

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

terça-feira, agosto 29, 2006

Me libera!


Me libera, retira essas correntes.
Não me ligue, não fale mais comigo.
Deixa minha esperança se afundar na falta do seu contato.
Não fale comigo e não me ouça!
Não seja compreensivo.
Não converse comigo sobre como está a sua vida.
Como se fôssemos bons amigos...
Não me conte,
exatamente porque eu quero saber...
Quero alimentar essa faísca que sobrou em mim.
Dar meu sangue de beber ao vampiro - até não restar mais nada.
Viver minha fantasia e sonhar que você ainda me deseja.
Não deixa!
Me ilumine com o seu silêncio.
Me prestigie com o seu descaso
Assim eu sinto mais dor...
Não me diga que você sente minha falta, quando não sente.
Não me conte como você está feliz.
Me abandone...
Eu mereço esse respeito!
Não ouça mais as nossas músicas, porque eu vou saber.
E, se ouví-las, que seja com outras mulheres...
Não as relacione mais a mim.
Porque isso vai machucar mais...
E eu preciso de cada alfinetada!
Quero mesmo o seu desprezo.
Não a sua compaixão. Nem o seu carinho. Nem as suas ilusões.
Preciso da sua completa ausência.
Você consegue? Me deixar em paz?
Seguir meu caminho?
Me libera!
Que eu me liberto...

domingo, agosto 27, 2006

FISSURAS

Expectativas são indícios que nos revelam coisas das quais precisamos atentar, prestar atenção e exercer nosso poder de intuir. Elas podem se concretizar ou não e, esta diferença, está naquilo que queremos e aquilo que conseguimos. É estranho notar como o tempo faz estas expectativas mudarem. Coisas que achávamos improváveis acabam se tornando norma, regra, cotidiano e nossa forma de olhar modifica. Eu não sei como isso começa. Acho que são fissuras, trincas, brechas, fendas, frestas. Elas começam pequeninas, tênues pensamentos que nas primeiras vezes que nos ocorrem, temos resistência, preferimos negá-los, rejeitá-los porque são pensamentos dolorosos, que não coincidem com aquilo que mais prezamos naquele momento. Mas eles voltam e voltam e se avolumam... as fissuras vão se abrindo mais e mais. Como pequeninos raios de luz vão invandindo aquele nosso olhar que está turvado ou mesmo cego por nosso estado de espírito inquieto ou encantado, depende. Aí chega o momento de decidir e avançar deste estado. Enquanto isso não chega, pois precisamos deste tempo para esse repensar, o que fazer? Esperar? Ainda daria tempo de fechar as fissuras, para perceber que nossas expectativas não estariam tão diferentes do que objetivamos? Ou as fissuras seriam tão grandes que não haveria tempo ou espaço que pudesse recuperá-las? Gostaria de ainda acreditar na recuperação. Talvez seja porque ainda meu olhar é muito turvo, encantado.

terça-feira, agosto 22, 2006

O cara dos meus sonhos...



O cara dos meus sonhos já apareceu duas vezes. Ele era tudo mesmo que eu buscava. Era tudo que eu desejava, que imaginava existir em alguém.
E foram mesmo maravilhosos os momentos que passei com eles. Tão maravilhosos que não ter mais esses momentos é muito dolorido.
E eu perdi esse cara dos meus sonhos duas vezes. Tentei, de todas as formas, fazer esse cara voltar – mas ele não voltava. E doía mais ainda, porque o que parecia é que o cara dos meus sonhos simplesmente não queria ficar comigo.
E aí... depois de passar por um amor tão maravilhoso, como voltar à vidinha normal? Voltar às baladas, beijar bocas que não fazem sentido, conversar com pessoas que, simplesmente, não são ele?
Como sair de um mundo de sonhos, que surge arrebatando todas as nossas bases, nos fazendo flutuar no vazio de um abraço longo e delicioso – perfeito – e tocar, novamente, os pés no chão?
Depois de ter encontrado o cara dos meus sonhos... fica difícil querer qualquer outra coisa.
E, muitas vezes, o que dá vontade mesmo é de pirar, largar tudo, sair correndo atrás desse cara, não interessa onde, nem como, nem porquê.
O problema maior é que não perdi o cara dos meus sonhos porque ele foi embora. Ou porque ele não me quer mais por perto. Ou porque deixei de gostar dele ou ele de mim. Perdi o cara dos meus sonhos muito antes de qualquer uma dessas coisas porque, de repente, ele se tornou real...
E, ao se tornar real... ele se tornou... outra coisa...
Todos aqueles encantos iniciais cessaram de existir: o brilho dos seus olhos pra mim não era mais o mesmo. Suas vontades constantes de me encontrar a cada segundo também não – afinal, eu já estava lá, a mulher dos sonhos dele... não era mais necessário tanta pressa...
Nossos beijos demoravam mais para acontecer. E, quando aconteciam, não era como se fosse o último (como foi o nosso primeiro beijo, nosso segundo, nosso terceiro...). Era como se minha boca sempre fosse estar ali...
Não nos encontrávamos mais para andar, fugidios, pelas ruas à noite. Sem caminhos definidos, a não ser os braços um do outro. Não nos encontrávamos mais para ficar sentados num banco de parque, nos olhando, admirando, com a intenção única de partilhar aquele momento um com o outro.
O sorriso dele pra mim não era mais sincero e desesperado - como se fosse a última coisa que eu devesse lembrar. Nem o seu abraço – claro, a mulher dos seus sonhos estava ali, real. E entregue.
Nesse momento, eles revelaram um outro “eu”: um eu preguiçoso em relação a mim. Um eu que não precisava mais se esforçar, me conquistar, me abalar, me surpreender – porque eu já estava encantada com o “eu” de antes...
E eu também revelei um outro “eu”: insatisfeito, confuso, que perguntava, a cada segundo, “o que aconteceu”? "Onde está o cara dos meus sonhos"?
E eu procurava e procurava nesse cara, aquele primeiro. E não achava. E ficava mais triste e mais confusa ainda...
Até que esses caras dos meus sonhos foram embora totalmente. Deixando ali, no lugar, uma outra pessoa, que eu não conhecia e não queria! Mas que era a cara do cara dos meus sonhos! Parecia tanto, mais tanto, que eu, ingênua, insisti, várias vezes.
E passei tempos revirando aquele cara estranho, exigindo o meu cara dos sonhos de volta. O problema é que eles não voltam. Eu não sei o que acontece com eles. Se são sugados para uma outra dimensão, se viram nuvens, ou arco-íris...
Só sei, hoje, que eu olho nos olhos do corpo em que vivia o cara dos meus sonhos e não mais o reconheço – apesar de tantas semelhanças que, às vezes, me dão a ilusão de que se eu tentar de novo... mas eu cansei de tentar. Eu olho naqueles olhos vazios do meu amor e sinto falta dele!
Saudade daqueles momentos mágicos que passamos pulando ondas enormes, sem tocar os pés no chão, numa praia perdida do Sul. Nossas mãos dadas e o sol tocando nossos rostos.
Saudade de olhar para estrelas enquanto ele me explicava coisas que eu só ouvia para sentir sua voz tocando a minha mente.
Saudade, não dessas pessoas agora (por elas, eu guardo um carinho. Porque naqueles corpos, antes, habitava todo o meu amor). Saudade daquelas pessoas de antes, que se perderam nas diferentes histórias que se conta da realidade... e tomaram, novamente, o rumo dos meus sonhos...

quinta-feira, agosto 10, 2006

EUZONA...

Se vocês já leram esse blog, sabem que uma amiga minha sofre de dupla personalidade. Minha cara Medusa se divide em Eu e Euzinha. Eu é uma Medusa normal: bola pra frente, trabalhadora, decidida, auto-estima elevada. Euzinha é uma Medusa ameba que quer casar. E, pra realizar esse sonho, Medusa Euzinha faz uma porção de bobagens.
O que eu, Scarlett, ainda não revelei no blog, é que também tenho essa dupla personalidade: em Scarlett, ao contrário de Medusa, convivem duas. A segunda porém, não é bobinha... elas me lembram o médico e o monstro.
Agora sou eu quem falo, porque, normalmente, Euzona só apareço à noite... e, às vezes, durante o dia, pra escrever textos no blog...
Eu sou uma pessoa pacata. Que adoro ajudar os outros. Sem preconceitos. Acho que a vida foi feita para se conduzir, racionalmente, aos nossos objetivos e ideais.
Mas basta o cheiro de vodka. O cheiro de noite. O cheiro de sexo. E Euzona acordo. Com fome. Euzona quero engolir o mundo inteiro. Quero dormir com o mundo inteiro. Quero balançar o mundo inteiro.
Eu gosto de música. Eu sou tímida. Eu me escondo...
Atrás de Euzona, que falo alto até me ouvirem. Berro até acreditarem. Grito até Eu acreditar.
Euzona uso couro. Uso bota. E piso nos pés alheios, assim: sem dó.
Euzona faço qualquer coisa pra me livrar. Euzona faço qualquer coisa pra me gostarem, pra me colocarem no centro das atenções.
Euzona machuco e gosto. Euzona mordo e não canso.
Quando Eu estou magoada, não sei reagir. Se alguém me atinge, não sei o que fazer. Não sei me defender, nunca soube.
Eu choro. Sou capaz de receber um tapa na cara e não fazer nada. Mas aí, com o tapa... venho Euzona.
Euzona me vingo, a qualquer preço. Euzona não vejo ninguém à frente, só obstáculos a serem contornados, derrubados, pisoteados. Euzona não tenho meias-palavras: euzona tenho frases inteiras, catalogadas, prontas pra serem atiradas, calibre 38.
Eu adoro prazer, sentir prazer. Mas tudo tem limites. Pra Euzona, não tem...
Euzona não distinguo sexo, idade, parentesco, nem situação. Euzona quero foder. Com todos, com tudo. Euzona só me preocupo com o ritmo...
Euzona não sinto dor. Euzona não me incomodo com o que os outros pensam. Euzona sou gato escaldado. Euzona vivo bem só. Euzona só quero beber, fumar e me divertir. E nunca, nunca, me sentir por baixo.
O problema é que uma hora, Euzona vou embora, dormir com o amanhecer do dia...
E eu caio do salto alto, cheia de nóias, problemas e culpas. Dolorida, tentando consertar os estragos.
E vejo como essa porção tão pequenina de mim - Euzona - boto fogo no meu circo: xingo, machuco, traio, e, no final, me fodo.
Nessa brincadeira, quem não me conhece se afasta, com medo, com raiva - com razão.
Euzona sou minha defesa, mas, também, o meu auto-ataque. Porque Euzona não me preocupo com o que os outros acham. Mas eu me preocupo. E sinto muito.
O meu grande problema é que Euzona mordo a língua... e Eu morro envenenada...

quarta-feira, agosto 09, 2006

lealdade masculina X lealdade feminina

A(o) melhor amiga(o) dorme com o(a) namorado(a) . A reação:

Dos homens: Sua piranha! Dormiu com o meu melhor amigo!!

Das mulheres: Sua piranha! Dormiu o meu namorado!!

Não sei quem é mais besta.
Não há culpados, nem vítimas.
Todos agiram como uns merdas.
Inclusive o(a) corno(a), que deu brecha ou motivo pra isso acontecer...
O curioso é que, em qualquer caso, as minas sempre se dão mal...
Eu digo que os três deveriam tomar uma cerveja e fazer uma suruba...

domingo, agosto 06, 2006

Para minhas companheiras de Ilha

Passei essas últimas semanas na Ilha meio que me despedindo. Me despedindo pouco, é verdade. Estava meio ausente mesmo, como muitas de vocês reclamaram, enlouquecida por uma paixão pelas incertezas (vocês sabem do que estou falando...).

Mas vocês sabem que eu fico assim mesmo: respiro as paixões como se fossem oxigênio, necessário ao próximo passo. Sou assim com tudo na vida, as paixões me movem, me fazem trabalhar, sair, estudar, ler, escrever, existir...

Hoje queria falar da minha paixão por vocês (e isso não tem nada a ver com as revelações sobre minha nova opção sexual. hauahahahua). Sobre como foi bom me abrir, receber essas novas paixões – minhas amigas queridas da ilha.

Queria falar de todas essas personalidades que me habitaram por esse tempo... queria falar de como são frágeis, apesar de aparentarem ser fortes. Queria falar de como falam muito sem dizer nada. E como tudo me disseram em seus silêncios e olhares para o vazio...

Como foram sábias e burras. Como se jogaram contra moinhos de vento, brigando com o nada para se tornarem guerreiras. E sobre como re-estabeleceram a paz, numa simples palavra, num gesto.

Como percebiam todas as minhas nóias, minhas armadilhas, meus pudores, meus amores. Como me avisavam, como me cuidavam. E como eu tentava devolver esse carinho, meio sem jeito pra coisa... será que vocês sentiam?

Queria falar de nossas dúvidas. Do que fazer, pra onde seguir, por qual caminho... nem sempre respondidas, mas sempre conversadas, negociadas, sonhadas em conjunto.

Da companhia - companheirismo mesmo. Do abraço amigo, do colo. Dos cafés, dos passeios, dos almoços, das jantas, das baladas, dos bares. Que momentos felizes e tristes passamos segurando nossas mãos.

Queria falar que, apesar de não parecer na hora, todas temos nossos amores: presentes, ausentes, vividos, doloridos, felizes. E que nossas buscas não são desnecessárias – ainda perceberemos que o amor que buscamos está, em grande parte, em nós mesmas. E é tanto amor, que desejamos lançá-lo para o mundo, como setas envenenadas...

Queria falar das nossas diferenças: da amiga mais racional à mais emotiva; da mais decidida à mais confusa; da mais feliz à mais deprimida; da mais amiga à menos amiga. As diferenças se desfazem quando estamos juntas. Porque cada uma de nós tem todas estas características, mais marcantes ou não em determinado tempo.

Queria falar dos nossos tempos. Desses descompassos que a carteira de identidade nos impõe: os anos vividos. Até agora, não descobri o que, realmente, eles representam... sou criança quando acordo de noite assustada. Sou velha quando dou meu ombro pra alguma de vocês chorar. Sou adolescente quando amo. E adulta quando trabalho. E estou fora do tempo quando escrevo, agora pra vocês... temos todas as mesmas idades? Agora, não tenho nenhuma.

Queria, enfim, falar sobre despedidas – afinal eu estou indo pra longe, por um tempo.

Queria dizer que elas não existem. Porque cada uma de vocês agora mora em mim. E eu moro em cada uma de vocês. Naquele minuto de cumplicidade que só as amigas podem entender...